A agonia de Jesus - Mario Persona
Boa noite a todos. Estamos hoje aqui para falar da coisa mais gostosa, do melhor assunto que existe para falarmos: a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo! Estava lembrando hoje do que aconteceu certa vez comigo. No dia dez desta semana, trinta e nove anos atrás, eu estava em uma maternidade, aqui em minha cidade, esperando o nascimento de meu filho. Como todo pai muito consciencioso, muito preocupado com o parto, depois que despachei a mãe do meu filho para tê-lo, eu fui para a sala de espera e sentei. Estava vazia, era de madrugada ou no início da manhã, alguma coisa assim. Havia um silêncio. Eu me estiquei para lá e para cá num banco comprido e muito preocupado com o parto, dormi um sono delicioso, sem culpa alguma. Ali estava eu, roncando naquela sala de espera, quando vieram me acordar para avisar que meu filho havia nascido. E é claro que isso virou motivo de piada na família. Como eu podia ter dormido em uma hora tão crítica e importante quanta aquela? Eu deveria estar vigiando e orando por aquele momento, não é? E não dormindo a sono solto.
Mas, eu
descobri que tem umas pessoas aqui na Bíblia, que fizeram exatamente a mesma
coisa. Não que estivesse acontecendo um parto. No evangelho de Marcos, quando o
Senhor Jesus diz que iria morrer e ressuscitar, no capítulo 14, lemos:
“E
disse-lhes Jesus: Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim; porque está
escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão. Mas, depois que eu
houver ressuscitado, irei adiante de vós para a Galiléia. E disse-lhe Pedro:
Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu”.
Pedro é um
cara bravo, que nunca dormiria em uma hora tão crítica assim! Será que não?
“E
disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo
cante duas vezes, três vezes me negarás.”
Isso é a
confiança própria, e infelizmente está em cada um de nós. Mas ele disse ainda
com mais veemência:
“Ainda que
me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. E da mesma
maneira diziam todos também. E foram a um lugar chamado Getsêmani, e disse aos
seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu oro. E tomou consigo a Pedro, e
a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se.
E
disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e
vigiai.
E, tendo
ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse
possível, passasse dele aquela hora. E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são
possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que
tu queres.
E,
chegando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? Não podes vigiar
uma hora?
Vigiai e
orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto,
mas a carne é fraca.
E foi
outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras. E, voltando, achou-os outra vez
dormindo, porque os seus olhos estavam pesados, e não sabiam o que
responder-lhe.
E voltou
terceira vez, e disse-lhes: Dormi agora, e descansai. Basta; é chegada a hora.
Eis que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores.
Levantai-vos,
vamos; eis que está perto o que me trai”.
Naquele
momento de tamanha dor e pesar do Senhor Jesus, os seus discípulos, que ele
pediu que o acompanhassem naquele momento, não o fazem. Quando está doente e
vai ser hospitalizado, o que você faz? Você pede a alguns amigos ou parentes
para irem com você, pois não quer ficar
sozinho; você quer companhia nas horas mais difíceis. E o Senhor não era
diferente; ele era Deus e homem. Cristo Jesus, Deus e homem, vindo ao mundo
para salvar pecadores humanos, sendo que ele não tinha e nunca teve pecado. Ele
jamais poderia pecar, ele não trazia em si a natureza pecaminosa de Adão. E, no
entanto, há uma passagem no Antigo Testamento que diz: o seu prazer estava com
os filhos dos homens; ou seja, com a companhia das suas criaturas. Ele tinha
prazer nas companhias das pessoas. E é por isso também que ele quer no céu,
encher a casa de seu Pai, com muitos salvos. Porque Cristo veio aqui morrer, e
resgatar para si um povo, e esse povo são os redimidos, os salvos por ele.
Mas aqui,
isso demonstra o homem, na hora mais triste do Senhor, na hora em que ele mais
precisava de companhia. Ele está só, e ora ao Pai. É interessante observarmos
que quando ele ora, "ABA", que é uma palavra hebraica e significa
papai, “todas as coisas te são possíveis; afasta de mim esse cálice”, ali
estava o filho de Deus, Deus Filho, orando ao Deus Pai, ao seu pai, e pedindo
algo que ele sabia que não seria atendido em sua oração. Ele tinha avisado aos seus discípulos que iria
morrer e ressuscitar. Mas ele tinha o seu lado humano, e temia. A morte? Não,
ele sabia que iria ressuscitar. Mas ele temia algo que jamais havia
experimentado em toda sua infinita existência, porque ele é infinito, eterno.
Ele ia experimentar o que é o pecado em si; experimentaria o que é o juízo de
Deus lançado sobre o pecado. Ele seria feito pecado na cruz, e sabia de tudo
isso. Então aqui, ele está com essa expectativa diante de seus olhos, do juízo
que ele iria receber por causa dos pecados dos homens. Ele tem uma missão
dupla: ele é o Cordeiro que tira o pecado do mundo! E o que significa isso?
Quando o pecado entrou no mundo, lá no Jardim do Éden, Deus viu a sua
criação arruinada. Logo, era necessário limpar a honra de Deus, vamos chamar
assim, tirando o pecado do mundo que havia entrado, e alguém precisava tirá-lo
do mundo. Quando Jesus se apresenta a primeira vez, no seu ministério, João
Batista aponta para ele e fala: “Esse é o cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo.” Um judeu que estava acostumado com séculos de sacrifícios de cordeiros,
como substituto do homem no pecado, entendeu o que aquilo significava. Essa
linguagem, dita para um brasileiro, não faria muito sentido: – Aquele ali é o
cordeiro de Deus. – Como assim, ele é o cordeiro? É o sobrenome dele?
Mas um judeu sabia o que era o cordeiro de Deus. No Egito, Deus mandou
separar um cordeiro sem defeito. Quando os hebreus estavam escravizados no
Egito, e queriam sair de lá, e houve toda aquela luta para eles poderem sair,
insistindo com faraó, que colocava exigências atrás de exigências. Ele
não queria deixar o povo sair do Egito, porque os hebreus eram sua mão de obra.
No entanto, depois de todas as pragas que Deus permite cair sobre o Egito, o
faraó decide deixá-los ir. Mas, ainda tinha mais uma praga, para quebrar
totalmente o faraó, para fazê-lo abrir a porteira, abrir os portões do Egito e
deixar o povo ir. E qual era essa praga? Naquele dia, o anjo do Senhor ia
passar por sobre o Egito, e matar o primogênito de cada família. Mas Deus
avisou os hebreus, que eles deveriam pegar um cordeiro, um para cada família,
sacrificá-lo, passar o sangue desse cordeiro no batente da porta e ficar dentro
de casa, já em prontidão: com as sandálias nos pés, cajado na mão, cingidos de
seus cintos, prontos para partir.
E ele diz assim, “vendo eu, sangue, não ferirei aquela casa”; porque ali
um cordeiro tinha sido morto no lugar do primogênito. Então, ali não haveria
mais morte, pois esta já havia passado por ali. Há até uma história
interessante que aconteceu na Europa, eu não sei se foi na Primeira ou na
Segunda Guerra Mundial. Uma tropa de soldados inimigos vinha chegando para
invadir uma aldeia e um garoto ou alguém tinha percebido que eles estavam
vindo, e tinha notado também que todas as aldeias em que entravam, eles matavam
todo mundo e depois pegavam o sangue das vítimas e faziam uma marca, um
"X", na porta da casa, para que outro soldado que viesse não
precisasse mais entrar naquela casa, onde a família já tinha sido morta lá
dentro. Então, esse mensageiro correu para a outra vila, avisou a todos que
pode, e entrou na sua casa, e quem foi avisado, matou um animal, passou o
sangue na porta, e assim foi poupado da matança; porque o soldado que chegava,
via o sangue, e pensava: aqui já mataram.
Assim aconteceu no Egito.
É por isso que os judeus sabiam o que era um cordeiro de Deus, um
cordeiro que substitui, que morre, para que o pecador, o hebreu não morresse. O
Senhor chega ao mundo então e vai cuidar de dois problemas: um, é tirar o
pecado do mundo, resgatar a honra de Deus que foi manchada pelo pecado, na sua
criação. E o outro: salvar pecadores. Mesmo que ele não salvasse nenhum
pecador, ele teria cumprido a sua missão de tirar o pecado do mundo. Ainda que
não vejamos o pecado tirado, isso já foi feito! Esta obra já foi executada.
Quando você executa uma obra, às vezes leva um tempo para vir à tona os
resultados dela; e assim é também com a salvação, com a obra de Cristo neste
mundo. Para salvar pecadores, ele teria que morrer. E ele sabia disso. Ele
sabia que ia ter que beber um cálice. E que cálice é esse? Na Bíblia
geralmente, é cálice de ira, cálice de condenação. Quando o Antigo Testamento
falava de uma nação inimiga de Israel, Deus ameaçava: eles vão ter que beber o
cálice da minha ira, ou algo assim. O cálice significava não apenas uma morte,
mas uma morte terrível, de condenação, de suplício.
E Jesus começou a ter pavor, e a angustiar-se. Em outro evangelho, fala
que ele transpirava gotas como de sangue que caíam sobre a terra e veio um anjo
consolá-lo. Era demais o seu sofrimento, o seu pavor diante da expectativa do
que ele teria que sofrer. Mas o Senhor sofre um pedacinho, assim, aqui, quando
vê os seus discípulos dormindo. Aqueles que teriam que estar vigiando junto com
ele, estavam dormindo; e eles dormem uma vez e outra vez, eles não aguentavam
de sono. E o Senhor tem que repreendê-los, porque não estavam vigiando. Ele
fala aos discípulos:
"A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e
vigiai."
E ele diz ao Pai em sua oração, para que se fosse possível passasse dele
aquela hora. Tem outra passagem que ele fala: “passa de mim esse cálice”. Pai,
tira de mim esse cálice. Mas ele põe uma condição: se fosse possível; pois, ele
sabia que não seria. Ora, se fosse possível, nós estaríamos perdidos! Quer
dizer: possível era, se ele simplesmente obedecesse aquilo que falavam os
zombadores, em torno da cruz, na hora que ele estava sendo crucificado, quando
diziam: "Se és o filho de Deus, desça da cruz, que creremos nele”. Mas, se
ele descesse da cruz, não haveria mais solução para o homem, de jeito nenhum.
Ele fala, então: "Aba Pai, todas as coisas são possíveis; afasta de mim
esse cálice. Não seja, porém o que eu quero, mas o que tu queres” e o que ele
queria, era sempre condizente com a vontade do Pai. Assim, ele passa pela sua
última tentação neste mundo.
A primeira foi quando ele foi levado pelo Espírito Santo ao deserto, para
ser tentado pelo diabo; lá no começo do evangelho lemos isso. Ele fica quarenta
dias e quarenta noites no deserto, sem comer e beber. E no fim, quando ele está
na sua parte mais fraca, humanamente falando, mais débil, mais fraco; vem
Satanás, e o tenta para transformar aquelas pedras em pão, para saltar do
pináculo do templo. Mostra todos os reinos do mundo e afirma, eu vou te dar
tudo isso se você me adorar, olha quanto problema você vai evitar. Mas ele
resiste a tudo isso, porque tinha vindo para uma missão e não ia desviar-se
dela.
Vamos para outra passagem, agora em Mateus 27:26:
“Então soltou-lhes Barrabás, (Pilatos soltou Barrabás), e, tendo mandado
açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado”.
Aqui foi feita uma eleição democrática. Pilatos estava com medo de se
envolver muito, queria lavar as mãos; ele diz para o povo resolver votando.
Tinha dois condenados, presos: um era Barrabás, e o outro era Jesus. E ele
queria que o povo decidisse e democraticamente, o povo decidiu pela soltura de
Barrabás, que era um criminoso, um homicida. O povo decidiu pela crucificação
de Jesus! Mal sabendo eles, que por trás disso, tinha um plano muito maior, de
Deus.
“E logo os soldados do presidente, conduzindo Jesus à audiência, reuniram
junto dele toda a corte. E, despindo-o, o cobriram com uma capa de escarlate;
E, tecendo uma coroa de espinhos”.
Isso era de gozação, porque a capa de escarlate era colocada nas costas
de um rei, porque como ele afirmava ser rei dos judeus, fizeram a maior
zombaria em cima dele.
“E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e em sua mão
direita uma cana” Um pedaço de pau, como se fosse uma vara, um cetro real. Tudo
de gozação, zombando dele, todos rindo.
“Ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve Rei dos judeus!”
Sabe aquela frase muito comum de se ver no Brasil: o senhor sabe com quem
está falando? Ele podia falar isso para eles; eles não sabiam, não faziam ideia
com quem estavam falando. E continua aqui, dizendo: “E, cuspindo nele,
tiraram-lhe a cana, e batiam-lhe com ela na cabeça”.
Tem outra passagem, não sei se é aqui ou em outro evangelho; que eles
arrancavam a barba do Senhor Jesus com as mãos. Com isso vem a pele junto,
porque ali o objetivo era humilhar e fazê-lo sofrer.
“E, depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a capa, vestiram-lhe as
suas vestes e o levaram para ser crucificado. E, quando saíam, encontraram um
homem cireneu, chamado Simão, a quem constrangeram a levar a sua cruz. E,
chegando ao lugar chamado Gólgota, que se diz: Lugar da Caveira, deram-lhe a
beber vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber”.
Eu acredito que isso, era um anestésico para ele não ter tantas dores.
Mas ele queria passar por todo sofrimento.
“E, havendo-o crucificado, repartiram as suas vestes, lançando sortes,
para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas
vestes, e sobre a minha túnica lançaram sortes. E, assentados, o guardavam ali.
E por cima da sua cabeça puseram escrita a sua acusação: este é Jesus, o
rei dos judeus.
E foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à
esquerda.
E os que passavam blasfemavam dele, meneando as cabeças, e dizendo: Tu,
que destróis o templo, e em três dias o reedificas, te salva a ti mesmo. Se és
Filho de Deus, desce da cruz”.
Eles dizem isso, porque o Senhor falou em uma ocasião: destrua este
templo, e eu o edificarei em três dias. Mas na realidade, o templo que Jesus
estava falando, era do seu próprio corpo. Eles acharam que era do templo de
Jerusalém, de pedra, impossível reedificar em três dias. E
continua:
“Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de
Deus. E o mesmo lhe lançaram também em rosto os salteadores que com ele estavam
crucificados.
E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona.
E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá
sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
E alguns dos que ali estavam ouvindo isto, diziam: Este chama por Elias;
e logo um deles, correndo, tomou uma esponja, e embebeu-a em vinagre, e,
pondo-a numa cana, dava-lhe de beber.
Os outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias vem livrá-lo.
E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito.
E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a
terra, e fenderam-se as pedras; E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de
santos que dormiam foram ressuscitados; E, saindo dos sepulcros, depois da
ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos. E o
centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas
que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era
o Filho de Deus.
E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus
desde a Galiléia, para servi-lo; Entre as quais estavam Maria Madalena, e
Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu”.
Depois
disso, irão pedir seu corpo para sepultá-lo. Mas o ponto aqui, que eu queria
chamar a atenção: existem algumas coisas que estão espalhadas por diferentes
evangelhos. Embora cada evangelho esteja contando o que aconteceu com Jesus,
cada um toma um aspecto de sua morte para contar. Alguns elementos faltam no
evangelho de Mateus, mas tem a mais no evangelho de Lucas, ou de Marcos. Então,
cada um trata o assunto de diferentes maneiras. Em Lucas, por exemplo, você
encontra que quando Jesus fala "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que
fazem", um dos malfeitores que estava jogando injúrias contra o Senhor
Jesus – sim, os dois estavam injuriando o Senhor – ao ouvi-lo pedindo ao Pai
que perdoasse os seus algozes, esse malfeitor percebe e isso atinge o seu
coração como uma seta. E ele fala: "Senhor, lembra de mim, quando entrares
em teu reino." Aquele malfeitor se arrepende ali, e reconhece que Jesus é
realmente Rei. Jesus responde mais do que ele pede: Ele fala, afirmando àquele
homem "hoje, estarás comigo no paraíso." Não é nem no reino, mas no
paraíso, no céu!
Mas há um
outro elemento, também, que temos que prestar atenção aqui, e são essas trevas.
E um detalhe: em nenhum lugar dos quatro evangelhos, Jesus chamou Deus, de
Deus. Nunca! Ele sempre se dirigiu a Deus como Pai. Assim ele orava. Nós o
vimos no jardim do Getsêmani, orando ao Pai: “Se possível, afasta de mim esse
cálice". Ele orava e chamava-o assim, e não de Deus. Mas aqui, ele muda o
tratamento; e fala: "Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?” Porque
neste momento, Deus não podia ter comunhão com seu próprio filho Jesus. Tinha
que abandoná-lo, porque ali, ele estava sendo feito pecado por nós. E Deus não
pode ter nenhum contato, nenhuma associação ou comunhão com o pecado. Por isso
Deus lhe volta as costas. Deus é luz! Quando Deus vira as costas, o que
acontece? Apaga-se a luz; são trevas, agora, e por três horas ele vai
experimentá-las. Ele vai experimentar o abandono de Deus; vai experimentar a falta
de companhia, que sempre teve, que lhe deu prazer em toda a eternidade. Ele
nunca ficou sozinho, sem a companhia de Deus. Nunca, em momento algum!
Mas aqui
ele está sem a companhia principal. Lá no jardim de Getsêmani, ele viu que não
podia contar com a companhia de seus discípulos, dos homens; porque eles
dormiram na hora mais crítica da sua vida. E aqui, ele não pode contar com a
companhia de Deus, que o abandona. E é um mistério grande; não podemos penetrar
muito nisso, porque na realidade, em momento nenhum, o pai abandonou o filho;
mas Deus, a divindade, sim, o abandonou. O pai, não. Vemos pelo tipo, em Abraão
e Isaque, que o pai Abraão vai até a consumação, até ao monte, com Isaque, seu
filho, e o acompanha até o último momento quando Deus provê um carneiro para
morrer no lugar do filho Isaque. Aquilo era uma figura do sacrifício, da morte
de Cristo Jesus. Mas aqui, ainda que não vejamos o pai, ele está sozinho, está
se sentindo abandonado. E quando ele fala isso, muita gente pode pensar:
"Então agora ele sentiu o peso da sua responsabilidade, do seu sofrimento,
do que está acontecendo com ele.
Na
realidade, é claro que ele estava sentindo tudo isso, mas é claro também, que
tudo estava pré-programado, e ele sabia. Tanto que ele está falando aqui:
"Deus meu, no versículo 43, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é,
Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
Ele está
citando um Salmo de Davi. E essa é uma das coisas incríveis da Bíblia. Se você
abrir no Salmo 22 de Davi, que fala justamente isso, você vai pensar: "Mas
espera aí, Davi sofreu isso?” Não, Davi escreve:
“Deus meu,
Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das
palavras do meu bramido? Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de
noite, e não tenho sossego. Porém tu és santo, tu que habitas entre os louvores
de Israel. Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste. A ti
clamaram e escaparam; em ti confiaram, e não foram confundidos. Mas eu sou
verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo. Todos os que me
veem zombam de mim, estendem os lábios e meneiam a cabeça, dizendo: Confiou no
Senhor, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer.
Mas tu és
o que me tiraste do ventre; fizeste-me confiar, estando aos seios de minha mãe.
Sobre ti fui
lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe.
Não te
alongues de mim, pois a angústia está perto, e não há quem me ajude.
Muitos
touros me cercaram; fortes touros de Basã me rodearam.
Abriram
contra mim suas bocas, como um leão que despedaça e que ruge.
Como água
me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como
cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas.
A minha
força se secou como um caco, e a língua se me pega ao paladar... (e para
aumentar o sofrimento, deram-lhe vinagre para aumentar sua sede! Dar vinagre a
uma pessoa que está com sede, aumentará a salivação, mas a boca logo seca e a
pessoa fica com mais sede ainda.)... “o meu coração é como cera, derreteu-se no
meio das minhas entranhas. A minha força se secou como um caco, e a língua se
me pega ao paladar; e me puseste no pó da morte. Pois me rodearam cães; o
ajuntamento de malfeitores me cercou... (um de cada lado). Traspassaram-me as
mãos e os pés. (Com grandes pregos, pregaram suas mãos e seus pés)...
Poderia
contar todos os meus ossos... (Porque não quebraram os ossos dele, ao contrário
dos dois outros malfeitores), eles veem e me contemplam. Repartem entre si as
minhas vestes, e lançam sortes sobre a minha roupa”. Salmos 22:18
Veja, o
salmo é de Davi, e nem em sonho, Davi teve mãos e pés traspassados por pregos!
Isso foi escrito mil anos antes de Cristo e se cumpriu literalmente, na sua
crucificação com todos os detalhes. Ele estava ali, abandonado por Deus em
densas trevas, para morrer por mim e por você. Tem uma canção, em inglês, muito
bonita e triste, que fala assim:
“Vão em
frente, enfiem os pregos em minhas mãos, riam de mim, no lugar que vocês estão,
vão em frente, e digam que eu não sou o que sou; mas virá o dia, quando vocês
verão, porque eu vou ressuscitar. E não existe poder sobre a Terra que pode me
manter na sepultura. Eu vou ressuscitar; a morte não pode me manter na
sepultura. Vão em frente, zombem do meu nome. O meu amor por vocês continua o
mesmo. Vão em frente, me enterrem na sepultura, mas muito cedo eu sairei livre;
porque eu vou ressuscitar, e não tem um poder sobre a Terra que pode me manter
na sepultura. Sim, eu vou ressuscitar. A morte não pode me prender ao chão. Vão
em frente, e digam que eu estou morto”.
É
belíssimo, Rise Again é o nome do hino. Procure, é muito bonito, não sei
se existe uma versão em português. É como se ele estivesse falando assim: OK!
Façam tudo que vocês querem fazer comigo, derramem sobre mim todo esse ódio
contido; não vai adiantar nada, eu vou ressuscitar. Não existe nada que vai me
segurar aqui. E ele passou por tudo isso.
Se você
nunca parou para pensar em seu destino eterno, pare agora. Você não lê jornal?
Eu até evito ler jornal. Ontem eu abri a página de um na Internet e fiquei
escandalizado! Era morte, morte e morte. Agora eles estão pondo a fotografia do
morto: este aqui tinha tantos anos. É Covid, Covid, e mais Covid. É morte para
todo lado! Será que isso não lhe acordou do seu sono? Que você também vai
morrer e prestar contas a Deus de seus pecados. Saiba que enquanto você corre
atrás de vacina, de remédios, de tratamentos ou qualquer outra coisa, a sua
vida aqui não vai continuar, você vai morrer, porque o ser humano morre. Você
já visitou um cemitério daqueles que têm as fotografias do morto? Tem pessoas
de todas as idades. Tem um túmulo grande, bonito, o marido e a mulher,
velhinhos, enrugados, morreram com quase cem anos. E do lado, há um túmulo
pequeno, de um bebezinho que morreu também. Porque todos morrem. E aí? É assim
que vai acabar a sua existência? O diabo vai falar para você aproveitar a vida,
aqui e agora, já que depois você vira pó e acabou; vai virar esterco e comida
de verme. Mas não é isso que Deus quer para você. Cristo veio para nos dar
vida; nele está a vida. Quem tem a Cristo tem a vida, quem não tem a Cristo não
tem a vida.
– E que
vida é essa? Você acabou de falar que eu vou morrer! - Você poderia me dizer.
Sim, mas se você tiver a vida eterna que Deus oferece a todos aqueles que creem
em Jesus como seu Salvador e Senhor; ainda que você morra, viverá. Viverá
eternamente, vai ressuscitar como ele ressuscitou. Ele foi o primeiro, o
protótipo de uma nova raça de humanos; a raça da nova criação. E você pode
fazer parte dela, hoje mesmo, se simplesmente, aí onde você está, confessar a
ele que você é um pecador, reconhecer que está perdido em seus pecados e que
nada que você fizer poderá mudar isso, e assim crer nele. Convidá-lo a lhe
salvar. Ele está esperando você falar: “Senhor me salve, me salve!”
Eu tinha
vinte e três anos, quando depois de passar por um monte de religiões orientais,
filosofias e espiritismo e acreditar em tudo que falavam, comprava livros aos
montes, e nada daquilo adiantava, escutei o evangelho de um colega da
faculdade. Em uma noite eu estava em casa no apartamento que morava no Guarujá,
naquela época fazia faculdade de Arquitetura em Santos, e eu não conseguia
dormir, estava muito aflito com meu destino. Aquela aflição Deus estava
colocando em meu coração. Chegou uma hora em que eu ajoelhei ao lado da cama e
disse: Senhor me salve, até aqui, eu vim tentando e não consegui; salve-me,
Senhor.
Simples
assim! Isso eu fiz quando tinha vinte e três anos e estou hoje com sessenta e
seis. De lá para cá, eu tive uma vida com Cristo. E se você me perguntar se
correu tudo bem, lhe digo que não, porque a nossa vida neste mundo é cheia de
problemas, de sofrimentos, enfermidades e perdas.
Quando
vemos que o Senhor Jesus estava desesperado, porque ele perdeu a companhia de
Deus, ali, pense nesse sofrimento. Você já perdeu alguém? Alguém já abandonou
você? Você já perdeu um filho, uma filha, um pai, uma mãe? Você já foi
abandonado por seu cônjuge? Então você sabe que uma das maiores dores que
existe, é a do abandono. Não sou só eu que falo isso, qualquer psiquiatra e psicólogo
vai falar o mesmo: perder um filho e ser abandonado pelo cônjuge são dores
tremendas! Porque ninguém gosta do abandono. Cristo não gostava de estar ali
sozinho em trevas. E sabe o que era aquilo? Era o prenúncio do que vai
acontecer com os que ainda não creram nele como Salvador. Estarão em trevas
eternamente. Eu vi a entrevista de um artista que falou: eu quero ir para o
inferno porque meus amigos vão estar todos lá, vai estar tudo legal.
Mas não
vai estar todo mundo junto; o lago de fogo é um lugar de trevas para sempre.
Trevas exteriores, que significam que dali para frente, você não enxerga nada
mais, é solidão absoluta. Não haverá festas no inferno, no lago de fogo, que é
a palavra correta de se usar. Sem festas, nem ninguém dançando no meio das
chamas; nada disso! Você vai estar em trevas, só com a sua consciência para
toda a eternidade, sofrendo. Você queria se livrar de Deus, aqui nesse mundo,
não queria? Deus atrapalha você, em suas festas, em sua vida, nas baladas, em
tudo que você quer fazer: “Deixa Deus para lá, sai para lá Deus, não me
atrapalha, não me incomode.”
Pois é.
Ele vai atender o seu pedido, não vai incomodá-lo por toda a eternidade e você
vai perceber. Mas há uma solução. Jesus passou em três horas de trevas o que
todos os perdidos passarão numa eternidade, mas ele passou por isso para salvar
aqueles que creriam nele, aqueles que reconhecessem nele, o cordeiro de Deus
que morreu para pagar os pecados dos homens, dos salvos. Morreu para tirar o
pecado do mundo, levando sobre si os pecados de muitos, que são todos os salvos
por ele. Aí onde você está, se agora mesmo fizer esta opção por Cristo, buscar
nele a salvação eterna. E note, eu não estou falando de religião, de entrar
para uma igreja, de dar o dízimo. Não estou falando também de prosperidade que
Deus lhe promete, lhe dando três carros na garagem. Isso é balela! São os
mentirosos que fazem isso, nas rádios, nas TVs, nos templos espalhados pelas
cidades. Eu estou falando de salvação eterna, de perdão de todos os seus
pecados, até os que você ainda não cometeu, até aqueles que você já se
esqueceu; porque Deus conhece todos, nenhum pecado passa despercebido por ele.
Ele oferece agora, a companhia eterna do próprio Deus e Pai, para todo o
sempre. Você vai jogar isso fora? Você vai ficar aí nesse mundo, cheio de
Covid, de morte pelas páginas dos jornais, cheios de propostas e esperanças
falsas?
-
Ah,
um dia vai passar a pandemia!
Sim, e
depois virão outras! O que você pensa que é esse túnel, você vê a luz no fim do
túnel? Ou é o trem, ou é a luz do próximo túnel, porque esse mundo é
desgraçado; esse é o mundo que caiu em desgraça com o pecado do ser humano. E
nada vai solucionar isso, haverá guerra sempre. Veja como está por aí, nunca
vai haver paz neste mundo. Os homens rejeitaram aquele que é o criador e dono
de todas as coisas. O evangelho de João diz:
"Todas
as coisas foram criadas por ele, por Jesus Cristo, e sem ele, nada do que foi
feito se fez. Ele era a luz dos homens, mas a luz veio ao mundo e os homens
preferiram as trevas. Você prefere as trevas? Muito cuidado, porque Deus pode
te dar as trevas eternamente, a falta de companhia, a solidão eterna. Mas ele
não quer fazer isso, ele quer que você creia em Jesus, porque na cruz, ele
derramou o sangue para salvar você! Ali naquele madeiro, sozinho, abandonado
por todos; seus amigos distantes dele e finalmente, abandonado até por Deus,
estando em trevas.
Eu lhe
peço nesta noite, que você não rejeite este convite. Não é para você crer em
mim, mas em Jesus. “Quem ouve a minha palavra”, Jesus disse, “e crê naquele que
me enviou, tem a vida eterna. Não entrará em condenação”, nessas trevas
terríveis, “mas passou da morte para a vida”. Se você estiver em algum ponto
antes desta frase: "Quem ouve a minha palavra", você está só no
"Ouve a palavra", se ainda não passou pelo "Quem crê naquele que
me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas passou da morte
para a vida”; você tem algumas etapas ainda. Hoje mesmo, não espere mais.
Você já se
sentiu abandonado, certo? Agora pense em Jesus, que na cruz foi abandonado por
causa de mim e de você, para que você nunca mais, em toda a eternidade, fosse
abandonado. Haverá na eternidade um lago de fogo cheio dos que rejeitaram a
salvação por graça, porque Deus não está falando para você fazer alguma coisa,
não é por obras. A Bíblia fala muito claramente: "Pela graça sois salvos,
por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Não vem
das obras, para que ninguém se glorie”.
Jesus não
é para ser seu exemplo de vida; e não é também como alguns pregadores,
geralmente, calvinistas ou arminianos pregam, que se você crer em Jesus, as
boas obras dele vão passar para a sua conta, e então Deus vai ver que a justiça
de Cristo foi passada para você, e você será justo; isso é falso, porque se fosse
assim, você estaria sendo salvo por obras ainda que as obras fossem de Jesus.
Mas não é por obras! Leia novamente: “Pela graça sois salvos; e isto não vem de
vós, é dom de Deus, não de obras, para que ninguém se glorie”.
Então
esqueça fazer alguma coisa, alguma obra, esqueça tentar melhorar. Não é
tentando melhorar que você é salvo; é crendo que Cristo morreu em seu lugar, e
levou a pena, a pancada em seu lugar, foi abandonado em seu lugar, para você
não sofrer o abandono e no céu, ter depois a companhia dele, de Jesus, o
próprio Senhor ressuscitado, e de todos os que já partiram e estão lá, já
desfrutando dessa companhia; cantando no céu. Sim, nós todos vamos cantar no
céu.
Teve um
caso interessante, na Bolívia. Um irmão estava pregando em uma praça, e veio um
senhor muito distinto, elogiou a pregação do evangelho, e falou: – Eu gostei
muito da sua pregação, achei muito bonita, importante, mas eu não concordei com
uma coisa. Isso que você falou, que minhas obras não serão levadas em conta em
minha salvação.
E o homem
que estava pregando, respondeu: – Então você acha que as suas obras é que irão
salvá-lo?
-
Sim,
sem dúvida alguma, as minhas boas obras. Eu sou uma pessoa justa, correta, sou
uma pessoa que nunca faço mal a ninguém, cumpro com as minhas obrigações, sou
um bom pai e marido...
-
Mas,
você vai para o céu por causa disso?
-
Ah,
sim, depois de tudo que eu ouvi você falar, eu vou para o céu.
-
E
o que você vai fazer no céu?
-
Não
sei, o que as pessoas fazem no céu?
-
As
pessoas cantam no céu.
-
Ah,
é? Então eu vou cantar no céu também.
-
Então
vai ter um problema aí! - respondeu o irmão que pregava – Por causa da letra da
música. Em Apocalipse 5, vemos pessoas cantando no céu, mas eu vou mostrar para
você o problema. Lá está escrito assim: “E cantavam um novo cântico, dizendo:
Digno és Senhor, de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste
morto, e com o teu sangue compraste para Deus homem de toda a tribo, e língua,
e povo, e nação; E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; eles reinarão
sobre a terra”. Esta é a letra da canção. E o problema é que você vai chegar lá e vai cantar: Digno sou,
porque fui bom, honesto, fui trabalhador, um bom pai, um bom marido. Sempre
busquei as coisas corretas.
Percebeu
agora? No céu, todos estarão louvando e exaltando o Cordeiro, pelo que ele é, e
pelo que ele fez; e não a si mesmos. Você seria o único a exaltar a si mesmo.
Eu tenho uma péssima notícia para você: você não vai entrar no céu enquanto não
se reconhecer pecador perdido, o pior de todos; e aceitar a graça de Deus, que
não veio salvar justos, não veio salvar os sãos, não veio salvar pessoas boas e
religiosas, mas veio salvar pecadores.
É esta a
condição para você ser salvo: reconhecer que é pecador e crer em Jesus como seu
Salvador, buscando nele a salvação.