Moro
em um apartamento e, da janela, tenho duas vistas: uma com os prédios em frente,
outra com a paisagem ao fundo. Mas também tenho aquilo que vem em primeiro
plano – os fios, postes e isoladores –, além de dois imensos transformadores. Esses
fios têm onze mil volts passando por eles e são mortais, tanto os que passam
próximos à minha janela como também os do outro lado da rua.
Isso
me fez pensar em um poste, um tema do qual não falamos com frequência, mas que é
um tema bíblico. O poste aparece na Bíblia de diferentes formas e, às vezes,
com diferentes nomes por causa das traduções que usamos. E, na Bíblia, eles também
têm a característica de ser mortal, como esses postes nas ruas carregando fios
de alta tensão ou um poste que quase me matou quando eu passava pelo anel viário
em Limeira.
Eu
passava pela rua quando uma máquina que fazia terraplenagem deu marcha à ré, bateu
no poste e o quebrou. O poste de concreto não tinha fios, não tinha nada. Eu o
vi caindo à minha frente, meu carro passou e o poste caiu logo atrás, quase no
porta-malas de meu carro. Portanto, um poste pode ser mortal, mas também pode
trazer benefícios como o conforto que proporciona pelo suporte aos fios que
trazem a eletricidade ao lugar onde estamos.
Quando
criança, os postes eram de madeira; hoje os de concreto são mais comuns, embora
algumas cidades ainda usem os de madeira. Onde eu morava, na Rua Boa Morte, tínhamos
bem em frente à minha casa um desses postes de trilho de trem – que era de
ferro –, e uma brincadeira que costumávamos fazer quando crianças era a de um
de nós encostar a mão no poste e dar a mão a outra criança, e mais outra, do
poste até a grade metálica da minha casa, porque o poste vazava corrente
elétrica. Achávamos o máximo a valentia tomar choque. Não sabíamos que aquilo
poderia nos matar.
Outra
coisa me chamou atenção enquanto olhava pela janela do apartamento: um
pica-pau. Incomum, mas hoje encontramos muitos pássaros silvestres nas cidades,
graças às políticas de proteção ao meio-ambiente. Esse pica-pau passou voando e
pousou no poste. Não como as pombinhas ou rolinhas pousam num fio, mas como um
pica-pau normalmente agarra-se numa árvore, lateralmente. Ele procurava algo
para comer e não achava. Aparentemente, não conhecia um poste e não sabia que
era de concreto e bicava insistentemente. Ele estava bicando uma “árvore”
errada, o poste errado.
Lembro-me
também de um poste que achei muito interessante na cidade de Alto Paraíso –
antes que diga “lá vem o Mário com Alto
Paraíso de novo”, tenho muitas histórias de Alto Paraíso e esse poste era
mesmo incrível. Ele foi fincado na rua principal, bem em frente de um hotel, e
o poste brotou! Deu galhos, folhas e depois flores porque era um tronco de ipê.
Mesmo havendo sido lavrado em formato retangular, ainda estava vivo. Ele virou
parada obrigatória na cidade, as pessoas queriam ver o poste que tinha fios em
cima e flores ao lado. Era um poste totalmente diferente, fora do normal:
mostrava vida em contraste com a morte de seus fios de alta tensão.
Na
versão em português da Bíblia os postes são chamados de madeiros. Mas em alguns
versículos são chamados árvores, e as árvores são chamadas postes. Porque no
Antigo Testamento a palavra hebraica usada para madeiro é “עֵץ” (transliterado para o português: ets) e tanto pode servir para vida como
para morte, como os postes de nossas ruas. Essa palavra é traduzida como
árvore, madeiro, estaca ou até cruz, pela decisão dos tradutores, mas a palavra
original é ets (madeiro).
Há muitas passagens que nos chamam atenção e
nos falam de madeiro, de poste, cujo original é “עֵץ”. Uma dessas passagens (Êxodo
15:22-25) é quando o povo de Israel, muito desobediente, é tirado do Egito e,
no deserto, reclama das águas amargas. Moisés clamou ao Senhor e o Senhor
mostrou-lhe uma árvore (poste ou madeiro conforme o original) que ele lançou
nas águas e elas tornaram-se doces.
Outra passagem (2 Reis 6:1-7) nos relata que
um dos servos do Profeta Eliseu, ao cortar uma árvore, o ferro caiu na água.
Quem já usou um machado sabe que se o ferro não estiver firmemente acunhado na
madeira ele cai, soltando-se do cabo. “E
sucedeu que, derrubando um deles uma viga, o ferro caiu na água; e clamou, e
disse: Ai, meu senhor! ele era emprestado. E disse o homem de Deus: Onde caiu?
E mostrando-lhe ele o lugar, cortou um pau [עֵץ], e o lançou ali, e fez flutuar
o ferro. E disse: Levanta-o. Então ele estendeu a sua mão e o tomou.” 2
Reis 6:5-7. Esse madeiro fez com que algo perdido fosse encontrado, fez que
algo impossível acontecesse, um milagre!
Outra
passagem em Deuteronômio 21:22 diz: “Quando
também em alguém houver pecado, digno do juízo de morte, e for morto, e o
pendurares num madeiro [עֵץ]...”.
Novamente, temos a palavra ets usada
também para significar um objeto de tortura para morte: um criminoso era
pendurado no madeiro para morrer. Todos entendemos o que essa figura quer
dizer.
Em
Gênesis 18:8, quando o Senhor Jesus aparece a Abraão acompanhado de dois anjos
e Abraão os convida a uma refeição, também temos essa figura. Onde será o local
da refeição? Onde poderia ser uma refeição do encontro do homem com o Filho de
Deus? Onde o Senhor se encontrou com Abraão? Debaixo de uma árvore (debaixo do
madeiro).
Também
em Gênesis 22 é contada a história do sacrifício do filho de Abraão, Isaque, e
nos é dito que Abraão coloca sobre seu filho o lenho [עֵץ] que ele usaria para o holocausto (queimar
totalmente a vítima, seu próprio filho que Deus havia pedido que fosse
sacrificado). Quanto ao lenho que é colocado sobre as costas de Isaque e que ele
o carrega para o sacrifício, será que preciso dizer qual é a palavra hebraica
usada? A mesma palavra para poste, árvore, madeiro.
Em
Josué 10:26-27 mais uma vez temos a palavra ets
(madeiro, estaca), mas neste caso usada para servir de forca. Josué caça e
mata os cinco reis e, tendo-os matado, os enforca depois de mortos
pendurando-os em madeiros que representavam maldição. Essa história não nos é
estranha porque Tiradentes foi enforcado no madeiro e, depois de morto,
esquartejado e posto em diversos madeiros pelas ruas da cidade para expor seu
corpo.
Discute-se,
atualmente, a forma de madeiro que teria sido usado para a crucificação do
Senhor: um madeiro vertical, dois madeiros em forma de X, dois madeiros em
forma de “T”... Também se discute se o Senhor teria levado a cruz inteira ou
apenas parte dela, o que parece mais lógico. Na verdade, o formato
da cruz pouco importa, pois quando falamos de cruz nos remetemos ao sacrifício
e não ao objeto em si. O importante é atentarmos para a profecia e o símbolo
ligados à palavra ets, que nos levam
diretamente ao Senhor. O importante é percebermos que todas as vezes que a
palavra ets (madeiro, cruz, estaca)
aparece na Bíblia ela aponta para Cristo. Por que aponta para Cristo? Por que
seria tão importante Deus colocar em sua Palavra tantas vezes esse madeiro para
falar de Cristo, em figura? Porque o acontecimento mais importante da história
da humanidade depois dessa época do Antigo Testamento seria um homem pregado no
madeiro.
É
tão desnecessário tentarmos decidir o formato da cruz, que quando Jesus
conversa com Nicodemos em João 3:14 sobre algo que aconteceu no Antigo
Testamento (Números 21:4-9), remetendo ao fato de que uma serpente de bronze
havia sido colocada sobre uma haste, a palavra haste não é a mesma palavra de
madeiro, significando que a coisa em si não era o que importava.
“E, como Moisés levantou a serpente no
deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao
mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por
ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado,
porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” João
3:14-18.
Essa
passagem resume todo o Evangelho: resume o madeiro que tanto pode ser para a
morte como para a vida. Assim como nós brincávamos no poste da Rua da Boa
Morte, em Limeira, nunca atentamos para o fato de estarmos brincando na Rua da
Boa Morte com um poste eletrificado, e nem que a Rua da Boa Morte terminava na
Vila Paraíso, o que torna os nomes dos lugares bastante significativos.
Então
um poste pode matar, mas também pode dar vida. Isso é o Evangelho: Deus
permitiu que o seu Filho fosse pregado num madeiro para que nós, seres humanos
pecadores perdidos, pudéssemos ter vida. Ter vida como? Olhando para Jesus!
Olhando para Aquele que sendo pregado no madeiro, foi morto depois de receber o
juízo de Deus e ressuscitou. Olhando e crendo no crucificado para que pudéssemos
ser salvos de nossos pecados e termos vida em seu nome. Você crê no
crucificado? Você crê naquele Jesus que morreu no lugar do pecador? Esse é o
Evangelho, essa é a porta do céu, é o caminho do céu! Esse é o lugar de
salvação. Fazendo uma analogia ao local onde brincávamos, onde o fim da Rua Boa
Morte era a Vila Paraíso, o fim daquele homem pregado no madeiro é o paraíso, o
céu, a presença de Deus.
Em
vida, Cristo salvou um homem da morte, um criminoso, um facínora que não esteve
com ele em Sua morte. Na morte, Cristo salvou outro facínora. O primeiro era
Barrabás. Graças à condenação de Jesus Barrabás foi solto, ficou livre, mas só
para esta vida, como acontece com muitos que buscam a Jesus como solução só para
esta vida. Talvez recebam alguma ajuda, alguma provisão para esta vida, mas estarão
tão salvos eternamente quanto Barrabás estava, ou seja, sem garantia de vida
eterna. Outro pecador pregado na cruz creu em Jesus e confessou ser pecador, confessou
que Jesus era Justo. Aquele marginal confiou no Senhor e recebeu a salvação. Muitos
buscam na religião (na religião humana, criada por homens) uma salvação que não
existe. É como o pica-pau que bicava em vão o poste de concreto, aquela “árvore”
sem vida feita pelos homens.
“E, como Moisés levantou a serpente no
deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João
3:14,15. O que diz aqui? Para que todo aquele que dá esmolas, faz boas obras,
que se esforça, que reencarna, que sofre, que se autoflagela? Não! Para que
todo aquele que nele crê, que olha para o crucificado e diz: “Ele morreu no meu lugar, os meus pecados
estavam sobre ele e ele os pagou todos!”
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira
que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna.” João 3:16. Não fomos nós que o amamos,
foi Deus quem nos amou a nós.
Deus
enviou o Seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo (daquela vez). Mas
Ele vai voltar para julgar. Quando voltar, não virá como Cordeiro, mas como
Juiz. Na primeira vinda ele veio como Salvador.
“Quem crê nele não é condenado; mas quem
não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de
Deus.” João 3:18. Quem não crê nele será condenado? Não! “Já está condenado, porquanto não crê no
nome do unigênito Filho de Deus.” João 3:18. Portanto, se você perguntar o
que tem de fazer para ir para o inferno a resposta será “nada”! Você já está no
caminho da perdição porque essa é a condição natural do homem. E se perguntar “o que eu preciso fazer para ser salvo
eternamente?” A resposta é “Creia em
Jesus, o Salvador”.
Para
o homem não existem duas escolhas, mas apenas uma: crer em Jesus. Não existem opções, mas uma única opção. Quando
Paulo escreve aos gálatas, que eram cristãos, ele lhes explica sobre a condição
em que estavam e a condição para a qual passaram ao crer em Jesus: “Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for
pendurado no madeiro.” Gálatas 3:13. Será que Cristo se fez maldição por
você? A resposta depende se você crê nele ou não como seu Salvador. Em caso
negativo, a maldição permanece sobre você porque quem não crê nele já está
condenado, já está amaldiçoado, debaixo do juízo de Deus que é a condenação
eterna no lago de fogo.
Para
concluir, lembro o versículo de Hebreus 12:2: “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que
lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à
destra do trono de Deus.”.
Se
você deseja ser salvo olhe para Jesus, creia em Jesus como seu Salvador.