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Face a Face - Mario Persona

Face a Face - Mario Persona (mp3)
http://files.3minutos.net/evangelho/Face-a-Face-MPersona.mp3



Youtube: https://youtu.be/ULszqCp4grk


Face a face
Mario Persona

Eu quis que nós cantássemos este hino, “Face a face”, porque ele tem tudo a ver com o tema que trarei hoje. Iniciarei o assunto com um texto tirado de um livro escrito por um homem muito famoso e já falecido. Ele morreu aos 62 anos, de pneumonia, depois de três transplantes de medula que não foram bem sucedidos. Era um cientista famoso; seu nome era Carl Sagan. Foi um astrônomo de renome, autor de várias publicações e documentários sobre o universo. Ele era um homem cético – não se dizia ateu, mas não acreditava num Deus pessoal, e achava que não se podia provar, nem deixar de provar, a existência de Deus; se enquadrando, portanto, como um cético, ou seja, alguém que simplesmente não sabe e não se interessa muito em saber sobre Deus – todavia ele acreditava na ciência e nas descobertas.

No livro “O mundo assombrado pelos demônios”, Carl Sagan escreveu o seguinte: “Os seres humanos, como outros primatas, são um bando gregário, ou seja, gostam de estar juntos. Gostamos da companhia uns dos outros. Somos mamíferos e o cuidado dos pais com os filhos é essencial para continuação das linhas hereditárias. Os pais sorriem para a criança e a criança retribui o sorriso, e com isso, se fortalece um laço. Assim que o bebê consegue enxergar, ele reconhece faces, e sabemos agora que essa habilidade está instalada permanentemente em nosso cérebro. Os bebês, que há um milhão de anos eram incapazes de reconhecer um rosto, retribuíam menos sorrisos e eram menos inclinados a conquistar o coração dos pais. Eles tinham menos chance de sobreviver. Nos dias de hoje quase todos os bebês identificam rapidamente uma face humana e respondem com um sorriso bobo, como um efeito colateral inadvertido. O mecanismo de reconhecimento de padrões de nosso cérebro é tão eficiente em descobrir uma face, em meio a muitos outros pormenores, que às vezes, vemos faces onde elas não existem. Reunimos pedaços desconectados de luz e sombra e, inconscientemente, tentamos ver uma face.”

Na realidade, ele acreditava na evolução do homem e não na criação, tanto que ele escreve “um bebê de um milhão de anos atrás” não seria capaz de reconhecer faces, estando menos propenso a sobreviver. Isso inclusive, é um tiro no pé, por que, se ele estava menos habilitado a sobreviver, ele não teria sobrevivido. E se ele sobrevivesse, ele não precisaria do reconhecimento de faces, então ele não precisaria evoluir essa característica.

De qualquer forma, nosso assunto aqui não é a falácia da evolução – porque o homem não tem um milhão de anos! – mas, o reconhecimento da face: essa capacidade inerente do ser humano de reconhecer rostos e figuras humanas.

Lembro-me quando eu fazia projetos de arquitetura e desenhava uma perspectiva. A fim de se obter noção de tamanho e de escala, utiliza-se pessoas. Hoje tudo é feito no computador, mas, na minha época, era feito no lápis, no guache e na ecoline. Eu desenhava figuras humanas que consistiam simplesmente numa oval, duas perninhas, e uma bolinha em cima; na verdade, mais parecia uma mancha, ou uma ameba com uma bolinha em cima. Porém, qualquer um que olhasse para aquele projeto diria que aquilo era uma pessoa ao lado do prédio, porque a nossa visão identifica silhuetas humanas, mesmo aonde elas não existem, ainda que seja um rabisco, ou uma mancha.

Essa qualidade de identificação chama-se pareidolia e a enciclopédia Wikipedia a define como, a capacidade do cérebro de reconhecer figuras humanas. Por isso que existem tantos lugares de peregrinação quando aparece uma mancha de bolor numa parede, e logo alguém diz: “é nossa senhora que apareceu aqui”. Então forma-se aquela fila, acendem-se velas, fazem-se oração, etc, mas aquilo é uma mancha de bolor!

Nosso cérebro enxerga uma figura humana, ou o rosto de Cristo. É a mesma coisa que olhar para as nuvens e ver um homem com barba, por exemplo. Essa era inclusive uma brincadeira de quando éramos crianças e ficávamos olhando para as nuvens – hoje não temos muito tempo para fazer isso. De todo modo, este olhar para figuras, borrões ou manchas no vidro – o que é muito comum em vidro com defeito – e de repente, vê-se uma peregrinação acontecer, e logo constroem uma basílica no local, alguém vem e profetiza; tudo porque ali “apareceu” Jesus no vidro. Mas isso é uma capacidade do cérebro!

Deus nos criou assim. Nós precisamos ver outro ser humano.

O bebê ao nascer, não enxerga. É sabido que a visão se desenvolve nos primeiros anos de vida. Logo, quando você olha para um bebê que acabou de nascer, e diz “ele está olhando para mim”, na verdade, ele não está olhando para você, mas vendo um borrão, apenas uma silhueta. Algo como se você olhasse através de um vidro, por exemplo, canelado. E ele sabe disso, e vai logo procurar aquela pessoa para mamar, porque o seu cérebro foi criado de uma maneira tal que ele possa interpretar a figura humana.

Imagine agora, a frustração do ser humano quando ele foi apresentado a Deus. Nós não sabemos exatamente, como foi no Jardim do Éden. Sabemos que Deus se comunicou com Adão e Eva, mas certamente os dois não viram nenhuma figura. Porque quando Deus se revela, lá na frente, a Moisés, Ele diz que não havia figura nenhuma, e por isso Moisés nem deveria fazer representação alguma de Deus. Podemos imaginar, portanto, que o homem, naturalmente, sentiu-se frustrado.
É de se entender que um cientista como Carl Sagan e a ciência, sempre se baseiam nas coisas que podem ser vistas, medidas, pesadas, sentidas. E de repente, Deus! Como fazer se não há uma face, não há uma figura para eu olhar? Nada que eu possa dizer “veja, está ali. É Deus!”
Como fazer para tirar essa frustração humana?

Vamos ler alguns versículos. Em João 1:18 diz: “Deus nunca foi visto por alguém”.Uma outra passagem diz que “Deus habita na luz inacessível”, que é um ponto do espectro – e nós sabemos que tudo no universo é energia – e Deus habita num ponto que ninguém tem acesso. A Bíblia fala que “Jesus subiu acima de todos os céus”. Quando nós pensamos no céu, devemos lembrar que existe, ainda um, “acima de todos os céus”, portanto, completamente fora da capacidade humana de atingir.

O homem seria um eterno frustrado, porque na sua frustração ele não conseguiria jamais, enxergar a Deus, e assim conhecê-Lo, como nós conhecemos um ser humano ao nosso lado. Porque Deus não pode ser visto, como Ele mesmo disse a Moisés em Êxodo 33:20: “Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá”.

Ora, se antes existia a frustração de não poder ver a face de Deus, tendo sido o ser humano criado com essa capacidade incrível de detectar faces até mesmo onde elas não existem, imagine essa frustração transformando-se em terror! Porque qualquer que visse a face de Deus, seria destruído. Mais adiante, como vimos anteriormente, Deus diria também a Moisés para se acautelar, e não tentar reproduzir a Sua face.

Nós sabemos que a idolatria e o paganismo caracterizam-se pela tentativa de transformar Deus em figuras. Ao abrir túmulos no Egito, você encontra uma infinidade de “deuses”; existe besouro que é deus, escaravelho que é deus, há cachorro, falcão, homens com cabeças de animais que são deuses, uma grande confusão de ídolos, cada um achando que Deus é daquele jeito. Nas religiões orientais é a mesma coisa. No hinduísmo, por exemplo, tem deuses com muitos braços e com aparências terríveis para assustar.

Existe uma história interessante de um missionário que foi morar, se não me engano, na Índia. Quando ele chegou e viu toda aquela idolatria - as pessoas acreditando naqueles ídolos de pedra, barro e pau - alugou uma casa e comprou duas estátuas bem grandes de cachorros, de pedra, e as colocou uma de cada lado da porta da sua casa. As pessoas da aldeia que vinham visitá-lo, perguntavam a razão de ele ter colocado aqueles cachorros ali, e ele respondia: “eu os pus aí para não entrar ladrão na minha casa. Eles a estão guardando”. As pessoas diziam que ele era um idiota, porque cachorros de pedra não poderiam guardar uma casa, que ele precisava de um cachorro de verdade. Ele então perguntava: “e essas estátuas, e esses ídolos de vocês? Podem elas por acaso guardar ou proteger vocês de alguma coisa?”

A idolatria é uma tentativa de transformar Deus numa figura visível, para satisfazer essa frustração humana de não poder enxergar seu Criador, seu cuidador ou Salvador. Em Deuteronômio 4:15, Deus diz a Moisés: “Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois nenhuma figura vistes no dia em que o Senhor, em Horebe, falou convosco do meio do fogo; Para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem esculpida na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou mulher”. E o texto continua falando também sobre a semelhança de cachorros, de bodes, de animais, aves, répteis e etc.
Mas, de qualquer maneira, Deus proibiu o homem de fazer uma representação dEle, não queria que o homem confiasse numa figura visível, e isso aumentou a frustração e o terror no ser humano. Então, como Deus poderia resolver essa equação? Uma vez que Ele proibia o homem de enxergar qualquer imagem Sua, como Ele poderia, por outro lado, atender a essa necessidade, que é básica, pode-se dizer assim, já que o homem é um ser gregário e precisa de outros? Conhecemos histórias de náufragos, de pessoas que ficaram perdidas em ilhas no Pacífico durante a segunda guerra mundial, e ficaram muito tempo sem contato algum com figuras humanas. Essas pessoas, quando resgatadas, estavam loucas. Por que ficaram tanto tempo sozinhas, sem conversar com alguém, assim como o personagem de Tom Hanks, no filme, “O Náufrago”, em que ele conversa com uma bola, que chama de Wilson, e que era sua única companhia naquela ilha.

Mas Deus fez algo para resolver essa situação frustrante ao homem: O Filho de Deus fez-se carne! E Deus tournou-se visível ao ser humano. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo e, ao mesmo tempo em que Ele será sempre invisível ao ser humano, Ele também é visível ao ser humano. Como? Na face de Cristo!

Nós cantamos aqui “Face a face”. Na face de Cristo, vemos Deus, porque Ele é o filho eterno de Deus, e na eternidade sempre existiu Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

O Filho nunca havia sido um ser humano. O Pai nunca foi humano e nem tampouco o Espírito Santo o foi, e jamais será. Mas Deus quis que o Filho fosse humano! Deus quis, que o Filho se tornasse semelhante às Suas próprias criaturas. Nenhuma religião pagã pode imaginar uma coisa dessas. Existem certamente, por exemplo, os deuses gregos. Aqueles deuses do Olimpo que são na verdade semi-deuses; são mesclas de humanos e divindades. Thor com seu martelo poderoso, Odin, Netuno e seu tridente. Sempre misturas, fábulas, todas são figuras de ficção. Eles são temperamentais, são por vezes, mais bravos do que bons. Mas Deus quis se fazer homem!

Em João 1:1 vemos a revelação, falando do Verbo, que é a pessoa de Jesus Cristo, porque o verbo é a palavra em ação. Quem trabalha com comunicação sabe que pode-se – deve-se, inclusive – usar numa mensagem publicitária, um verbo, porque este verbo vai levar à ação. Por exemplo: “Conheça o nosso produto”. Não se escreve apenas “nosso produto”, mas sim “conheça o nosso produto”; criando assim uma ação, para que o consumidor possa agir, ver, comprar, etc. Utilizando um gerúndio, essa ação se torna contínua: “viajando no nosso carro, você terá mais prazer”, ou algo assim. Existem técnicas de redação e comunicação que usam verbos para tornar a mensagem ativa.

“E o Verbo se fez carne” (João 1:14)

Em João, capítulo 1, no versículo primeiro, lemos: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Esse “princípio” não é o princípio de todas as coisas, mas, no sentido de infinito, quando era o Verbo. Existia o Verbo e o Verbo estava com Deus e era Deus. Esse é um dos mistérios divinos: a Trindade; e a mente humana não pode entender isso, pois se trata da natureza de Deus. No mesmo capítulo 1, no versículo 14, é dito que “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.

O que significa “e o Verbo se fez carne”? Primeiramente que o Verbo já existia. Não diz que o Verbo nasceu, mas sim, que se fez carne. Ele existia e tornou-se carne, porque nunca o tinha sido antes; Jesus adotou a figura humana.

Numa outra passagem, o apóstolo João escreve para alertar contra os anticristos que surgiriam - pois estes iriam negar não a Jesus, ou o seu nascimento; não seria uma negação tão evidente – e os anticristos que hoje existem – não “o Anticristo”, que ainda surgirá – negam a divindade de Jesus. Mas, esses anticristos negariam que Ele veio em carne. Até admitiriam que Ele nasceu, mas isso significa colocá-Lo na mesma condição de um ser humano comum, gerado no ventre de sua mãe, e que nasce nove meses depois disso.

João advertiu da seguinte maneira: “Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora está no mundo”. E também “Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo”.
Estas passagens foram tiradas de 1 João 4:2-3 e 2 João 1:7. Podemos ver que existe uma grande diferença entre nascer e vir em carne.

Uma outra frustração do ser humano, além da incapacidade de poder enxergar a Deus – o que Deus supriu na pessoa de Seu Filho, já que Ele apresentou um homem diante dos seres humanos, Deus e homem – como se vê nas religiões pagãs ou até no judaísmo, é uma ideia de um Deus ausente, ou indiferente, incapaz de compreender o que é ser humano, o que é sentir sede, fome, cansaço, o que é acordar, dormir, trabalhar. Certamente, nenhuma solução poderia ser dada neste sentido por um Deus que ficasse distante, flutuando, invisível e longe do contato com o ser humano. Mas nós temos em Hebreus 4:15 a resposta a essa indagação do coração do homem, quando diz que “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas (falando de Cristo); porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”.

Uma tradução alternativa aqui seria à parte do pecado. E porque isso?

Jesus, embora tendo vindo em carne, nascido de uma mulher através de uma concepção completamente diferente - haja vista que Maria não se relacionou com homem algum, mas o Espírito Santo gerou em seu ventre aquele que ao nascer, seria chamado Jesus (sempre lembrando que Ele já existia antes, Ele apenas adotou a forma humana) - não era um pecador, como alguns podem pensar ao lerem que Ele foi em tudo tentado.

Não era! Essa é a diferença! Porque sendo Deus, Ele não poderia pecar e nunca pecou. Era impossível!

“- Mas Satanás O tentou no deserto por quarenta dias e quarenta noites.” - Você pode retrucar. Sim, testou! O testou, o provou no deserto.

Se eu pegar uma joia de prata ou de ouro e disser “será que isso é mesmo ouro - ou prata?” O que tenho que fazer? Derreter e pingar um ácido, para que seja revelado se existem impurezas e, caso existam, elas logo se aglutinam, separando-se do metal precioso.

Logo, Cristo foi ao deserto desta maneira; o perfeito ouro passou pelo fogo da prova da tentação de Satanás, e isso apenas para mostrar que Ele era perfeito ouro, e que não havia Nele qualquer impureza, nem mesmo havia essa possibilidade, porque se houvesse, seria o mesmo que dizer que Cristo era um pecador, ou que Ele poderia pecar. Então a pergunta seria: e se Ele tivesse pecado? Quem iria salvá-lo? Quem morreria pelo pecado dele? A resposta é impossível, pois é algo para o qual não existe resposta.

Então, para mostrar isso, em Hebreus lemos que Ele foi em tudo tentado, mas sem pecado. E em Tiago 1:14-15, falando agora de seres humanos, diz: “cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”.

Eu não sei se vocês já fizeram isso quando crianças. Você pega alguns alfinetes e espalha sobre a mesa, e aproxima deles um ímã, e você vai chegando cada vez mais perto, e quando o magnetismo se aproxima o suficiente dos alfinetes, todos eles “correm” para o ímã imediatamente. Eles são atraídos pelo magnetismo do ímã. Isso é o que está sendo dito aqui. O ser humano tem a capacidade de ser atraído pelo pecado, pela tentação. Dentro de si, existe a concupiscência, que é o desejo ardente por algo, e quando concebida essa concupiscência, dá à luz o pecado, e este quando consumado, gera a morte. O pecado gera a morte! E o pecado no Jardim do Éden foi o que, digamos assim, “talhou o leite” da criação. Porque quando Adão e Eva pecaram, toda aquela perfeição da criação de Deus foi por água abaixo.

“Por um homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte”.

Hoje nós sofremos as consequências do pecado, envelhecemos. Alguém estava falando de como acordou hoje de manhã e não conseguia levantar da cama, a perna estava mole, ele estava cansado... É isso! Isso é consequência do pecado. Ele vai nos corroendo. Eu preciso ir constantemente ao dentista, porque o pecado corroeu meus dentes! Aqui, muitos já passaram por cirurgias, outros perderam pessoas queridas, isso por causa do pecado. Andamos capengando por esta vida, por causa do pecado. Passamos aflições, por causa do pecado. O pecado destruiu o ser humano.

Mas Deus não quis somente prover ao ser humano, alguém que fosse visível - a pessoa de Cristo, Seu Filho, homem e Deus sem pecado - mas fez isso também para salvar o ser humano. Porque nós não precisávamos apenas enxergar a Deus, como o doente que vai ao médico para ouvir “tome vitamina C”, mas Deus enxerga a podridão que existe no ser humano, e vê também como o pecado corrói por dentro, e leva o homem à morte. Era preciso um Salvador! Talvez nós nem achássemos que fosse necessário um salvador, já que nem nos considerávamos perdidos...

Quem já esteve num velório, percebeu que todos chegam, choram e se entristecem, mas depois todos conversam, até dão risada e contam piada, como se nada tivesse acontecido. Aquela pessoa está ali, morta. Isso só acontece com o outro, nunca conosco.

Uma vez um amigo falou algo que nunca esqueci: o câncer só dá no vizinho. Ele falava isso no sentido de ser essa a percepção que ele tinha, pois a sua mãe estava com câncer. E como câncer só dá no vizinho, quando alguém da família tem esta doença, você se assusta, e se você mesmo é acometido por um câncer, você se desespera. “Isso não era para dar em mim! Só no vizinho! Morte? O outro é que morre, não eu!”

Eu costumo brincar quando faço palestras de segurança do trabalho dizendo: “não adianta eu falar que você vai morrer num acidente se você não zelar pela sua segurança. Sabe porque? Porque aqui, ninguém nunca morreu antes.” Nós achamos que não morremos, porque nunca experimentamos a morte! Então eu faço uma comparação: “se você me disser: Mário, não vá por aquela estrada, porque ela é muito perigosa, nela acontecem acidentes todos os dias, e muitas mortes também”. Eu vou sempre pensar que sou muito prudente no volante, que vou tomar cuidado e dirigir devagar, e vou sim dirigir por ela. Agora, se me disserem: “Mário, não vá por aquela estrada porque tem pedágio”. Opa! Agora sim, vou procurar outra. Porque? Ora, por que dinheiro, eu já perdi, dinheiro, eu já gastei, mas vida ainda não! Eu não sei o que é gastar uma vida. Nenhum ser humano realmente se importa com a morte, porque não sabe o que é morrer.

Deus precisou nos avisar que precisamos de um Salvador. Em 1 João 1:1- 3, e depois no capítulo 4:14, João escreve:

“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida - esse mesmo Verbo, que apareceu na outra passagem no Evangelho de João - (Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo.”

“E vimos, e testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo.” Muitas coisas estão embutidas aqui; primeiro, que existe um Pai, segundo, que existe um Filho, terceiro, que esse Filho já o era antes de vir ao mundo. Por que o Pai enviou o Seu Filho ao mundo, logo, Ele já tinha um Filho: Jesus!

Mas, Jesus foi enviado para que? Com que missão?

- Para nos ensinar coisas bonitas. Para nos ensinar que devemos andar assim ou assado, amar o próximo e fazer coisas boas, etc e etc. Você poderia dizer.

Esta semana eu perdi muito tempo com uma pessoa na internet. Alguém que se diz crente, mas crê que a salvação é pela imitação de Cristo. Que quanto mais ele puder imitar Jesus, mais próximo está de ser salvo. Eu falei “meu filho, assim você nunca será salvo”!

A primeira coisa a imitar já é impossível para nós: Jesus era sem pecado e nós somos pecadores. Nós precisamos de um salvador, não de um exemplo. Obviamente que Jesus nos é um exemplo. Porém o exemplo Dele não nos salva. Pelo contrário, o Seu exemplo nos condena! Porque se você é um bandido, um marginal, e você tem um irmão todo certinho, arrumadinho e direito dentro de casa, a vida desse irmão que vive ao seu lado, não resolve seu problema, mas sim, piora. O contraste fica maior.

Se o tal irmão não estivesse por perto, você ficaria mais sossegado, mas o fato de ele estar ali, faz com que esse contraste, condene. A perfeição condena.
Se eu estou em velocidade acima do permitido, a placa da velocidade me condena. Logo, a perfeição condena aquele que dela fora está. Não o corrige e nem o salva. Deus enviou Seu Filho para ser salvador do mundo. Logo, Cristo veio para salvar! Imagine se você fosse a uma praia e lá estivesse um salva-vidas e uma placa escrito: “se você começar a se afogar, grite para o salva-vidas e ele lhe dará as instruções de como aprender a nadar em dez lições”. O salva-vidas vai falar com um megafone lá da praia: “agora, levante a mão direita. Agora a esquerda”. Você confiaria num salva-vidas assim? Claro que não! Mas ele vai lhe ensinar, você seguirá os preceitos dele! Não! Você está perdido!

O homem está perdido! – já por natureza – e o pecado entrou no mundo através de um homem. E Deus resolveu essa equação, primeiro, aquela em que nós queríamos ver a face de Deus: Ele proveu isso; segundo, nós queríamos alguém que sentisse como nós: então Deus enviou Seu Filho aqui para a terra. Terceiro, nós precisamos de um Salvador, como o próprio Deus diz em Sua Palavra. E como o pecado entrou no mundo por um homem, a maneira mais lógica, portanto, de o pecado sair do mundo, teria que ser igualmente por um homem.

Sendo o pecado uma transgressão à vontade e à ordem de Deus, deveria haver então um castigo, um juízo. Como acontece na lei humana; se você assaltar um banco, você será preso e cumprirá pena. Assim também é nas coisas de Deus. Ele precisava mandar um homem, para não apenas tirar o pecado do mundo, mas sofrer a pena pelo pecado. E esse homem é Cristo!

Romanos 5:15 diz: “Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos”.

E aqui vem mais uma maravilha do Evangelho, pois alguém poderia alegar: “mas um homem pecou. Então se Deus mandar um homem para tirar o pecado, ele vai tirá-lo de um homem”. Mas essa é a maravilha! O pecado do primeiro foi uma praga que pegou toda a humanidade. O pecado entrou por um e levou muitos à perdição. Então Deus fez o caminho inverso; Ele enviou um homem, Jesus Cristo, porque assim, quando Ele cumpriu a pena na cruz, pagando pelos nossos pecados e tirando o pecado do mundo, como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, essa salvação ficou disponível a todos os homens.

Então quer dizer que todos os homens serão salvos? Não. Ele pagou, morreu por todos, mas salvará muitos. E que muitos são esses? Aqueles que crerem Nele como Salvador: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” (1 Timóteo 2:5) Olha a maravilha disso! Não é alguém desconhecido. Um ser extraterrestre, com quem tenhamos que lidar. É um Salvador que é um homem! Deus quis fazer com que um homem viesse salvar o homem.
“E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. “ (1 João 5:20)

Não um mero homem, mas um homem que é Deus! O verdadeiro Deus, que é a vida eterna. Alguém poderia conceber uma salvação mais perfeita que essa? Deus vindo nos salvar na pessoa de Cristo!
Uma outra coisa que aprendemos através da Bíblia, quando lemos sobre os muitos sacrifícios de animais no AT, é que sem sangue não poderia haver a retirada dos pecados. Em Hebreus 9:22-28 vemos: “E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão. De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes. Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus; Nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio; De outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo. E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação”.

Veja, uma vez Ele morreu! E essa vez foi necessária e suficiente para a salvação do ser humano. Ele morreu para tirar o pecado do mundo, mas morreu para tirar os pecados de muitos, não de todos! Esse “muitos” se refere àqueles que creem Nele como Salvador, aqueles que O aceitam como Deus e homem, que O aceitam como o sacrifício que Deus proveu.

Em Romanos 5:12 está escrito: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” E em Romanos 5:15: “Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos”.

Em Romanos 5:18: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos”.

Eu poderia terminar aqui, mas isso não seria o Evangelho, porque o Evangelho tem um desfecho. Ele não fala apenas de Cristo ter vindo salvar o homem pelo sacrifício de si mesmo, se Ele morresse na cruz, como de fato morreu. Se Ele pagasse o preço pelos nossos pecados, como Ele pagou; se Ele fosse feito pecado por nós, como Ele o foi, para tirar o pecado do mundo. Mas se Ele permanecesse morto, não haveria salvação para ninguém, pois ninguém poderia ser justificado se Jesus permanecesse na morte. Por isso o Evangelho completo é que Ele ressuscitou ao terceiro dia. E quando ressuscitou, Ele se apresentou a seus discípulos e disse: “paz seja convosco”. Então imagine! Aquele que eles viram pregado na cruz, morto, atravessado pela lança do soldado, seu sangue derramado no chão, de repente, aparece no meio deles, vivo, falando! “É um fantasma, uma assombração, um espírito!”

Em Lucas 24:37: “E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, não o crendo eles ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer? Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel; O que ele tomou, e comeu diante deles”.

Isso é o Evangelho! Ele tem um desfecho, não termina na morte, mas na vida! Ou melhor dizendo, ele começa na vida, na nova vida. Na nova criação, da qual Cristo é o protótipo. Ele é o primeiro exemplar de homens e mulheres de corpos de carne e ossos vivendo no céu, na presença de Deus.
Quando Paulo prega o Evangelho aos Coríntios, diz: “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis.
Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15:1-3).


Essa é a maravilha do Evangelho. Ele vai para a ressurreição. A morte não é o fim do crente! O Evangelho não é uma solução para os problemas desta vida. O Evangelho é a solução eterna! Em 1 Coríntios 15:21 podemos ver: “Porque assim como a morte veio por um homem (mais uma vez o um homem), também a ressurreição dos mortos veio por um homem (é incrível como Deus fez isso; um homem!).

Em 2 Timóteo 4:1 lemos: “Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino”.

1 Pedro 4:5: “Os quais hão de dar conta ao que está preparado para julgar os vivos e os mortos”. E em Atos 10:42: “E nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos”.

Essa passagem não é tão agradável. Porque ao mesmo tempo que Deus enviou Seu Filho ao mundo para salvar o homem - enviou um homem para salvar o homem, e nós pudemos reconhecê-Lo como um igual, um semelhante a nós - Ele voltará como um homem, mas não mais para salvar. Ele virá primeiro buscar os Seus e levá-los embora, ressuscitar os Seus, como Ele próprio ressuscitou, mas voltará depois para julgar.

Então, se o homem no princípio poderia ficar decepcionado de não poder enxergar a Deus, este deu uma imagem ao homem, na face de Cristo, e na Sua face podemos ver a Deus. Se o homem ficou desesperado porque não encontrava um semelhante seu que pudesse salvá-lo, Deus deu Jesus como Salvador. Se o homem ficou atormentado diante da morte, por que não poderia viver para sempre, Deus deu um homem, o primeiro homem ressuscitado. Por que existe um homem no céu agora, de carne e ossos, um homem que comeu peixe e mel. Há um homem, no céu! Cristo! Ele é o primeiro de uma raça de muitos que estarão no céu, com corpos semelhantes ao Dele.

Mas Deus enviará também um juiz homem. E para que ninguém diga: “Deus não pode me julgar, porque Ele não sabe o que é ser homem. Como serei julgado por um Deus lá das alturas que não sabe as dificuldades pelas quais eu passo?”

Sim, Ele sabe!

Por isso Ele vai enviar o Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos na sua vinda e no seu reino, porque foi constituído por Deus para isso.

Nós somos capazes de reconhecer a Deus na face de Cristo. E os perdidos serão capazes de reconhecer a Deus como juiz, em Cristo também. E diante Dele, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus é Senhor, para a glória de Deus Pai!

Logo, não existe desculpa para alguém rejeitar a salvação que Deus proveu. Não existiria salvação mais próxima do que aquela que um bebê, com a configuração de seu cérebro, tem em perceber a figura humana. Deus ofereceu um homem, para através Dele, nós sermos salvos. Todavia, no fim, Deus mandará este mesmo homem para julgar os perdidos.

E você? Como gostaria de identificar Jesus?

Como seu Salvador? Ou como seu juiz, caso aconteça de você O rejeitar?