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A primeira igreja na Europa - Mario Persona

A primeira igreja na Europa - Mario Persona



Youtube: https://youtu.be/LQqDYEnjBsQ

A primeira Igreja na Europa 
Mário Persona

Sabemos que a Europa é considerada hoje o continente com maior tradição cristã. De lá saíram missionários para outros continentes. A Europa colonizou outros países, inclusive as Américas, que levaram a mensagem da cruz de Cristo para outras terras. De lá saíram missionários para a África, para a China, para a Índia e para tantos outros lugares. E a pergunta que às vezes, não nos fazemos, é como o evangelho foi parar na Europa. Porque, como é de nosso conhecimento, tudo começou na Palestina, em torno de Jerusalém - em Israel, que foi onde Cristo morreu na cruz. Foi de lá que saíram então os primeiros discípulos, Paulo, Silas e Lucas, levando a mensagem do evangelho. A primeira cidade europeia aonde o evangelho chegou foi Filipo, ou Filipos, uma cidade da Macedônia na época, hoje Grécia, que faz parte da Europa.

Não sabemos se havia mais alguém no grupo desses discípulos, porém sabemos que enquanto isso acontecia, um eunuco, cujo nome não conhecemos, deve ter levado a mensagem do evangelho para a Etiópia, na África, enquanto outros iam para outras regiões. Mas a porta de entrada do evangelho na Europa foi em Filipo, antiga Macedônia. Temos inclusive uma carta de Paulo aos filipenses, que é justamente a igreja em Filipos onde se formou a primeira assembleia de cristãos, que começaram a se reunir naquela cidade, e esta carta é talvez a única que não tenha nenhuma reprimenda, só trata de coisas boas, enquanto a carta as Gálatas e outros, sempre há alguma coisa a ser corrigida. Mas entre os filipenses temos a impressão de que tudo ia muito bem. Poderíamos pensar que naquela igreja em Filipos, os cristãos deveriam ser pessoas muito amigas, muito parecidas, que teriam um mesmo pensamento, uma mesma cultura. Porque geralmente, pessoas muito parecidas se dão bem, como acontece num clube, por exemplo, onde as pessoas unem-se porque tem o mesmo desejo, gostam das mesmas coisas. Existe o clube dos criadores de coelho, o clube dos colecionadores de automóveis antigos, o clube dos que gostam de futebol, e assim sucessivamente, cada um se juntando àqueles com quem são iguais.

Mas ao recorremos a história de como começou a assembleia em Filipos, descobrimos que as pessoas eram completamente diferentes, e é bom quando descobrirmos isso, porque mostra como Deus age em pessoas totalmente diferentes. O mesmo evangelho, com a mesma graça, com a mesma misericórdia, com a mesma salvação e as leva então, ao conhecimento de Cristo e as torna parte de uma mesma família, parte da família de Deus.

Em Atos capítulo 16, lemos algumas coisas curiosas. Paulo sai para uma viagem com Silas e aparentemente Lucas está junto, porque é ele quem narra os fatos. No capítulo 15 versículo 40, diz: “Paulo tendo escolhido Silas partiu encomendado pelos irmãos à graça de Deus. E passou pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas E chegou a Derbe e Listra. E eis que estava ali um certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai grego. Do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio e Paulo quis que este fosse com ele”. Timóteo desde a infância, havia escutado as sagradas letras, que eram o testamento de sua mãe e de sua avó, cujos nomes ficaram gravados na Bíblia. Ele, que era muito querido do apóstolo, receberia mais tarde, duas cartas de Paulo. No versículo 6 lemos: “E, passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia”. Por algum motivo, o Espirito Santo não permitiu que eles fossem até a Ásia, anunciar o evangelho. Talvez não fosse o momento, ou existissem alguns perigos, o inimigo poderia estar armando alguma cilada para eles na Ásia. Mas, e se existisse alguém da Ásia, que precisasse ouvir o evangelho e ser salvo? Deus não iria deixar essa pessoa sem ouvir Sua palavra. Podemos ter certeza de que Deus em todos os seus caminhos e em toda a sua maneira de agir, sempre é justo e misericordioso.

Capítulo 7: “E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito não lho permitiu”. É interessante como Deus guia as pessoas. Podemos notar aqui, que eles estão sendo muito bem guiados por Deus, que tem uma missão para eles. “E, tendo passado por Mísia, desceram a Trôade. E Paulo teve de noite uma visão, em que se apresentou um homem da Macedônia, e lhe rogou, dizendo: Passa à Macedônia, e ajuda-nos. E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho. E, navegando de Trôade, fomos correndo em caminho direito para a Samotrácia e, no dia seguinte, para Neápolis; E dali para Filipos, que é a primeira cidade desta parte da Macedônia, e é uma colônia; e estivemos alguns dias nesta cidade.” Depois daquela visão, podemos imaginar que Paulo, Silas, Timóteo e Lucas estivessem muito entusiasmados, pensando talvez que Deus realmente abrira uma porta grande na Macedônia, que iriam ser recepcionados por uma comissão que os esperava no porto, pedindo por favor, que pregassem o evangelho.

É muito comum quando buscamos levar a Palavra de Deus, esperarmos que exista uma recepção favorável. Mas, a resposta aqui é outra. No versículo 12 lemos: “estivemos alguns dias nessa cidade”, ou seja, nada acontecera. Eles podiam ter se perguntado desanimados se aquele era mesmo o lugar correto, uma vez que já estavam ali há alguns dias e nada havia acontecido. Essa era uma cidade importante porque era uma colônia romana. Nem todas as cidades tinham o status de colônia de Roma, quando uma cidade possuía esse status, seus habitantes eram considerados romanos, ainda que não estivessem morando em Roma. Quando Paulo escreve a carta aos Filipenses, talvez estes a tenham recebido sabendo muito bem o que Paulo estava falando quando disse: “A nossa cidadania é celestial”. Porque ele estava escrevendo para pessoas com cidadania romana, mas que eram gregos, macedônios.

O próprio Paulo possuía esta cidadania, mas fez questão de mostrar que aquilo não era a grande vantagem deles. Embora eles pertencessem em vários aspectos ao império romano, a cidadania deles era celestial. Quantas pessoas hoje gostariam de ter a cidadania italiana? Muita gente no Brasil, que é descendente de italianos, busca ter esta cidadania porque ela traz algumas vantagens na hora de viajar, de conseguir um emprego, etc. Mas existe uma cidadania mais importante, que é a celestial. Quantos têm o passaporte para o céu? Quantos têm a segurança de que chegarão na fronteira do céu e serão deixados entrar?

O receio de acontecer alguma coisa e o viajante ser proibido de continuar uma viagem internacional, é algo que aterroriza muita gente. Sempre há uma preocupação de que na hora que chegar na alfândega do novo país, haverá algum problema e o viajante possa ser mandado de volta, que é o que acontece com muitas pessoas. Qualquer turista corre o risco de, mesmo tendo o passaporte com visto, ser proibido de entrar ou permanecer num país. Se a pessoa da alfândega perceber qualquer coisa que lhe soe estranho, não gostar da pessoa, se fizer umas perguntinhas, e o turista hesitar um pouco na resposta, ou responder algo errado, o oficial pode mandar vir alguém acompanhá-lo até uma salinha e dali, ao seu país de origem. Ninguém quer isso. Mas quantos têm a certeza de que se chegarem na alfândega do céu, serão deixados entrar? Essa entrada só é permitida àqueles que tem a salvação assegurada pela fé em Jesus, àqueles que tem o seu “passaporte carimbado”. Lembro-me de um irmão que tem nacionalidade suíça, que um dia falando na escola dominical para crianças, mostrou seu passaporte e fez uma analogia dele, que é de capa vermelha, com o sangue de Cristo. Sangue que é, na verdade, o único carimbo que dá acesso ao céu e só o possuem aqueles que passaram pela salvação, garantida pelo sangue de Cristo na cruz do calvário. Voltemos, portanto, a Filipos, na Macedônia.

No capítulo 13, num dia de sábado, porém, algo acontece. Sábado era o dia em que os judeus costumavam orar e aparentemente não existia em Filipos uma sinagoga, que era a casa de oração dos judeus. Se existisse obviamente eles iriam ali fazer as suas orações. Encontramos Paulo indo às sinagogas, porque ele levava o evangelho também ali, onde havia judeus para explicar que Jesus era o Cristo, o Messias que eles tanto aguardavam. Mas como eles não tinham uma sinagoga, iam para a beira do rio, saiam fora da cidade, como diz no versículo 13”onde julgávamos ter lugar para oração”. Percebemos que ali, no rio, não havia nenhum homem, porque eles vão falar às mulheres que ali se ajuntaram. Os homens deveriam estar ocupados com outras coisas nesse dia. “E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia”.

A primeira pessoa em Filipos que é salva por Cristo, que ouve o evangelho e crê no Salvador é uma mulher que não é de Filipos, originalmente, vem de Tiatira, que fica na Ásia, onde Deus não permitiu que Paulo e os outros seguissem viagem anteriormente. Esta mulher está ali em Filipos, talvez morando a negócios, porque vemos que ela tem uma casa na cidade e deve ter servos também, já que é uma mulher empreendedora, que vende púrpura, matéria-prima que era usada, acredito eu, em tingimentos de tecidos. Ela ouve o evangelho e o Senhor abre o coração dessa mulher para ouvir o que Paulo diz, que foi o que é dito todo o tempo nesses dois mil anos: Creia no Senhor Jesus. Jesus Cristo morreu na cruz para levar os nossos pecados e ressuscitou ao terceiro dia. Seu sangue foi derramado para nos purificar de nossos pecados. Isso é o evangelho, nada mais que isso. A boa notícia da salvação de Deus.

O Senhor, portanto, abre o coração dela, e o Senhor abrindo não há o que feche. Ela crê e depois vemos no versículo 15,”ela e sua casa” são batizados. Este “sua casa” não é somente a sua família, inclui provavelmente também os servos, porque uma casa naquele tempo era toda uma estrutura familiar que incluía também as pessoas que moravam na casa como servos. Lídia era provavelmente uma mulher muito rica, pois morando em outra cidade, tinha condições de viajar, logo ela e todos que moravam em sua casa, foram batizados. Ela diz: “Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso”. Aqui então começou a igreja na Europa, em Filipos. A primeira assembleia aconteceu na casa de uma mulher asiática, morando na Europa.

Versículo 16”E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores”. Aqui vemos uma mulher que hoje poderia ser chamada de cigana, jogadora de búzios, espírita, médium, uma astróloga enfim, alguém que prevê as coisas que irão acontecer. Hoje existem muitas variantes dessa jovem. A linguagem original desse texto bíblico em Atos, é o grego, e a palavra usada para definir quem é essa jovem, é pitonisa, que era uma mulher incorporada pelo espírito de Píton, uma serpente, que os gregos acreditavam ser o espírito de Apolo, que era um dos deuses gregos. Eles diziam que quando esse espírito entrava numa pessoa, ela se tornava uma pitonisa e poderia então prever o futuro, falar incorporada pelo espírito de Apolo. Obviamente, aqui está muito claro que esse espírito que incorpora nessa jovem é um demônio. E Paulo percebe isso.

Versículo 17: “Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo”. A um ouvido desatento, isso poderia parecer uma promoção, afinal ela os seguia ajudando-os a pregar o evangelho, agindo como um carro de som na rua, avisando as pessoas para escutarem o que os discípulos diziam. Mas era um engano. Quando Satanás, não pode bater de frente, quando não pode agir com violência - ele vai agir com violência depois - o que faz? Tenta parecer que está do seu lado, parecer que está ao lado daqueles que pregam o evangelho. Isso está cheio no mundo cristão. Hoje o que não falta no mundo cristianizado, são agentes de satanás se valendo de mensagens cristãs, se valendo de igrejas, se valendo de uma série de caminhos para parecer que estão ajudando a promover a Palavra de Deus, mas na verdade estão ajudando a corromper o evangelho, porque se você não pode contra o inimigo, o que diz o velho ditado? “Junte-se a ele” e comece a comer por dentro, a corroer as bases, assim você tira toda a força. É isso o que o inimigo tenta fazer no texto que estamos lendo.

Versículo 18: “E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu”. Ele expulsa o espírito imundo, aquele demônio que estava nessa jovem, na verdade, nessa menina, que era uma escrava. No versículo 19 lemos: “E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas, e os levaram à praça, à presença dos magistrados”.

Vamos transportar isso aos dias de hoje, só para entendermos dentro da nossa cultura, o que acontece aqui. Imagine uma prostituta que vive na rua e que tem um cafetão, um homem que a explora. Isso é muito comum nas grandes cidades. Um homem que explora várias prostitutas, e que ganha comissão em cima do que elas recebem de seus clientes. Então, uma pessoa vai até essa mulher, prega o evangelho e ela se converte a Cristo, abandonando a prostituição. Você acha que o dono dela vai ficar contente? Não, ele vai odiar isso! E é isso o que acontece aqui, os donos dela detestam o que acontece, porque agora eles perderam uma fonte de lucro. Essa jovem está completamente liberta por Cristo e agora sim, satanás que não conseguiu se opor inicialmente, se aliando aos mensageiros do evangelho, vai bater de frente com eles. Vai virar um leão para atacar. Num momento ele se faz parecer como um anjo de justiça e como não consegue, vira um leão em redor, tentando destruir. Essa é sua estratégia. “E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens sendo judeus, perturbaram a nossa cidade”. Note que eles não disseram: estes cristãos. Porque ninguém sabia o que era cristianismo, afinal, o cristianismo estava acabando de entrar na Europa. Ninguém ali fazia ideia de quem era Jesus Cristo. Os outros povos sabiam sim, quem eram os judeus, e assim, logo os reconheceram. Porque aqueles discípulos eram judeus! Só que judeus convertidos a Cristo.

Os judeus, já naquele tempo, eram odiados como sempre foram pelas nações, por serem o povo que recebeu os oráculos de Deus, o povo que tinha o Deus verdadeiro, que tinha a Palavra de Deus, que tinha o testemunho de Deus, então obviamente que as nações pagãs, não gostavam muito desse povo, como não gostam até hoje, embora atualmente eles andem em desobediência total contra Deus. Versículo 20: “E sendo judeus, perturbaram a nossa cidade, e nos expõem costumes que não nos é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos”. Eles são romanos sim, mas romanos invadidos têm cidadania romana, mas por pressão, que foi imposta sobre eles, portanto eles não deveriam em momento algum estar orgulhosos da sua situação. Mas fato é que, sempre que é para ir contra às coisas de Deus, os homens se orgulham dos maiores absurdos. Eles eram um povo invadido que estava sob o julgo do estrangeiro, mas aqui, esses homens se justificam, dizendo que os discípulos estavam tentando atrapalhar sua vida, enfatizando que eram romanos e não conheciam os preceitos dos judeus. No versículo 22 vemos ainda: “E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas e havendo lhes dado muitos açoites os lançaram na prisão mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança, o qual tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior e lhes segurou nos pés um tronco”.

Certo dia, vi um desenho na internet de como era esse tronco. Às vezes vemos ilustrações onde há uma tábua com dois furos, onde os tornozelos ficavam presos. Mas pelo artigo que assisti, não era bem assim. Era realmente um tronco com cavidades onde se punha os pés das pessoas, um outro tronco em cima com outra cavidade e que ficava preso por um cadeado. Mas ao invés de colocar cada um com os dois pés com os buracos bem a sua frente, eles colocavam um dos prisioneiros com um pé numa cavidade, e o outro pé na cavidade que havia no tronco do outro prisioneiro, e assim consequentemente. Para que eles ficassem com as pernas totalmente abertas e muito desconfortáveis. Então o pé no tronco não era uma prisão, era uma tortura. Eles ficavam, ao mesmo tempo em que aprisionados, também em uma posição extremamente incômoda a fim de dar cãibra, para fazer sofrer, para que os prisioneiros não tivessem força para tentar coisa alguma para sair dali, com as pernas abertas e amontoados naquele calabouço escuro.

Agora podemos pensar em Paulo e Silas presos. Ele teve aquela visão com o varão macedônio, que falou para eles que precisava de ajuda, os discípulos então, obedeceram a voz de Deus, chegaram na Macedônia e ali ficaram dias esperando. Apareceu uma mulher que nem macedônia era, mas sim da Ásia e em seguida outra mulher, agora uma jovem possessa de um demônio, e que eles acabam libertando-a, mas a missão não está cumprida, onde está o macedônio? E porque poderia ter dado tudo errado, e eles estarem agora presos num calabouço? O que podiam fazer? Ora, eles podiam fazer aquilo que todo cristão, numa situação adversa, pode fazer: falar com seu pai! Um incrédulo, uma pessoa que não teve seus pecados pagos, não pode chamar Deus de pai ainda, porque somente a todos tantos que receberam a Cristo, creram nele e no seu nome, receberam o poder de serem feitos filhos de Deus. Aqueles que não receberam a Cristo, são criação de Deus apenas, não são filhos, não chamam Deus de pai, não tem o privilégio de chamar. Logo, quando o cristão se vê numa situação de angústia, de sofrimento, de necessidade, de prisão, fala com seu pai.

E é o que eles estão fazendo aqui, no versículo 25, Paulo e Silas estavam orando. Tinham todos os motivos do mundo para orar. - Senhor, nos livra desse calabouço, dessa prisão, dessa masmorra! E depois de oraram, cantaram hinos. Essa é a fé cristã! Pedir a Deus por um lado e ao mesmo tempo, agradecer a Deus por outro. Louvar a Deus na certeza de que Ele vai resolver a questão da melhor maneira, e que pode nem ser a maneira pela qual esperamos. E eu tenho certeza que o modo como Deus resolveu a questão deles não era aquela que eles esperavam. Na melhor das hipóteses, eles contavam com que o carcereiro fosse tirá-los dali o mais breve possível, pedindo desculpas pelo engano. Mas Deus age de outra forma. Enquanto eles cantam e oram, os outros presos ouvem aquilo que é um testemunho fantástico, porque numa prisão só se ouve palavrão, ninguém escuta oração, cânticos e louvores. Os outros presos podiam pensar que ali estavam pessoas completamente loucas, que tem seus pés presos no tronco e mesmo assim, estão orando e louvando a Deus pela situação em que estão.

Mas o fato é que eles não estão ali! Aqueles cristãos estão na presença de Deus e quando qualquer cristão está nesta santa presença, ele tem todas as razões para louvar a Deus, porque foi liberto de uma prisão muito maior. Aqueles homens estavam aprisionados por homens, por um tempo apenas, mas todo aquele que ainda não creu em Jesus como seu salvador é aprisionado de satanás, é alguém que está preso pelos poderes das trevas, é alguém que está debaixo de uma maldição e de um juízo e que vai sair desse mundo para entrar numa eternidade sem Cristo, preso para sempre no lago de fogo, um lugar de trevas, de ranger de dentes, de dor.

Mas esses homens estão numa prisão pequena, física apenas, então eles tem como louvar a Deus. No versículo 26: “E de repente sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos”. Você já viu um terremoto abrir cadeados? Obviamente esse terremoto não é algo natural. Normalmente quando acontece um terremoto as portas não se abrem, pelo contrário, elas se fecham. É como a batida de um carro, a porta fica presa e é necessário cortá-la com metal. Quando acontece um terremoto num prédio, numa casa, portas de ferro como essas da prisão, que seriam grades, se torcem e ficam mais presas ainda embaixo das suas molduras, dos seus batentes. Mas este aqui é um terremoto ocasionado por Deus, que faz tremer a terra e abre as portas das prisões, soltando os grilhões dos pés de todos os presos: “E acordando o carcereiro e vendo abertas as portas da prisão tirou a espada e quis matar-se cuidando que os presos já tinham fugido mas Paulo clamou em grande voz, dizendo, não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos”.

Como Paulo viu o carcereiro? Como ele sabia o que o carcereiro estava pra fazer? Naquela prisão não havia luz elétrica e se houvesse, o terremoto poderia ter apagado a lâmpada, não havia lamparinas nem lampiões. Eles estavam em trevas, em completa escuridão, pois lemos no versículo 29:”E pedindo luz saltou dentro e todo trêmulo se prostrou ante Paulo e Silas”. Paulo soube que o carcereiro iria se matar, porque o mesmo Deus que abriu as prisões e os grilhões, assim o revelou. Deu esse discernimento a Paulo sobre o que o carcereiro estava prestes a fazer a si mesmo. E agora, esse mesmo homem que mandou açoitá-los está prostrado diante deles.

Sempre imagino um carcereiro como um homenzarrão. Provavelmente ele deveria ser um soldado romano aposentado, um funcionário público na verdade. Quando os homens não eram mais capazes de trabalhar no campo de batalha, eram certamente, colocados em serviços internos no império romano, como acontece até hoje. Então eu o imagino um homem pesado, forte, cuidando de presos, porque tinha uma experiência militar, tinha uma espada, era uma autoridade. Ele então tira-os para fora e diz: “Senhores que é necessário que eu faça pra me salvar?” Veja, aí está o varão macedônio que pediu ajuda a Paulo! “Crê no Senhor Jesus Cristo e será salvo tu e a tua casa. E lhe pregavam a palavra do senhor e a todos que estavam em sua casa”. Provavelmente havia também ali, naquela casa, familiares e servos, “e tomando-os eles consigo naquela mesma noite, lavou-lhe os vergões e logo foi batizado ele e todos os seus e levando-os a sua casa, lhe pôs a mesa na sua crença em Deus e alegrou-se com toda a sua casa. E sendo já dia, os magistrados mandaram quadrilheiros, dizendo soltai aqueles homens e o carcereiro anunciou a Paulo essas palavras, dizendo: os magistrados mandaram que vos soltasse, agora, pois saí e ide em paz”.

Vemos neste capítulo, três pessoas completamente distintas, que foram as primeiras da Europa a escutar o evangelho e a se converterem. Não sabemos mais sobre a jovem que foi liberta daquele espírito imundo, mas certamente ela deve ter sido amparada por esses outros que ouviram a palavra. E são esses os que formaram o primeiro embrião, da primeira assembleia na Europa. São eles o primeiro grupo de cristãos reunidos ao nome do Senhor naquele continente. Essas pessoas eram parecidas? Elas se encontrariam algum dia na vida e ficariam amigas? De jeito nenhum. Uma empresária rica, uma escrava pobre e um brutamonte, funcionário público que cuidava de presos. Eram pessoas que não tinham nada em comum. Mas Deus transforma vidas! Deus não apenas salva pessoas completamente diferentes, mas coloca no coração dessas pessoas, um único propósito, adorar, louvar, bendizer a Deus. Isso é o evangelho! Não é uma mensagem de mudança social, não é uma mensagem de oferta de melhoria de vida.

Lídia era uma mulher bem sucedida, provavelmente rica, uma mulher de negócios, mas lhe faltava Cristo. Hoje existem tantas pessoas ricas, bem sucedidas, que não tem ainda a certeza de sua salvação eterna e não sabem para onde vão, se morrerem agora, ou se Cristo voltar agora. Pessoas que tem tudo, mas que não sabem se possuem um passaporte válido para entrar no céu, não sabem se serão expulsos da alfândega do céu. Quantas pessoas existem na mesma condição! O dinheiro, a riqueza, o status, o sucesso nos negócios, não lhes deu a salvação eterna. E quantas pessoas existem como aquela escrava? Num certo sentido, Lídia também poderia ser uma escrava do seu trabalho. Quantas pessoas há que buscam a riqueza e que são apenas escravas de seu trabalho, do seu status, e que lutam tanto para não perderem aquilo, porque se perdem, não sobrará nada.

Ali temos uma mulher, que poderia estar sendo simplesmente escravizada por seu status e seu trabalho, temos também a jovem escrava, totalmente pobre e explorada na pior condição em que o ser humano poderia existir. Ela tem satanás como seu dono, de um lado, e homens ímpios como seus donos do outro lado. Não tendo como sair dessa vida, e Deus livra essa jovem que não teria cinco minutos de conversa com Lídia em outra situação e se um dia, se encontrasse com o carcereiro, provavelmente seria para receber chicotadas dele. E temos o carcereiro, um homem bruto, que hoje o consideraríamos alguém da classe média, que era acostumado a lidar com pessoas rudes, que tinha que trabalhar de forma severa com seus prisioneiros, e que se humilhou perante aqueles dois homens, implorando por salvação.

Se essas três tão diferentes pessoas, se encontrassem neste cenário, agora teriam muito o que conversar, teriam um mesmo amor, um mesmo destino, um mesmo Senhor. Se uma antes foi comandada pelo sucesso dos negócios, se a outra pelo diabo e seus donos que a oprimiam e o outro comandado pelo exército romano, com medo do que lhe aconteceria - ele quis até se matar, porque a pena seria severa para ele - agora tem um único Senhor, que é Cristo! Tem um Deus amoroso, cuidando deles, e é isso o que evangelho oferece para as pessoas serem libertas das suas vidas vazias, das sua vidas sem destino certo neste mundo, das suas vidas escravas. Escravos do dinheiro ou escravos da moda, escravos do trabalho, ou de outras pessoas. Deus as tira dessas situações para serem colocadas numa esfera liberta, livres por Cristo, com destino certo no céu. Na presença de Deus.

Jamais obra alguma, filosofia humana alguma conseguiria pegar pessoas tão diferentes e transformá-las, para fazer delas pessoas que poderiam estar reunidas na primeira igreja, na primeira assembléia, reunidas ao nome do Senhor na Europa. Dali o evangelho também iria ser levado para muitas outras partes. Que poder de Deus é o evangelho, a Palavra de Deus!

Se você ainda não tem a certeza de sua salvação, se ainda está correndo atrás de outras coisas para preencher a sua ansiedade, que não seja a própria pessoa do Senhor Jesus Cristo, creia nele, reconheça que ele morreu por você na cruz, para pagar pelos seus pecados, para que você pudesse entrar na presença de Deus sem uma condenação, para você ter certeza da salvação eterna. Já consumada. Eu vou me encontrar um dia com Lídia, com essa jovem liberta, e vou conhecer esse carcereiro. E ninguém precisará me apresentar a eles. Quando eu chegar na presença de Deus, porque os meus pecados foram pagos na cruz, vou olhar e falar: olha a Lídia! E você, era o carcereiro, falei de você outro dia! Sim, será assim. Na presença de Deus, um lugar de salvação, de paz, um lugar de benção. E é para um lugar assim que Deus convida cada um.