Pesquisar este blog

Para fazer download do mp3 clique com o botão direito do mouse sobre o link e escolha salvar.

Amnesia - Mario Persona

Amnésia - Mario Persona (mp3)
http://files.3minutos.net/evangelho/Amnesia-Mario-Persona.mp3


https://youtu.be/264e2Fnt4vA

Amnésia

Mário Persona

Há alguns anos, eu peguei uma sequência de trabalho, com uma viagem emendada a outra, o que foi bastante estressante. Sempre embarcando, tendo que preparar para a palestra, viajar de carro, enfim, e juntando uma coisa com a outra, terminou no interior do Paraná com duas ou três preleções simultâneas em cidades diferentes. Na última noite, eu não lembro bem qual cidade era, o organizador do evento me levou de carro até Curitiba, para eu pegar o voo de volta no dia seguinte. Era uma sexta feira de madrugada. Chegamos em Curitiba, ele me deixou às duas horas, em um hotel próximo ao aeroporto para eu pegar meu voo logo de manhã - teria que acordar umas 04h30min para o voo, e estar no sábado em casa. Fiz tudo isso, mas o interessante aconteceu no sábado de manhã, ou melhor, na hora do almoço.
É até estranho contar uma situação dessas - eu me vi, me encontrei, no sábado na minha cozinha! Meu filho Pedro estava na mesa, e eu tinha um prato pronto na mão, que era o seu almoço. Havia uma empregada que dormiu lá, mas que nessa hora, já não estava mais em casa. Tudo o que lembro é que eu de repente, estava na minha cozinha, segurando um prato, sem saber como tinha ido parar ali. Na minha memória, eu estava no interior do Paraná, e de repente, na minha cozinha.

Quem já viu aquele seriado Jornada nas Estrelas, que eles têm o tele transporte, entende o que digo. Eles estão num lugar, e de repente, vão se degradando, a pessoa vai sumindo e aparece dentro da nave, no espaço, em outro lugar, outro planeta. A experiência que passei é mais ou menos essa, de tele transporte. Tive um negócio chamado amnésia. Não sei se você já teve isso, mas é uma experiência ao mesmo tempo aterrorizante, mas extremamente curiosa, porque você não consegue imaginar como foi parar ali.

Imagine você piscar aqui os olhos e ao abri-los, estar em São Paulo, ou no Rio de Janeiro. Quando você abre os olhos, se pergunta: como vim parar aqui? Foi essa a experiência que eu vivi. Depois fiz vários exames, inclusive a hora que eu percebi isso, que me dei conta que eu estava na cozinha de casa, sem as horas passadas fazerem parte do meu arquivo, da minha memória, comecei a andar pela casa. Fui até meu escritório, olhei o computador ligado e vi os e-mails. Eles estavam respondidos, com a data daquela manhã. Eu havia respondido e-mails! Imagine, não me lembrava nem da viagem, nem do hotel, me lembrava apenas que estava no interior do Paraná. Liguei para minha irmã, meu cunhado correu lá em casa- eu lembrava que tinha uma irmã, pelo menos. Ele ficou lá, conversando comigo e aos poucos, o que levou mais ou menos uma hora, fui recuperando, fazendo os links daquele período de tempo que desapareceu da minha vida. Isso se chama amnésia e é um problema sério também para quem é de idade avançada, quem sofre de Alzheimer, quando as pessoas começam a perder completamente a memória.

Há pessoas que se lembram de coisas muito antigas, mas não tem memória curta. Eu por exemplo tenho esse problema. A pessoa, por exemplo, dá a mão para mim, diz muito prazer, fala o nome, enfim. Passados uns cinco minutos, já não lembro mais quem é a pessoa, não me lembro do seu nome, e é desagradável você perguntar de novo: como é seu nome mesmo? E é como eu falei, é uma situação aterrorizante. Mas há uma coisa que eu estava pensando quando me lembrei desse fato, eu me lembrei de Deus. Porque Deus é perfeito! É onisciente, onipresente, onipotente, e a Sua onisciência não deixa que Ele se esqueça de coisa alguma. É interessante isso, Deus não se esquece de coisa alguma! Imagine uma memória perfeita, uma memória que se lembra do que aconteceu a três mil anos, da pedrinha que rolou da montanha, lá no Tibete, a memória de Deus é assim. Ele lembra o nome de cada estrela, de quantas elas são, de quantos planetas há no céu, lembra quantos grãos de areia existem na praia, Ele lembra tudo, sabe tudo! É onisciente.

Logo, Deus não poderia esquecer-se de nada. No entanto, a Bíblia fala que Deus é um Deus esquecido. Mas não esquecido como nós somos, porque nós nos esquecemos involuntariamente, como esse surto de amnésia que relatei, ou então, quando, por exemplo, vamos fazer uma prova e tudo que estudamos, de repente desaparece. Na profissão de palestrante, acontece muito isso, dá um branco e você às vezes, olha a plateia e não lembra mais o que está fazendo ali, esquece completamente o que ia falar. Escritor também tem isso, é a tal da página em branco, quando ele olha desesperado porque não vem ideia alguma à cabeça. Esse tipo de amnésia, Deus não tem efetivamente. Ele tem outro tipo, que é voluntária. Ou seja, Deus esquece porque Ele quer esquecer. E esse é um poder que nós não temos.

Se eu falar que vou esquecer tal coisa, eu não consigo, não de moto próprio. Só de pensar em esquecer, já estou lembrando da coisa. Se alguém me ofendeu, por exemplo, - ok, está bom, eu posso esquecer, no sentido de eu relegar isso ao segundo plano, nunca mais pensar nisso, mas está lá. Um momento aquilo volta, e eu me lembro, porque está gravado. Eu não consigo, voluntariamente, apagar minha memória. Um exemplo interessante disso é a música. Nós temos uma memória musical. Vi num documentário que inclusive, estão fazendo experiências com portadores de Alzheimer, usando músicas que a pessoa ouvia na adolescência. Eles colocam um fone de ouvido num velhinho num asilo, então, vem a sua esposa que não está senil, e senta-se na frente dele. O velhinho está naquele estado que não abre mais os olhos, não fala mais com ninguém, não reconhece ninguém, ele não faz mais nada, enfim, está totalmente vegetativo. Eles então ligam a música, que foi a primeira que eles dançaram, por exemplo, e o velhinho abre os olhos, olha para ela e fala: você veio me visitar? Você está aqui! E começa a conversar com a esposa, enquanto escuta a canção. Desligada a música, ele apaga, como se tivesse sido desligado um botão. Isso é por causa da nossa memória musical, ela é muito mais persistente e permanente, do que a memória de dados, de informações diversas.

Uma experiência que você mesmo pode fazer, quando liga o rádio do carro e está tocando aquela música que você detesta. O que você faz na mesma hora? Muda de estação. Mas ela vai tocar na sua cabeça o resto do dia e você não consegue tirá-la da memória, você pensa que tem que esquecer, mas a música já volta a tocar na sua cabeça.

Há uma passagem em que Deus fala do seu esquecimento. Vamos abrir em Hebreus 10:17 “E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades”. Deus não diz: eu vou me esquecer, mas sim, eu não me lembrarei! É voluntário. Numa outra passagem, no Salmo 103, “Assim como está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões”. Imagine os pontos mais distantes do planeta, o oriente do ocidente. Se você viajar para o oriente, você nunca chega no oriente porque você vai estar sempre viajando em direção ao oriente, porque a terra é redonda e você está sempre viajando. São os pontos mais distantes um do outro, e assim como está distante o oriente do ocidente, assim Ele afasta de nós as nossas transgressões a essa distância impossível, essa distância que nunca vai voltar a se encontrar.

Há outra passagem em Isaías 38 que diz “porque lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados”. Deus lançou para trás, para as costas, todos os pecados. O que isso significa? Qualquer coisa nas minhas costas eu não consigo enxergar, nem mesmo consigo coçar alguns lugares das minhas costas, quanto menos enxergar coisas. Preciso usar de um espelho para ver o que há nelas. E Deus coloca nossos pecados, nesse lugar que é impossível de ver, Ele não volta a enxergar isso!

Alguém pode pensar que isso é banal, mas pense bem, será que você tem pecados que gostaria que fossem esquecidos por Deus? Será que existem coisas que você tem vergonha de se apresentar diante de Deus? E se Ele mostrar num telão aquilo e falar: olha o que você fez aqui, está vendo o que você fez? Será que não ficaríamos constrangidos, aterrorizados de pensar nessa possibilidade? Quanta coisa errada já fizemos na vida! Quantos pecados já cometemos, quantos segredos nós temos no coração, que às vezes nem a pessoa mais próxima de nós, sabe. Coisas que pensamos, que fazemos, e que estão lá, todas escondidinhas. Só eu que sei! Não, Deus sabe!

Mas existe uma maneira que Deus faz para pegar isso e lançar no esquecimento.

Voluntariamente, Deus não lembra mais, se esquece completamente.

Como Ele pode fazer isso? É esse o assunto aqui do capítulo 10 de Hebreus, por isso vamos ler um pouco mais agora, desde o versículo 1, quando ele vai falar da lei que foi dada a Moisés, para dar ao povo de Israel.

Mas, antes, é importante explicar o que é o pecado. Ele consiste em que o homem, o ser humano, nossos primeiros pais, lá atrás, no jardim do Éden, decidiram viver segundo a sua própria vontade, não mais de sujeição a Deus, quiseram ser seus próprios deuses. Foram tentados por Satanás, que falou que eles seriam como Deus, se comessem o fruto daquela árvore que Deus proibira que eles comessem, a árvore do conhecimento do bem e de mal, e eles comeram. Ser como Deus! Quer coisa mais tentadora que ser dono do seu próprio nariz?

Hoje se fala muito nisso, siga seu coração, você é dono da sua vida, você não tem que dar satisfação a ninguém, é uma coisa muito tentadora, e foi assim que Eva foi tentada e Adão foi junto. Eles pecaram, e esse pecado, ou seja, esse sentimento de autossuficiência, de independência, de rebelião contra Deus, faz parte do nosso DNA. Somos pecadores por causa disso, pecamos porque somos pecadores, não o inverso, nós não nos tornamos pecadores quando pecamos, nós pecamos porque somos pecadores. Um pé de banana dá bananas, porque é um pé de banana! A natureza da árvore é dar bananas. Nunca essa planta vai produzir abacaxi! Logo, nossa natureza é produzir pecados, porque nossa natureza é pecaminosa, é o pecado que habita em nós.

Então Deus, depois de ver a ruína que o pecado causou na humanidade, quando o homem pecou, tentou de diversas maneiras com o homem. Decidiu dar uma lei, por exemplo. Até certo ponto da humanidade, não existia mandamentos como hoje conhecemos. Havia certamente, alguns que Deus deu ao longo do tempo, mas eram simplesmente ordens, como no caso de alguém matar outra pessoa, o assassino poderia ser morto por uma autoridade. Mas Deus deu uma lei ao povo, o qual era como uma amostragem da raça humana, para ver se era possível ao homem ser capaz de andar de modo agradável a Deus. A Lei foi dada a Moisés, no alto de uma montanha fumegando e tremendo. Mas o povo lá embaixo, enquanto Moisés recebia as tábuas da lei, estava fazendo bezerros de ouro e adorando ídolos, ou seja, já começou tudo errado! Não seria possível consertar. De qualquer maneira, Deus deu a lei e Israel foi o receptáculo dela, eles tentaram praticá-la, só que o problema da lei, é que ela tem dez mandamentos, mas trezentas e tantas ordenanças, e um mandamento apenas, compromete tudo. Porque você pode até não matar, não adulterar, não fazer isso ou aquilo, mas há um que diz, não cobiçarás. O que é não cobiçar? É fazer qualquer dessas coisas erradas, em pensamento. O simples desejar fazer. Como por exemplo, quando o motorista me fechou na rua, eu desejo matá-lo! Eu cobicei praticar um homicídio. Ou quando passa uma mulher bonita, e eu desejei adulterar com ela. Então, a cobiça nos torna todos culpados, de qualquer maneira, e sem caminho de volta.

Alguém pode decidir seguir a lei de Deus. Tente! O apóstolo Paulo não conseguiu.

Em Thiago fala que se você transgredir um mandamento, você é culpado de todos. No capítulo 10 de Hebreus, versículo 1: “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam”. O que ele quer dizer aqui, é que a lei, aquele corpo de ordenanças, que inclui também rituais, sacrifícios de animais e uma série de outras coisas que os judeus tinham que praticar, são sombras de bens futuros, e que essas coisas ainda aconteceriam, porque eram sombras.

Quando vemos uma pessoa entrar pela porta, vemos antes, sua sombra: - ah, aí está vindo fulano. Bom, quando a pessoa entrar, não vou mais ficar olhando para a sombra, vou lá abraçá-la! Não abraço sua sombra, porque esta simplesmente avisa que a pessoa está chegando, logo, a lei era como se Deus estivesse avisando de algo que seria feito no futuro. Todos aqueles sacrifícios que foram feitos de animais, tinham uma contrapartida futura, que era a realidade daquela sombra, e é disso que ele fala. Os sacrifícios que continuamente se oferecem a cada ano, nunca poderiam aperfeiçoar o que a eles se achegam! ou seja, aqueles sacrifícios não podiam fazer nada pelas pessoas que os ofereceriam. Então para que serviam os sacrifícios? É o que ele vai falar em seguida, no versículo 2: “Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado”. Nesses sacrifícios feitos a cada ano, se faz comemoração dos pecados. Ele está explicando que eles faziam sacrifícios, ano após ano, que eram figuras de coisas futuras, mas que não tinham qualquer efeito, pois como ele fala, tinha que repetir sempre, porque eles não causavam nada. É como quando você tenta lavar roupa sem sabão, por exemplo. Você lava, tira a roupa da máquina, põe de novo, lava, tira novamente da máquina, e sempre há alguma manchinha, porque faltou algo, ainda não está o que é real. Esses sacrifícios todo ano faziam comemoração de pecados, não era para tirar pecados, porque não havia poder neles para isso.

Quando um judeu israelita oferecia um sacrifício, era para lembrá-lo: olha, você é um pecador, precisa da graça, da misericórdia de Deus. Porque veja, esse aqui não vai adiantar nada, ano que vem você vai ter que oferecer de novo. Ele não é definitivo. É mais ou menos como celebrar aniversário. Todo mundo sopra velinhas, canta parabéns, enfim, e eu pergunto: o aniversário causa alguma coisa em você? Não. Ele simplesmente diz que agora você está um ano mais perto da morte! Um ano a menos, e que a vida vai acabar. Às vezes enxergamos o contrário, celebramos mais um ano de vida! Não, é menos um ano de vida! É como gastar dinheiro. Você tem dez notas de dez reais na carteira, e cada vez que você vai tirando uma nota, sobra menos notas, tem menos dinheiro, assim é o aniversário. Assim eram os sacrifícios, faziam somente com que eles recordassem que eram pecadores, porque no versículo 4 diz “Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados”. Pois touros, bodes, ovelhas, cordeiros eram sacrificados.

A realidade, o que esses sacrifícios prefiguravam, era um único sacrifício que Deus ia oferecer. Não o homem! No versículo 4 fala: “Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados. Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; Holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui venho (No princípio do livro está escrito de mim), Para fazer, ó Deus, a tua vontade”.

Esse é Jesus! Ele está citando uma passagem do Salmo 40, que diz, “entrando no mundo sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste.” É interessante entender essa passagem, porque Jesus é o filho eterno de Deus, é uma pessoa divina da Trindade que inclui o Pai, o Filho e Espírito Santo, e quando fala dele “entrando no mundo, corpo me preparaste”, está dizendo que Deus preparou um corpo para o Seu filho, um corpo de carne, semelhante ao nosso, porque Jesus já existia antes de ter um corpo. Ele não foi criado, nunca foi! Ele é Deus também. É o criador, aliás. Mas quando ele fala corpo me preparaste, é porque ele já existia, ele entra no mundo através de um corpo, de uma forma miraculosa, pela concepção virginal de Maria. Nasce como um bebê neste mundo, mas que tinha pré-existência na eternidade. Diferente de nós que fomos concebidos numa relação entre nosso pai e mãe. Ele não teve um pai humano, por isso não herdou o pecado de Adão. Maria foi apenas o receptáculo, porque o Espírito Santo a cobriu com a sua sombra e gerou nela essa criança, Jesus, o Salvador do mundo, Deus conosco! Inclusive ele foi chamado assim quando gerado, Deus conosco, porque era Deus vindo habitar conosco.

Um detalhe curioso que não é citado aqui nesta passagem, quando o autor da carta aos Hebreus, menciona o Salmo 40, ele não fala uma linha do salmo, que é dito: sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste, “as minhas orelhas furaste”. Interessante ler: “minhas orelhas furaste”, no Salmo. Algumas passagens falam “meus ouvidos abriste”, mas a passagem mais correta, seria “minhas orelhas furastes” como está em algumas Bíblias no Antigo Testamento em Êxodo. O que esse trechinho quer dizer?

Fazia parte do corpo da lei, que um israelita pudesse decidir tornar-se escravo, o que não tem a mesma conotação do que entendemos no Brasil, já que quando falamos em escravidão nos remetemos ao tempo colonial, daqueles que vinham aprisionados da África e que apanhavam muito, que eram amarrados num tronco, tratados como animais, enfim. Porém, em Israel, havia um tipo de escravidão que era mais como uma servidão. Um israelita que tivesse dívidas, poderia se vender como escravo, para outro israelita, a fim de poder pagar suas dívidas. Ali ele trabalhava seis anos e saia livre. Podemos nos assustar com isso, - nossa, mas ele se vender como escravo?! Ora, e quem tem financiamento de banco e não consegue sair, o que está fazendo? Se escravizando também, de certa forma, preso a esse banco, porque não consegue pagar o financiamento, é um tipo de escravidão.

Mas se o patrão desse servo israelita lhe arrumasse uma esposa, e os anos dele cumprir, chegavam ao fim, e ele tivesse que ir embora, o servo, que amava demais essa esposa, poderia decidir não mais sair dali, serviria aquela casa, até o fim da sua vida, podendo assim permanecer com sua mulher. Então o patrão encostava sua orelha no batente da porta, pegava uma sovela, que é um perfurador parecido com um saca-rolha, e enfiava na orelha do servo, na madeira da porta. Ao tirar ele ficava com a orelha furada e o batente da porta ficava com uma marca, aquilo era uma espécie de contrato que ambos faziam, de que aquele escravo ficaria, vamos dizer assim, preso àquela casa, até morrer.

Então, quando Cristo vem ao mundo, na realidade, foi isso o que ele fez, ele amava tanto aqueles que iria salvar - os que a Bíblia chama de Igreja, que é a noiva de Cristo, ou seja, todos os salvos por Cristo - que ele quis que a sua orelha fosse furada, quis ficar preso a essa esposa que ele vinha buscar no mundo. O seu amor era tamanho, que ele fez questão de ser pregado numa cruz, só não teve a orelha furada, mas as mãos e os pés pregados num madeiro, teve a lança do soldado furando seu lado morto, ali na cruz. No versículo 6, fala: „Holocaustos e oblações (são ofertas) pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui venho (No princípio do livro está escrito de mim), Para fazer, ó Deus, a tua vontade”, eis o motivo pelo qual ele veio ao mundo.

Outro detalhe interessante são os versículos seis e sete, que falam dos holocaustos. Ele acabou de falar lá em cima que estes não serviam para tirar pecados. Os animais eram sacrificados contra a vontade deles, nenhum animal se apresentava ao sacerdote e dizia: Eu quero ser sacrificado! Claro que não, eles pegavam o animal sem defeito, matavam-no, derramavam o sangue e queimavam seu corpo no altar, que era uma grande grelha. Costumamos pensar que altar é sempre algo como uma mesa bonitinha, num templo católico ou protestante, uma coisa de mármore, mas não é! Altar era, usando uma imagem de hoje, uma grande churrasqueira, que tinha só a caixa com uma grelha para cair as cinzas embaixo, quando os animais queimavam sobre a lenha, isso era o holocausto, o que era queimado no altar: Oferta queimada.

Mas Deus ia prover um sacrifício voluntário, porque ele diz, “eis aqui venho para fazer ó Deus a tua vontade”. Cristo foi o cordeiro que se apresentou voluntariamente, e “no princípio do livro está escrito a meu respeito” ele fala, porque sempre houve nos desígnios de Deus, um cordeiro que iria ser morto. Se você ler no começo da Bíblia, sobre o jardim do Éden, logo que Adão e Eva pecaram, tentaram cobrir o seu pecado com sua nudez. O que era sua nudez? Era sua incapacidade de tentar se cobrir com folha de figueira. Deus matou um animal, tirou a sua pele e fez uma roupa para Adão e Eva se cobrirem. Esse animal foi o primeiro animal morto no Éden e era já, uma figura de Cristo que seria morto. Quando Caim ofereceu frutas, legumes e cereais, e Abel ofereceu um animal morto, Deus se agradou do sacrifício de Abel, porque era uma figura de Cristo, daquele inocente morrendo no lugar do pecador.

Então, ele vem como um sacrifício voluntário, e no versículo 8 continua dizendo “Como acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo”. O que significa dizer que Deus tinha feito uma aliança com Israel, com base e nos sacrifícios da lei, mas agora Deus estava tirando essa primeira coisa, e estabelecendo uma segunda, era uma nova aliança com base agora no único sacrifício voluntário de Cristo. A primeira aliança, o primeiro sacrifício, não tinha como tirar o pecado do homem, mas esse tem! Essa é a grande diferença. Tira o primeiro para estabelecer o segundo, „Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez”. Uma vez!

Um dia, seu carro quebra, você vai a um mecânico e compra uma peça Xing Ling. Certa vez aconteceu isso com um carro que eu tinha. O farol, a lâmpada original, havia queimado, então procurei a mais barata para comprar. Pus uma lâmpada Xing Ling, sem marca, vinda da China: Passado um mês, queimou a lâmpada do farol. Fui a um eletricista, ele abriu o farol, tirou a lâmpada, e eu disse para por uma barata. Fizemos isso, e mais um tempinho passou, queimou de novo. Perguntei qual era afinal o problema, porque estava sempre queimando. - O problema é a lâmpada, você põe lâmpada de baixa qualidade, que não tem boa marca, ponha essa aqui, você não vai precisar mais trocar lâmpada alguma, porque essa é original do seu carro, respondeu o mecânico. Eu fiz o que ele sugeriu, e fiquei sossegado, não voltou a queimar.

É mais ou menos assim, você fica tentando uma coisa que não resolve o problema, até que vem alguém e fala que agora há uma coisa que nunca mais vai precisar trocar, isso que Deus fez.

Esse sacrifício agora, santifica para sempre, pela entrega do corpo de Cristo. Costumamos falar em santidade, santificação e pouca gente percebe que santificação é separação. Vou dar um exemplo. Se você vai lavar louça na pia, o que você faz? Pega a louça suja, que está do lado de cá, lava e põe onde? Do mesmo lado da pia? Não, só fará isso se a pia for muito pequena. Você a coloca do outro lado da pia: aqui estão as sujas, e aqui as limpas, eu santifiquei essa louça, porque a separei do seu estado original de sujeira, e agora está limpa.

Quando uma pessoa vem a Cristo, crê em Jesus como seu Salvador, Deus faz uma obra espiritual nessa pessoa, é um milagre que Deus causa, Ele aplica nela todo poder e eficácia daquele sacrifício que foi feito uma única vez, há dois mil anos. Lembre-se, os sacrifícios repetitivos da lei judaica não resolviam nada, só lembravam que o homem era pecador, até que veio um homem, Jesus - Deus e homem - foi até a cruz, onde Deus o fez pecado por nós. Ele foi transformado em pecado ali na cruz, e Deus castigou a Cristo, eliminando de vez a raiz do mal que estragou a criação de Deus, o pecado, e ao mesmo tempo, lançou sobre Cristo os pecados de todos os que creem e de todos os que creriam nele, inclusive. E ali resolveu de uma vez para sempre o problema do pecado.

Então aqueles que creem são santificados, ou seja, saíram do lugar da louça suja e foram para o lado da louça limpa, não tem mais nada a ver com aquela louça suja. Santificados pela oferta, pela oblação do corpo de Jesus Cristo feita uma vez.

E agora o versículo vai mostrar o contraste. Antes, o sacerdote do judaísmo aparece cada dia ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados. Mas este é Jesus, „havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre a destra de Deus.

Se acabou de lavar a louça suja e está tudo limpo, você senta e fala: terminei a minha limpeza da cozinha de hoje! Sentar-se é dar por encerrada uma tarefa. Cristo morreu, ressuscitou, subiu e assentou-se na glória, à destra da majestade nas alturas, significa que de uma vez por todas ele não vai mais por a mão em pecado, ele não vai mais se sacrificar por pecado, por pecador algum, ele fez somente uma vez com validade eterna! É isso o que nos é dito aqui, é nossa grande segurança!

No versículo 13 ele continua dizendo: “Daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo (ou estrado) de seus pés”. Em outras palavras, Cristo está agora sentado à direita de Deus, aguardando o momento quando seus inimigos ficarão aos seus pés. Todo aquele que rejeita a Cristo como Salvador, continua na condição em que veio ao mundo, inimigo de Deus. O apóstolo Paulo fala em Romanos, que nós somos inimigos de Deus por natureza. E a única maneira de você se tornar amigo de Deus ou ser feito amigo de Deus, é pela fé em Jesus, crendo em Jesus e sendo salvo, sendo tirado do lado da coisa suja, para o lado da coisa limpa, sendo salvo eternamente. Porque haverá um dia, o apóstolo Paulo fala em Filipenses 2, que ao nome de Jesus se dobrarão todos os joelhos, dos que estão nos céus e na terra, e debaixo da terra e toda língua confessará Jesus é Senhor para glória de Deus Pai. O que significa que toda criação se prostrará aos seus pés. Uns se prostram agora, em vida, quando creem em Cristo como Salvador, outros se prostrarão como inimigos aos pés de Jesus, para receber a sentença eterna, que é a eternidade no lago de fogo.

É isso o que a Bíblia mostra em várias passagens, onde haverá choro e ranger de dentes. Onde o bicho não morre, o Senhor Jesus fala nos evangelhos, e o que significa o bicho não morre? É que a vida não termina. Isso que nos mantém vivos, não termina. Algumas religiões falam que quando a pessoa morre, acaba tudo. Ou então que a pessoa será julgada no juízo final e tudo acaba, desaparece, é extinto. De jeito nenhum! O ser humano que não creu em Jesus vai eternamente viver no lago de fogo em sofrimento, sozinho, em trevas. Logo, isso não é lugar para bater papo, são trevas exteriores, ou seja, ela já está com trevas interiores no seu coração, porque é incrédulo em Cristo e vai viver em trevas exteriores do lado de fora. Não vai enxergar nada também, estará mergulhada em trevas pela eternidade. Isso é o juízo final.

Você pode dizer que esta mensagem só fala de coisa ruim! Pelo contrário. A coisa boa, a boa notícia, é que Deus está dando de graça a salvação, para aquele que simplesmente se reconhece pecador e crê em Jesus como seu salvador.

Continuando no versículo 14, ele volta a reafirmar: “Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados”. Uma pessoa quando crê em Cristo, e é salva, é aperfeiçoada para sempre. - Mas espere, eu estou cheio de defeitos ainda! - Sim, mas entenda, existe a sua posição e sua condição! Imagine que você se candidata a presidente da República, e acabaram de contar os votos, e você descobre que venceu. Você já está eleito, agora sua posição é de presidente, só falta esperar o dia de receber a faixa, a diplomação do presidente, só então, você passará a atuar como presidente. Assim é o pecador. Quando cremos em Cristo, estamos eternamente salvos, perfeitos, santificados, plenamente aperfeiçoados para sempre, mas ainda vivemos num corpo velho, daquela outra criação que vai acabar, a qualquer hora vamos sair daqui, deixaremos este corpo para receber o corpo ressuscitado ou transformado, para entrarmos no céu, na eternidade para sempre com Cristo.

No versículo seguinte, ou seja, 15 nos é dito: “E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito: Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, E as escreverei em seus entendimentos; e acrescenta:

E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades. Ora, onde há remissão de pecados, destes, não há mais oblação pelo pecado”. Não precisa fazer mais nada em prol do pecador, porque a única coisa que podia ser feita, para sua salvação, já foi feita.

Paulo fala em Romanos 8:1: “agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Nenhuma condenação! É como se eu chegasse no armazém da esquina para pagar minha conta, e o dono me dissesse: - Olha Mario, não há nenhuma conta! Nenhuma dívida para você. - Mas porque, o que aconteceu? Pergunto. - Veio um amigo seu e pagou- responde o dono do armazém. Foi isso que Cristo fez. Tínhamos uma dívida, nossos pecados estavam pendentes na caderneta de Deus, então Cristo veio ao mundo, pagou pelos nossos pecados e não há nada mais.

Uma vez perguntaram a uma menininha que cria no Senhor Jesus, como ela entendia que Deus teria apagado os seus pecados, como Deus teria lançado no esquecimento, como não se lembraria mais de seus pecados. Ela falou - eu acho que é assim, Deus tinha uma lista, um papel bem comprido, onde ele anotava todos os meus pecados no céu, ele ia anotando, anotando, e quando Cristo morreu, caiu sangue nessa lista, agora Deus não consegue mais ler meus pecados, ele não pode mais me condenar, estou salva - “Jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades”. E você, tem pecados? É um pecador, como qualquer pessoa que vem a esse mundo? Você crê que Cristo pagou pelos seus pecados? Crê que aquele sacrifício que ele está anunciando aqui, definitivo, valeu para você? Crê que foi incluído ali, naquele momento na cruz, quando Cristo morria, pelos seus pecados? Que seu Sangue purificou você de todos seus pecados? Se você crer, a sua lista ficou como a da menininha. Deus não consegue mais ler porque ele lançou seus pecados no esquecimento, para trás das suas costas, no fundo do mar, ou do oriente ao ocidente, “não me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades”. É Deus quem afirma isso daqueles que creem em Jesus como seu Salvador.

Existe uma lenda, - fiz uma pesquisa na internet, porque eu já havia escutado essa história, mas que é realmente uma lenda, - que foi usada pela Rolls-Royce, fabricante de carros britânicos, que diz que na década de 50, um milionário estava viajando pela Suíça com seu Rolls-Royce e quebrou uma peça do carro. Ele telefonou para a firma na Inglaterra informando que a peça havia quebrado. O atendente pediu que ele aguardasse porque eles pegariam um avião naquele momento para resolver seu problema. O que foi logo feito, pegaram um avião, um helicóptero, enfim, desceram, trocaram a peça do carro, subiram no helicóptero, foram embora, e o homem pode continuar suas férias. Passado um tempo e não vindo a conta, o homem resolveu telefonar para a Rolls-Royce e explicou que havia sido atendido na Suíça, na estrada tal, no dia tal, que trocaram a peça tal, e queria saber qual o valor da conta para pagar o serviço, afinal, deve ter sido caro mandar um mecânico até a Suíça para trocar uma peça. A pessoa do outro lado da linha falou que estava consultando os registros, mas que não havia nenhum atendimento de um carro na Suíça, logo, não existe essa troca de peças, aquilo não aconteceu. Essa lenda costumava ser inclusive estimulada pela Rolls-Royce para dizer que a empresa fabricava um carro que nunca quebrava e que era impossível que alguém tivesse pedido para consertar uma Rolls-Royce, por isso, aquilo nem constava nos arquivos.

Então pense agora que quando Deus olhar para você, se você crer no Senhor Jesus, Ele vai olhar para uma pessoa que nunca pecou. Claro, você sabe que pecou, mas Ele deliberadamente e de vontade própria, causou uma amnésia no Seu cérebro, queimou os arquivos que continham seus pecados, deletou, formatou o HD dos seus pecados, e agora Deus não se lembra mais deles “dos seus pecados não me lembrarei” jamais! Nem das suas iniquidades.