http://files.3minutos.net/evangelho/Amnesia-Mario-Persona.mp3
https://youtu.be/264e2Fnt4vA
Amnésia
Mário
Persona
Há alguns anos, eu
peguei uma sequência de trabalho, com uma viagem emendada a outra, o que foi
bastante estressante. Sempre embarcando, tendo que preparar para a palestra,
viajar de carro, enfim, e juntando uma coisa com a outra, terminou no interior
do Paraná com duas ou três preleções simultâneas em cidades diferentes. Na última
noite, eu não lembro bem qual cidade era, o organizador do evento me levou de
carro até Curitiba, para eu pegar o voo de volta no dia seguinte. Era uma sexta
feira de madrugada. Chegamos em Curitiba, ele me deixou às duas horas, em um
hotel próximo ao aeroporto para eu pegar meu voo logo de manhã - teria que
acordar umas 04h30min para o voo, e estar no sábado em casa. Fiz tudo isso, mas
o interessante aconteceu no sábado de manhã, ou melhor, na hora do almoço.
É até estranho contar
uma situação dessas - eu me vi, me encontrei, no sábado na minha cozinha! Meu
filho Pedro estava na mesa, e eu tinha um prato pronto na mão, que era o seu
almoço. Havia uma empregada que dormiu lá, mas que nessa hora, já não estava
mais em casa. Tudo o que lembro é que eu de repente, estava na minha cozinha,
segurando um prato, sem saber como tinha ido parar ali. Na minha memória, eu
estava no interior do Paraná, e de repente, na minha cozinha.
Quem já viu aquele
seriado Jornada nas Estrelas, que eles têm o tele transporte, entende o que
digo. Eles estão num lugar, e de repente, vão se degradando, a pessoa vai
sumindo e aparece dentro da nave, no espaço, em outro lugar, outro planeta. A
experiência que passei é mais ou menos essa, de tele transporte. Tive um
negócio chamado amnésia. Não sei se você já teve isso, mas é uma experiência ao
mesmo tempo aterrorizante, mas extremamente curiosa, porque você não consegue
imaginar como foi parar ali.
Imagine você piscar
aqui os olhos e ao abri-los, estar em São Paulo, ou no Rio de Janeiro. Quando
você abre os olhos, se pergunta: como vim parar aqui? Foi essa a experiência
que eu vivi. Depois fiz vários exames, inclusive a hora que eu percebi isso,
que me dei conta que eu estava na cozinha de casa, sem as horas passadas
fazerem parte do meu arquivo, da minha memória, comecei a andar pela casa. Fui
até meu escritório, olhei o computador ligado e vi os e-mails. Eles estavam
respondidos, com a data daquela manhã. Eu havia respondido e-mails! Imagine, não
me lembrava nem da viagem, nem do hotel, me lembrava apenas que estava no
interior do Paraná. Liguei para minha irmã, meu cunhado correu lá em casa- eu
lembrava que tinha uma irmã, pelo menos. Ele ficou lá, conversando comigo e aos
poucos, o que levou mais ou menos uma hora, fui recuperando, fazendo os links
daquele período de tempo que desapareceu da minha vida. Isso se chama amnésia e
é um problema sério também para quem é de idade avançada, quem sofre de
Alzheimer, quando as pessoas começam a perder completamente a memória.
Há pessoas que se
lembram de coisas muito antigas, mas não tem memória curta. Eu por exemplo
tenho esse problema. A pessoa, por exemplo, dá a mão para mim, diz muito
prazer, fala o nome, enfim. Passados uns cinco minutos, já não lembro mais quem
é a pessoa, não me lembro do seu nome, e é desagradável você perguntar de novo:
como é seu nome mesmo? E é como eu falei, é uma situação aterrorizante. Mas há
uma coisa que eu estava pensando quando me lembrei desse fato, eu me lembrei de
Deus. Porque Deus é perfeito! É onisciente, onipresente, onipotente, e a Sua
onisciência não deixa que Ele se esqueça de coisa alguma. É interessante isso,
Deus não se esquece de coisa alguma! Imagine uma memória perfeita, uma memória
que se lembra do que aconteceu a três mil anos, da pedrinha que rolou da
montanha, lá no Tibete, a memória de Deus é assim. Ele lembra o nome de cada
estrela, de quantas elas são, de quantos planetas há no céu, lembra quantos
grãos de areia existem na praia, Ele lembra tudo, sabe tudo! É onisciente.
Logo, Deus não poderia
esquecer-se de nada. No entanto, a Bíblia fala que Deus é um Deus esquecido.
Mas não esquecido como nós somos, porque nós nos esquecemos involuntariamente,
como esse surto de amnésia que relatei, ou então, quando, por exemplo, vamos
fazer uma prova e tudo que estudamos, de repente desaparece. Na profissão de
palestrante, acontece muito isso, dá um branco e você às vezes, olha a plateia
e não lembra mais o que está fazendo ali, esquece completamente o que ia falar.
Escritor também tem isso, é a tal da página em branco, quando ele olha
desesperado porque não vem ideia alguma à cabeça. Esse tipo de amnésia, Deus
não tem efetivamente. Ele tem outro tipo, que é voluntária. Ou seja, Deus
esquece porque Ele quer esquecer. E esse é um poder que nós não temos.
Se eu falar que vou
esquecer tal coisa, eu não consigo, não de moto próprio. Só de pensar em
esquecer, já estou lembrando da coisa. Se alguém me ofendeu, por exemplo, - ok,
está bom, eu posso esquecer, no sentido de eu relegar isso ao segundo plano,
nunca mais pensar nisso, mas está lá. Um momento aquilo volta, e eu me lembro,
porque está gravado. Eu não consigo, voluntariamente, apagar minha memória. Um
exemplo interessante disso é a música. Nós temos uma memória musical. Vi num
documentário que inclusive, estão fazendo experiências com portadores de
Alzheimer, usando músicas que a pessoa ouvia na adolescência. Eles colocam um
fone de ouvido num velhinho num asilo, então, vem a sua esposa que não está
senil, e senta-se na frente dele. O velhinho está naquele estado que não abre
mais os olhos, não fala mais com ninguém, não reconhece ninguém, ele não faz
mais nada, enfim, está totalmente vegetativo. Eles então ligam a música, que
foi a primeira que eles dançaram, por exemplo, e o velhinho abre os olhos, olha
para ela e fala: você veio me visitar? Você está aqui! E começa a conversar com
a esposa, enquanto escuta a canção. Desligada a música, ele apaga, como se
tivesse sido desligado um botão. Isso é por causa da nossa memória musical, ela
é muito mais persistente e permanente, do que a memória de dados, de informações
diversas.
Uma experiência que
você mesmo pode fazer, quando liga o rádio do carro e está tocando aquela
música que você detesta. O que você faz na mesma hora? Muda de estação. Mas ela
vai tocar na sua cabeça o resto do dia e você não consegue tirá-la da memória,
você pensa que tem que esquecer, mas a música já volta a tocar na sua cabeça.
Há uma passagem em que
Deus fala do seu esquecimento. Vamos abrir em Hebreus 10:17 “E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades”. Deus não diz: eu vou me esquecer, mas sim, eu não me
lembrarei! É voluntário. Numa outra passagem, no Salmo 103, “Assim como está
longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões”.
Imagine os pontos mais distantes do planeta, o oriente do ocidente. Se você
viajar para o oriente, você nunca chega no oriente porque você vai estar sempre
viajando em direção ao oriente, porque a terra é redonda e você está sempre
viajando. São os pontos mais distantes um do outro, e assim como está distante
o oriente do ocidente, assim Ele afasta de nós as nossas transgressões a essa
distância impossível, essa distância que nunca vai voltar a se encontrar.
Há outra
passagem em Isaías 38 que diz “porque lançaste para trás das tuas costas
todos os meus pecados”. Deus lançou para trás, para as costas, todos os
pecados. O que isso significa? Qualquer coisa nas minhas costas eu não consigo
enxergar, nem mesmo consigo coçar alguns lugares das minhas costas, quanto
menos enxergar coisas. Preciso usar de um espelho para ver o que há nelas. E
Deus coloca nossos pecados, nesse lugar que é impossível de ver, Ele não volta
a enxergar isso!
Alguém
pode pensar que isso é banal, mas pense bem, será que você tem pecados que
gostaria que fossem esquecidos por Deus? Será que existem coisas que você tem
vergonha de se apresentar diante de Deus? E se Ele mostrar num telão aquilo e
falar: olha o que você fez aqui, está vendo o que você fez? Será que não
ficaríamos constrangidos, aterrorizados de pensar nessa possibilidade? Quanta
coisa errada já fizemos na vida! Quantos pecados já cometemos, quantos segredos
nós temos no coração, que às vezes nem a pessoa mais próxima de nós, sabe.
Coisas que pensamos, que fazemos, e que estão lá, todas escondidinhas. Só eu
que sei! Não, Deus sabe!
Mas
existe uma maneira que Deus faz para pegar isso e lançar no esquecimento.
Voluntariamente,
Deus não lembra mais, se esquece completamente.
Como
Ele pode fazer isso? É esse o assunto aqui do capítulo 10 de Hebreus, por isso
vamos ler um pouco mais agora, desde o versículo 1, quando ele vai falar da lei
que foi dada a Moisés, para dar ao povo de Israel.
Mas,
antes, é importante explicar o que é o pecado. Ele consiste em que o homem, o
ser humano, nossos primeiros pais, lá atrás, no jardim do Éden, decidiram viver
segundo a sua própria vontade, não mais de sujeição a Deus, quiseram ser seus
próprios deuses. Foram tentados por Satanás, que falou que eles seriam como
Deus, se comessem o fruto daquela árvore que Deus proibira que eles comessem, a
árvore do conhecimento do bem e de mal, e eles comeram. Ser como Deus! Quer
coisa mais tentadora que ser dono do seu próprio nariz?
Hoje se
fala muito nisso, siga seu coração, você é dono da sua vida, você não tem que
dar satisfação a ninguém, é uma coisa muito tentadora, e foi assim que Eva foi
tentada e Adão foi junto. Eles pecaram, e esse pecado, ou seja, esse sentimento
de autossuficiência, de independência, de rebelião contra Deus, faz parte do
nosso DNA. Somos pecadores por causa disso, pecamos porque somos pecadores, não
o inverso, nós não nos tornamos pecadores quando pecamos, nós pecamos porque
somos pecadores. Um pé de banana dá bananas, porque é um pé de banana! A
natureza da árvore é dar bananas. Nunca essa planta vai produzir abacaxi! Logo,
nossa natureza é produzir pecados, porque nossa natureza é pecaminosa, é o
pecado que habita em nós.
Então
Deus, depois de ver a ruína que o pecado causou na humanidade, quando o homem
pecou, tentou de diversas maneiras com o homem. Decidiu dar uma lei, por
exemplo. Até certo ponto da humanidade, não existia mandamentos como hoje
conhecemos. Havia certamente, alguns que Deus deu ao longo do tempo, mas eram
simplesmente ordens, como no caso de alguém matar outra pessoa, o assassino
poderia ser morto por uma autoridade. Mas Deus deu uma lei ao povo, o qual era
como uma amostragem da raça humana, para ver se era possível ao homem ser capaz
de andar de modo agradável a Deus. A Lei foi dada a Moisés, no alto de uma
montanha fumegando e tremendo. Mas o povo lá embaixo, enquanto Moisés recebia
as tábuas da lei, estava fazendo bezerros de ouro e adorando ídolos, ou seja,
já começou tudo errado! Não seria possível consertar. De qualquer maneira, Deus
deu a lei e Israel foi o receptáculo dela, eles tentaram praticá-la, só que o
problema da lei, é que ela tem dez mandamentos, mas trezentas e tantas
ordenanças, e um mandamento apenas, compromete tudo. Porque você pode até não
matar, não adulterar, não fazer isso ou aquilo, mas há um que diz, não
cobiçarás. O que é não cobiçar? É fazer qualquer dessas coisas erradas, em
pensamento. O simples desejar fazer. Como por exemplo, quando o motorista me
fechou na rua, eu desejo matá-lo! Eu cobicei praticar um homicídio. Ou quando
passa uma mulher bonita, e eu desejei adulterar com ela. Então, a cobiça nos
torna todos culpados, de qualquer maneira, e sem caminho de volta.
Alguém
pode decidir seguir a lei de Deus. Tente! O apóstolo Paulo não conseguiu.
Em
Thiago fala que se você transgredir um mandamento, você é culpado de todos. No
capítulo 10 de Hebreus, versículo 1: “Porque tendo a lei a sombra dos bens
futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que
continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam”.
O que ele quer dizer aqui, é que a lei, aquele corpo de ordenanças, que inclui
também rituais, sacrifícios de animais e uma série de outras coisas que os
judeus tinham que praticar, são sombras de bens futuros, e que essas coisas
ainda aconteceriam, porque eram sombras.
Quando
vemos uma pessoa entrar pela porta, vemos antes, sua sombra: - ah, aí está
vindo fulano. Bom, quando a pessoa entrar, não vou mais ficar olhando para a
sombra, vou lá abraçá-la! Não abraço sua sombra, porque esta simplesmente avisa
que a pessoa está chegando, logo, a lei era como se Deus estivesse avisando de
algo que seria feito no futuro. Todos aqueles sacrifícios que foram feitos de
animais, tinham uma contrapartida futura, que era a realidade daquela sombra, e
é disso que ele fala. Os sacrifícios que continuamente se oferecem a cada ano,
nunca poderiam aperfeiçoar o que a eles se achegam! ou seja, aqueles sacrifícios
não podiam fazer nada pelas pessoas que os ofereceriam. Então para que serviam
os sacrifícios? É o que ele vai falar em seguida, no versículo 2: “Doutra
maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os
ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado”. Nesses sacrifícios
feitos a cada ano, se faz comemoração dos pecados. Ele está explicando que eles
faziam sacrifícios, ano após ano, que eram figuras de coisas futuras, mas que
não tinham qualquer efeito, pois como ele fala, tinha que repetir sempre,
porque eles não causavam nada. É como quando você tenta lavar roupa sem sabão,
por exemplo. Você lava, tira a roupa da máquina, põe de novo, lava, tira
novamente da máquina, e sempre há alguma manchinha, porque faltou algo, ainda
não está o que é real. Esses sacrifícios todo ano faziam comemoração de
pecados, não era para tirar pecados, porque não havia poder neles para isso.
Quando
um judeu israelita oferecia um sacrifício, era para lembrá-lo: olha, você é um
pecador, precisa da graça, da misericórdia de Deus. Porque veja, esse aqui não
vai adiantar nada, ano que vem você vai ter que oferecer de novo. Ele não é
definitivo. É mais ou menos como celebrar aniversário. Todo mundo sopra
velinhas, canta parabéns, enfim, e eu pergunto: o aniversário causa alguma
coisa em você? Não. Ele simplesmente diz que agora você está um ano mais perto
da morte! Um ano a menos, e que a vida vai acabar. Às vezes enxergamos o
contrário, celebramos mais um ano de vida! Não, é menos um ano de vida! É como
gastar dinheiro. Você tem dez notas de dez reais na carteira, e cada vez que
você vai tirando uma nota, sobra menos notas, tem menos dinheiro, assim é o
aniversário. Assim eram os sacrifícios, faziam somente com que eles recordassem
que eram pecadores, porque no versículo 4 diz “Porque é impossível que o
sangue dos touros e dos bodes tire os pecados”. Pois touros, bodes,
ovelhas, cordeiros eram sacrificados.
A
realidade, o que esses sacrifícios prefiguravam, era um único sacrifício que
Deus ia oferecer. Não o homem! No versículo 4 fala: “Porque é impossível que
o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados. Por isso, entrando no mundo,
diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; Holocaustos e
oblações pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui venho (No
princípio do livro está escrito de mim), Para fazer, ó Deus, a tua vontade”.
Esse
é Jesus! Ele está citando uma passagem do Salmo 40, que diz, “entrando no mundo
sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste.” É interessante
entender essa passagem, porque Jesus é o filho eterno de Deus, é uma pessoa
divina da Trindade que inclui o Pai, o Filho e Espírito Santo, e quando fala
dele “entrando no mundo, corpo me preparaste”, está dizendo que Deus preparou
um corpo para o Seu filho, um corpo de carne, semelhante ao nosso, porque Jesus
já existia antes de ter um corpo. Ele não foi criado, nunca foi! Ele é Deus
também. É o criador, aliás. Mas quando ele fala corpo me preparaste, é porque
ele já existia, ele entra no mundo através de um corpo, de uma forma
miraculosa, pela concepção virginal de Maria. Nasce como um bebê neste mundo,
mas que tinha pré-existência na eternidade. Diferente de nós que fomos
concebidos numa relação entre nosso pai e mãe. Ele não teve um pai humano, por
isso não herdou o pecado de Adão. Maria foi apenas o receptáculo, porque o
Espírito Santo a cobriu com a sua sombra e gerou nela essa criança, Jesus, o
Salvador do mundo, Deus conosco! Inclusive ele foi chamado assim quando gerado,
Deus conosco, porque era Deus vindo habitar conosco.
Um
detalhe curioso que não é citado aqui nesta passagem, quando o autor da carta
aos Hebreus, menciona o Salmo 40, ele não fala uma linha do salmo, que é dito:
sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste, “as minhas orelhas
furaste”. Interessante ler: “minhas orelhas furaste”, no Salmo. Algumas
passagens falam “meus ouvidos abriste”, mas a passagem mais correta, seria “minhas
orelhas furastes” como está em algumas Bíblias no Antigo Testamento em Êxodo. O
que esse trechinho quer dizer?
Fazia
parte do corpo da lei, que um israelita pudesse decidir tornar-se escravo, o
que não tem a mesma conotação do que entendemos no Brasil, já que quando
falamos em escravidão nos remetemos ao tempo colonial, daqueles que vinham
aprisionados da África e que apanhavam muito, que eram amarrados num tronco,
tratados como animais, enfim. Porém, em Israel, havia um tipo de escravidão que
era mais como uma servidão. Um israelita que tivesse dívidas, poderia se vender
como escravo, para outro israelita, a fim de poder pagar suas dívidas. Ali ele
trabalhava seis anos e saia livre. Podemos nos assustar com isso, - nossa, mas
ele se vender como escravo?! Ora, e quem tem financiamento de banco e não
consegue sair, o que está fazendo? Se escravizando também, de certa forma,
preso a esse banco, porque não consegue pagar o financiamento, é um tipo de
escravidão.
Mas
se o patrão desse servo israelita lhe arrumasse uma esposa, e os anos dele
cumprir, chegavam ao fim, e ele tivesse que ir embora, o servo, que amava
demais essa esposa, poderia decidir não mais sair dali, serviria aquela casa,
até o fim da sua vida, podendo assim permanecer com sua mulher. Então o patrão
encostava sua orelha no batente da porta, pegava uma sovela, que é um
perfurador parecido com um saca-rolha, e enfiava na orelha do servo, na madeira
da porta. Ao tirar ele ficava com a orelha furada e o batente da porta ficava
com uma marca, aquilo era uma espécie de contrato que ambos faziam, de que
aquele escravo ficaria, vamos dizer assim, preso àquela casa, até morrer.
Então,
quando Cristo vem ao mundo, na realidade, foi isso o que ele fez, ele amava
tanto aqueles que iria salvar - os que a Bíblia chama de Igreja, que é a noiva
de Cristo, ou seja, todos os salvos por Cristo - que ele quis que a sua orelha
fosse furada, quis ficar preso a essa esposa que ele vinha buscar no mundo. O
seu amor era tamanho, que ele fez questão de ser pregado numa cruz, só não teve
a orelha furada, mas as mãos e os pés pregados num madeiro, teve a lança do
soldado furando seu lado morto, ali na cruz. No versículo 6, fala: „Holocaustos
e oblações (são ofertas) pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui
venho (No princípio do livro está escrito de mim), Para fazer, ó Deus, a tua
vontade”, eis o motivo pelo qual ele veio ao mundo.
Outro
detalhe interessante são os versículos seis e sete, que falam dos holocaustos.
Ele acabou de falar lá em cima que estes não serviam para tirar pecados. Os
animais eram sacrificados contra a vontade deles, nenhum animal se apresentava
ao sacerdote e dizia: Eu quero ser sacrificado! Claro que não, eles pegavam o
animal sem defeito, matavam-no, derramavam o sangue e queimavam seu corpo no
altar, que era uma grande grelha. Costumamos pensar que altar é sempre algo
como uma mesa bonitinha, num templo católico ou protestante, uma coisa de
mármore, mas não é! Altar era, usando uma imagem de hoje, uma grande
churrasqueira, que tinha só a caixa com uma grelha para cair as cinzas embaixo,
quando os animais queimavam sobre a lenha, isso era o holocausto, o que era
queimado no altar: Oferta queimada.
Mas
Deus ia prover um sacrifício voluntário, porque ele diz, “eis aqui venho para
fazer ó Deus a tua vontade”. Cristo foi o cordeiro que se apresentou voluntariamente,
e “no princípio do livro está escrito a meu respeito” ele fala, porque sempre
houve nos desígnios de Deus, um cordeiro que iria ser morto. Se você ler no
começo da Bíblia, sobre o jardim do Éden, logo que Adão e Eva pecaram, tentaram
cobrir o seu pecado com sua nudez. O que era sua nudez? Era sua incapacidade de
tentar se cobrir com folha de figueira. Deus matou um animal, tirou a sua pele
e fez uma roupa para Adão e Eva se cobrirem. Esse animal foi o primeiro animal
morto no Éden e era já, uma figura de Cristo que seria morto. Quando Caim
ofereceu frutas, legumes e cereais, e Abel ofereceu um animal morto, Deus se
agradou do sacrifício de Abel, porque era uma figura de Cristo, daquele
inocente morrendo no lugar do pecador.
Então,
ele vem como um sacrifício voluntário, e no versículo 8 continua dizendo “Como
acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não
quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então disse:
Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para
estabelecer o segundo”. O que significa dizer que Deus tinha feito uma aliança
com Israel, com base e nos sacrifícios da lei, mas agora Deus estava tirando
essa primeira coisa, e estabelecendo uma segunda, era uma nova aliança com base
agora no único sacrifício voluntário de Cristo. A primeira aliança, o primeiro
sacrifício, não tinha como tirar o pecado do homem, mas esse tem! Essa é a
grande diferença. Tira o primeiro para estabelecer o segundo, „Na qual vontade
temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez”.
Uma vez!
Um
dia, seu carro quebra, você vai a um mecânico e compra uma peça Xing Ling.
Certa vez aconteceu isso com um carro que eu tinha. O farol, a lâmpada
original, havia queimado, então procurei a mais barata para comprar. Pus uma
lâmpada Xing Ling, sem marca, vinda da China: Passado um mês, queimou a
lâmpada do farol. Fui a um eletricista, ele abriu o farol, tirou a lâmpada, e
eu disse para por uma barata. Fizemos isso, e mais um tempinho passou, queimou
de novo. Perguntei qual era afinal o problema, porque estava sempre queimando.
- O problema é a lâmpada, você põe lâmpada de baixa qualidade, que não tem boa
marca, ponha essa aqui, você não vai precisar mais trocar lâmpada alguma,
porque essa é original do seu carro, respondeu o mecânico. Eu fiz o que ele
sugeriu, e fiquei sossegado, não voltou a queimar.
É
mais ou menos assim, você fica tentando uma coisa que não resolve o problema,
até que vem alguém e fala que agora há uma coisa que nunca mais vai precisar
trocar, isso que Deus fez.
Esse
sacrifício agora, santifica para sempre, pela entrega do corpo de Cristo.
Costumamos falar em santidade, santificação e pouca gente percebe que
santificação é separação. Vou dar um exemplo. Se você vai lavar louça na pia, o
que você faz? Pega a louça suja, que está do lado de cá, lava e põe onde? Do
mesmo lado da pia? Não, só fará isso se a pia for muito pequena. Você a coloca
do outro lado da pia: aqui estão as sujas, e aqui as limpas, eu santifiquei
essa louça, porque a separei do seu estado original de sujeira, e agora está
limpa.
Quando
uma pessoa vem a Cristo, crê em Jesus como seu Salvador, Deus faz uma obra
espiritual nessa pessoa, é um milagre que Deus causa, Ele aplica nela todo poder
e eficácia daquele sacrifício que foi feito uma única vez, há dois mil anos.
Lembre-se, os sacrifícios repetitivos da lei judaica não resolviam nada, só
lembravam que o homem era pecador, até que veio um homem, Jesus - Deus e homem -
foi até a cruz, onde Deus o fez pecado por nós. Ele foi transformado em pecado
ali na cruz, e Deus castigou a Cristo, eliminando de vez a raiz do mal que
estragou a criação de Deus, o pecado, e ao mesmo tempo, lançou sobre Cristo os
pecados de todos os que creem e de todos os que creriam nele, inclusive. E ali
resolveu de uma vez para sempre o problema do pecado.
Então
aqueles que creem são santificados, ou seja, saíram do lugar da louça suja e
foram para o lado da louça limpa, não tem mais nada a ver com aquela louça
suja. Santificados pela oferta, pela oblação do corpo de Jesus Cristo feita uma
vez.
E
agora o versículo vai mostrar o contraste. Antes, o sacerdote do judaísmo
aparece cada dia ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios,
que nunca podem tirar os pecados. Mas este é Jesus, „havendo oferecido um
único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre a destra de Deus.
Se
acabou de lavar a louça suja e está tudo limpo, você senta e fala: terminei a
minha limpeza da cozinha de hoje! Sentar-se é dar por encerrada uma tarefa. Cristo
morreu, ressuscitou, subiu e assentou-se na glória, à destra da majestade nas
alturas, significa que de uma vez por todas ele não vai mais por a mão em
pecado, ele não vai mais se sacrificar por pecado, por pecador algum, ele fez
somente uma vez com validade eterna! É isso o que nos é dito aqui, é nossa
grande segurança!
No
versículo 13 ele continua dizendo: “Daqui em diante esperando até que os
seus inimigos sejam postos por escabelo (ou estrado) de seus pés”. Em outras
palavras, Cristo está agora sentado à direita de Deus, aguardando o momento
quando seus inimigos ficarão aos seus pés. Todo aquele que rejeita a Cristo
como Salvador, continua na condição em que veio ao mundo, inimigo de Deus. O
apóstolo Paulo fala em Romanos, que nós somos inimigos de Deus por natureza. E
a única maneira de você se tornar amigo de Deus ou ser feito amigo de Deus, é
pela fé em Jesus, crendo em Jesus e sendo salvo, sendo tirado do lado da coisa
suja, para o lado da coisa limpa, sendo salvo eternamente. Porque haverá um
dia, o apóstolo Paulo fala em Filipenses 2, que ao nome de Jesus se dobrarão
todos os joelhos, dos que estão nos céus e na terra, e debaixo da terra e toda
língua confessará Jesus é Senhor para glória de Deus Pai. O que significa que
toda criação se prostrará aos seus pés. Uns se prostram agora, em vida, quando
creem em Cristo como Salvador, outros se prostrarão como inimigos aos pés de
Jesus, para receber a sentença eterna, que é a eternidade no lago de fogo.
É
isso o que a Bíblia mostra em várias passagens, onde haverá choro e ranger de
dentes. Onde o bicho não morre, o Senhor Jesus fala nos evangelhos, e o que
significa o bicho não morre? É que a vida não termina. Isso que nos mantém
vivos, não termina. Algumas religiões falam que quando a pessoa morre, acaba
tudo. Ou então que a pessoa será julgada no juízo final e tudo acaba,
desaparece, é extinto. De jeito nenhum! O ser humano que não creu em Jesus vai
eternamente viver no lago de fogo em sofrimento, sozinho, em trevas. Logo, isso
não é lugar para bater papo, são trevas exteriores, ou seja, ela já está com
trevas interiores no seu coração, porque é incrédulo em Cristo e vai viver em
trevas exteriores do lado de fora. Não vai enxergar nada também, estará
mergulhada em trevas pela eternidade. Isso é o juízo final.
Você
pode dizer que esta mensagem só fala de coisa ruim! Pelo contrário. A coisa
boa, a boa notícia, é que Deus está dando de graça a salvação, para aquele que
simplesmente se reconhece pecador e crê em Jesus como seu salvador.
Continuando
no versículo 14, ele volta a reafirmar: “Porque com uma só oblação
aperfeiçoou para sempre os que são santificados”. Uma pessoa quando crê em
Cristo, e é salva, é aperfeiçoada para sempre. - Mas espere, eu estou cheio de
defeitos ainda! - Sim, mas entenda, existe a sua posição e sua condição!
Imagine que você se candidata a presidente da República, e acabaram de contar
os votos, e você descobre que venceu. Você já está eleito, agora sua posição é
de presidente, só falta esperar o dia de receber a faixa, a diplomação do
presidente, só então, você passará a atuar como presidente. Assim é o pecador.
Quando cremos em Cristo, estamos eternamente salvos, perfeitos, santificados,
plenamente aperfeiçoados para sempre, mas ainda vivemos num corpo velho,
daquela outra criação que vai acabar, a qualquer hora vamos sair daqui,
deixaremos este corpo para receber o corpo ressuscitado ou transformado, para
entrarmos no céu, na eternidade para sempre com Cristo.
No
versículo seguinte, ou seja, 15 nos é dito: “E também o Espírito Santo no-lo
testifica, porque depois de haver dito: Esta é a aliança que farei com eles
Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, E as
escreverei em seus entendimentos; e acrescenta:
E
jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades. Ora, onde há remissão
de pecados, destes, não há mais oblação pelo pecado”. Não precisa fazer mais nada
em prol do pecador, porque a única coisa que podia ser feita, para sua
salvação, já foi feita.
Paulo
fala em Romanos 8:1: “agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus”. Nenhuma condenação! É como se eu chegasse no armazém da esquina para
pagar minha conta, e o dono me dissesse: - Olha Mario, não há nenhuma conta!
Nenhuma dívida para você. - Mas porque, o que aconteceu? Pergunto. - Veio um
amigo seu e pagou- responde o dono do armazém. Foi isso que Cristo fez.
Tínhamos uma dívida, nossos pecados estavam pendentes na caderneta de Deus,
então Cristo veio ao mundo, pagou pelos nossos pecados e não há nada mais.
Uma
vez perguntaram a uma menininha que cria no Senhor Jesus, como ela entendia que
Deus teria apagado os seus pecados, como Deus teria lançado no esquecimento,
como não se lembraria mais de seus pecados. Ela falou - eu acho que é assim,
Deus tinha uma lista, um papel bem comprido, onde ele anotava todos os meus
pecados no céu, ele ia anotando, anotando, e quando Cristo morreu, caiu sangue
nessa lista, agora Deus não consegue mais ler meus pecados, ele não pode mais
me condenar, estou salva - “Jamais me lembrarei de seus pecados e de suas
iniquidades”. E você, tem pecados? É um pecador, como qualquer pessoa que
vem a esse mundo? Você crê que Cristo pagou pelos seus pecados? Crê que aquele
sacrifício que ele está anunciando aqui, definitivo, valeu para você? Crê que
foi incluído ali, naquele momento na cruz, quando Cristo morria, pelos seus
pecados? Que seu Sangue purificou você de todos seus pecados? Se você crer, a
sua lista ficou como a da menininha. Deus não consegue mais ler porque ele
lançou seus pecados no esquecimento, para trás das suas costas, no fundo do
mar, ou do oriente ao ocidente, “não me lembrarei de seus pecados e de suas
iniquidades”. É Deus quem afirma isso daqueles que creem em Jesus como seu
Salvador.
Existe
uma lenda, - fiz uma pesquisa na internet, porque eu já havia escutado essa
história, mas que é realmente uma lenda, - que foi usada pela Rolls-Royce,
fabricante de carros britânicos, que diz que na década de 50, um milionário
estava viajando pela Suíça com seu Rolls-Royce e quebrou uma peça do carro. Ele
telefonou para a firma na Inglaterra informando que a peça havia quebrado. O
atendente pediu que ele aguardasse porque eles pegariam um avião naquele
momento para resolver seu problema. O que foi logo feito, pegaram um avião, um
helicóptero, enfim, desceram, trocaram a peça do carro, subiram no helicóptero,
foram embora, e o homem pode continuar suas férias. Passado um tempo e não
vindo a conta, o homem resolveu telefonar para a Rolls-Royce e explicou que
havia sido atendido na Suíça, na estrada tal, no dia tal, que trocaram a peça
tal, e queria saber qual o valor da conta para pagar o serviço, afinal, deve
ter sido caro mandar um mecânico até a Suíça para trocar uma peça. A pessoa do
outro lado da linha falou que estava consultando os registros, mas que não
havia nenhum atendimento de um carro na Suíça, logo, não existe essa troca de
peças, aquilo não aconteceu. Essa lenda costumava ser inclusive estimulada pela
Rolls-Royce para dizer que a empresa fabricava um carro que nunca quebrava e
que era impossível que alguém tivesse pedido para consertar uma Rolls-Royce,
por isso, aquilo nem constava nos arquivos.
Então
pense agora que quando Deus olhar para você, se você crer no Senhor Jesus, Ele
vai olhar para uma pessoa que nunca pecou. Claro, você sabe que pecou, mas Ele
deliberadamente e de vontade própria, causou uma amnésia no Seu cérebro,
queimou os arquivos que continham seus pecados, deletou, formatou o HD dos seus
pecados, e agora Deus não se lembra mais deles “dos seus pecados não me
lembrarei” jamais! Nem das suas iniquidades.