A verdade sobre coxinhas e mortadelas - Mario Persona

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A verdade sobre coxinhas e mortadelas 
Mario Persona

Já tem alguns meses que não temos visto manifestações acontecendo. A Avenida Paulista se enchia de manifestantes, com centenas de milhares de pessoas gritando de um lado e de outro,  com toda aquela questão dos mortadelas contra os coxinhas, uns sendo a favor, outros contra, nós contras eles e eles contra nós; não importa o lado em que estejamos, sempre somos contra os outros. Essas ocorrências diminuíram porque basicamente, o que houve, foi que  perceberam que todas os coxinhas e mortadelas eram farinha do mesmo saco, pois tanto dos nossos, quanto dos deles, acabaram presos. Houve um certo desânimo e acabaram-se as manifestações que na verdade, acabavam em pizza. Mas geralmente no Brasil é assim, somos um povo bastante cordato. Nos Estados unidos não! Lá estas coisas são levadas muito a sério, pois existe um ranço antigo entre os republicanos que são chamados de direita, e os democratas, de esquerda.

Há uma doutrina política que é a favor desta divisão. Pois quando você consegue dividir você consegue conquistar. Dividir e conquistar são duas ações importantes na política, por isso é interessante para muitos no Brasil, dividir. Como ocorre nos Estados unidos, onde você tem esta polarização: de um lado os republicanos - basicamente representados por homens brancos e héteros muitas vezes até armados, porém, nominalmente cristãos - e do outro lado tem, com a caricatura que é feita deles, os democratas: negros ou latinos, gays, céticos ou ateus - em termos gerais, esta é a polarização que acontece nesse país que é o maior e o mais importante do mundo. Aliás, em Charlottesville aconteceu uma morte nas manifestações, e o que o governo americano vai precisar fazer em breve, é encontrar um inimigo externo para que os “nós e os eles”, se juntem contra os outros “eles” que estão fora do país. Esta doutrina política americana sempre funcionou, desde a guerra contra a Espanha nos anos de  1800: Ter um inimigo externo, assim você fortalece o povo internamente,  evitando-se divisões.

Mas, por que pessoas saem às ruas umas contra as outras, e por que isto está crescendo cada vez mais no mundo ocidental? Por causa de um vácuo deixado na mente das pessoas, causada pela ausência de Deus! Quando você não tem Deus, ou uma autoridade superior, qualquer coisa ou pessoa pode se considerar autoridade. - Já que você não tem um padrão moral, então vou lhe impor o meu próprio, ou de um outro qualquer. Se não existe um padrão moral absoluto, vamos trabalhar com um que seja relativo, todavia o meu é melhor que o seu, que por sua vez, vai achar que o seu é melhor que o meu. Cada um vai querer ser o referencial que irá substituir Deus, quando este sim, deveria ser a referência para todo o ser humano.

Quando qualquer um dos lados quer impor o seu padrão moral, quer seja, social, de justiça ou étnico, o que acontece é que, em algum momento isso chega ao extremo e uma revolução ou  algo ainda maior, poderá acontecer, como por exemplo, a limpeza étnica que a Alemanha nazista fez matando pessoas não brancas, nem loiras, de olhos azuis, arianas - da “raça pura”. Esta era a doutrina do racismo e ali imperava a cor da pele. Na realidade, nestas divisões,  o homem sempre vai encontrar alguma coisa que o faça considerar-se melhor que o outro.

Nem o lado dos nossos ou dos deles, não importa o nome que se dê, nenhum desses lados enfim, se considera pecador ou a si mesmo, como uma ruína causada pelo pecado. Sempre pensam no seu padrão como o lado bom. No entanto, quando vamos para a Bíblia que é a palavra de Deus, encontramos Deus como o padrão.

Em Apocalipse, Versão Almeida Revista e Atualizada, no capitulo 4:11, diz: “Tu és digno  Senhor e Deus nosso, de receber a glória, e honra, e o poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade vieram existir e foram criadas”. Eu estava lendo este versículo em outra versão, - temos em algumas Bíblias eletrônicas a opção de comparar versões em outro idioma, com isso conseguimos entender melhor – na King James, que está em inglês e que vou traduzir agora: “Tu és digno, oh Senhor, de receber glória e honra e poder, pois tu criaste todas as coisas”.  Até aí, muito parecido com a versão de João Ferreira de Almeida, e continua: “E para o teu prazer elas existem e foram criadas”. Note que interessante! “Para o teu prazer foram criadas”, é possível fazer a tradução de duas formas: Pela tua vontade elas existem ou, para a tua vontade, para o teu prazer elas existem. Quando olhamos por esse lado, que todas as coisas foram criadas para o prazer de Deus, e então, olhamos para este mundo, podemos perguntar: As coisas criadas estão sendo para o prazer de Deus?

Conforme Deus ia criando o mundo, Ele dizia: Isso é bom! E quando criou o homem, disse: É muito bom! Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança. Em Gêneses nós encontramos o relato da criação,  onde tudo começou, inclusive a queda do homem, quando o pecado entrou e arruinou a criação. E hoje todos os seres humanos são uma caricatura daquilo que Deus fizera à Sua imagem e semelhança. Os seres humanos são uma ruína!

Eu me lembro de quando estudava arquitetura, e tínhamos uma visão, uma perspectiva de um projeto. Usávamos réguas, compassos e afins, sendo possível assim, fazermos um desenho bonito com as técnicas aprendidas. Aqueles que tinham talento para desenho, acrescentavam ainda em suas perpectivas, pessoas andando nas calçadas, carrinhos etc. Hoje é tudo feito pelo computador, com programas de desenho. Uma colega, no seu primeiro projeto apresentado, foi motivo de gozação, pois a mesma não possuía qualquer talento para tal, apesar da perspectiva ter ficado bonita, já que ela usou as técnicas de forma correta, isto é; desenhos geométricos. Porém, na calçada, os homenzinhos eram desenhos como os que crianças fazem: uma bolinha como cabeça e tracinhos representando pernas e braços. Ficou ridículo aquele projeto! Da mesma forma, quando Deus olha sua criação, é isso o que Ele vê! Uma coisa ridícula, detonada pelo pecado, que não tem nada a ver com a sua criação original.

Mas assim que o homem e a mulher caíram em pecado e foram corrompidos, a primeira coisa que eles fizeram foi tentar cobrir sua nudez, a sua falta e deficiência, com um avental de folhas de figueira. Quando Deus apareceu procurando por eles, disse: “onde estás?” Era uma pergunta retórica, porque Ele já sabia, só queria que cada um admitisse onde estava. Não era exatamente um lugar geográfico, físico, mas um lugar posicional para o qual eles tinham ido com sua desobediência contra Deus. “Onde está Adão?” E no capítulo 3: 10: “Ouvi a tua voz no jardim e temi, porque estava nu e escondi- me, E Deus disse: Quem te mostrou que estava nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comeste?” esta era a única ordem que Deus havia lhes dado, eles podiam comer de todas as árvores, menos de uma; a árvore do conhecimento do bem e do mal.

Será que o homem disse, que comeu, sim, porque parecia-lhe tão gostoso? Não! Ele disse: “A mulher que tu me deste por companheira me deu da árvore e eu comi. Disse o Senhor Deus a mulher: Porque fizeste isso? A mulher disse: A serpente me enganou e eu comi!” Foi nesse dia que a humanidade começou a apontar o dedo: eles estão errados e nós, certos! Quem são eles e nós? Não importa! Cada uns dos lados, seja republicano, democrata, católico, ateu, coxinha e mortadela, eles estão errados e nós estamos certos! Mas todos são farinha do mesmo saco!

Por que o ser humano cai e aponta o dedo colocando a culpa em outro? E porque fazemos isso? Vá às redes sociais e verá que o que mais tem, é gente apontando o dedo! “Por que o governo permitiu isso? Vejam o que esta pessoa fez!” Até eu mesmo, neste exato momento estou apontando o dedo para as pessoas que fazem isto nas redes sociais. Porque esta é nossa característica. Nós gostamos de nos sentir justos e adoramos nos sentir injustiçados. - Ah, como é bom se sentir vítima de injustiça, para depois poder apontar o dedo e dizer: A mulher que tu me deste; a serpente me enganou! Lemos em Romanos 3: 23, Deus na sua Palavra dizendo: “Todos pecaram e estão destituídos da Glória de Deus”. Todos! Não somente coxinhas e mortadelas, mas também republicanos e democratas, brancos e negros, cristãos e ateus, héteros e gays, todos aos olhos de Deus pecaram. Estou me incluindo dentro desse todos também, veja, não fica ninguém de fora! Esta é a avaliação que Deus faz do mundo, não é uma avaliação política feita por um partido em relação a outro, nem uma avaliação social do rico em relação ao pobre, mas, “todos”  pecaram e destituídos estão da glória de Deus!

E mais uma vez, apelando para a versão King James em inglês, que usa uma expressão muito interessante: For all have sinned, and come short of the glory of God - Romanos 3:23, usando uma expressão “come short,” em nossa versão em português: “destituídos estão”. Vamos entender esse “come short,” através de um exemplo mais gráfico. Pense que você tem nas mãos um arco e flecha, e na parede um alvo. Então você mira no alvo e atira, mas a flecha cai um metro antes do alvo. Ela não alcançou! “Come short,” significa: não alcançar o destino, a meta, cair antes, morrer na praia. Então todos pecaram e morreram na praia, não conseguiram chegar a glória de Deus, ou seja, não conseguiram atingir o nível exigido por Deus ao ser humano.

Como é bonito quando encontramos um exemplo como o de Daniel na Bíblia, no Antigo Testamento! Ele viveu na época em que o povo de Israel, anos antes, havia sido dividido. Houve uma revolução interna no meio daquele povo, que era composto de doze tribos no total, e com a divisão que ocorreu, dez dessas tribos ficaram vivendo em Samaria, e em outras áreas do norte, e duas delas, no caso, Judá e Benjamim, viviam aos arredores de Jerusalém. Depois essas dez tribos foram levadas para o exílio e desapareceram, ninguém hoje sabe quem foram elas e onde estão. Existem suposições, mas não é este o nosso tema agora.

Judá e Benjamim são os chamados Judeus, que também foram desterrados, exilados tempos depois,  e levados como prisioneiros para a Babilônia. Daniel fazia parte dos exilados: “E orei ao Senhor, meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas o concerto e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos”; Pense bem: Daniel fazia parte de um pequeno remanescente de toda aquela peregrinação, mas ele continua dizendo: “Pecamos e cometemos iniquidades e procedemos nós”. Ou seja, “nós” procedemos e pecamos, “nós” cometemos iniquidades e procedemos impiamente, “nós” fomos rebeldes. - Mas espere, Daniel, você é um cara justo, legal, Deus vai até te dar um livro para escrever! Como pode estar se incluindo na bagunça destas pessoas más?

Daniel reconhecia que o pecado era dele também, e se incluía. Para ele não existia nós versus eles, mas, somos todos nós. “E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos; Pecamos, e cometemos iniqüidades, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos; E não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, como também a todo o povo da terra. A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós a confusão de rosto, como hoje se vê; aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, e a todo o Israel, aos de perto e aos de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa das suas rebeliões que cometeram contra ti. Ó Senhor, a nós pertence a confusão de rosto, aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, porque pecamos contra ti. Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia, e o perdão; pois nos rebelamos contra ele, E não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas. Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se por não obedecer a tua voz; por isso a maldição e juramento, que estão escrito na lei de Moisés, servo de Deus, é derramada sobre nós porque nós pecamos contra Ele”.

Esta é a posição que todo ser humano precisa se colocar para ser salvo.  Se alguém aqui quer um dia ir para o céu, para a presença de Cristo, este é o primeiro passo: nós pecamos, eu pequei, eu sou mau até a raiz do cabelo, não tenho em mim nada de bom. “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”, a flecha de cada um caiu antes da glória de Deus, nenhum de nós chegou lá!

Ontem, quando estudamos o Evangelho de Lucas, vimos as três etapas que os discípulos do Senhor Jesus passaram. Uma, quando eles não conseguem expulsar o demônio de um garoto que estava possesso, obviamente eles próprios ficaram possessos com isso. Ficaram muito bravos, não conseguiram expulsar o demônio do garoto. Mas o passo seguinte, acontece no  capítulo 9:49 de Lucas, quando João diz ao Senhor Jesus: “mestre vimos um, que em teu nome expulsava demônios e lho proibimos, porque não te segue conosco!” Isso é inveja, ciúme! Nós vimos um que expulsa demônio - e nós não conseguimos expulsar- mas não está conosco, então o proibimos de fazer isso, ele não faz parte do nós, eles são eles, o outro lado.

E mais adiante, esse ciúme, essa divisão, e orgulho próprio, acontece novamente, no versículo 54 do mesmo capítulo. Os discípulos Tiago e João, vendo que as pessoas não queriam receber o Senhor numa determinada aldeia, perguntaram: “Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma como Elias também fez?” Na linguagem de hoje poderia ser, Senhor, quer que joguemos uma bomba atômica para acabar com todo aquele povo? É isso o que eles estavam querendo fazer.

Veja!  Começou com a incapacidade deles de expulsarem os demônios, além do fato de terem proibido um que conseguiu expulsar o demônio, e chegou ao ponto de desejarem exterminar um grupo de pessoas! Quer sejam coxinhas ou mortadelas não importa, os “eles” estavam errados. Nós vamos acabar com eles!

Eles não tinham entendido que Jesus tinha sido rejeitado por todos e que a partir daquele momento, sua graça e  misericórdia estavam igualmente, estendidas a todos.

Daniel fala no capítulo 9:9: “ao Senhor nosso Deus pertencem à misericórdia e o perdão porque nós nos rebelamos contra Ele”. Hoje, Jesus está oferecendo a você misericórdia e perdão, porque você, eu e, todos nós, precisamos. Esqueça portanto o querer ser justo, porque não há um justo sequer, não há quem busque a Deus, todos se extraviaram e se fizeram inúteis. Esqueça também a ideia de que você é injustiçado, porque na realidade todos nós somos culpados, não de fazer algo contra alguém, apesar de que o fazemos também, mas, culpados diante dos olhos de Deus.

Eu convido você a entrar agora numa terceira classe, ou seja, nem dos “nós” e nem dos “eles”, porém na mesma classe daquela mulher que ia ser apedrejada e ficou na presença do Senhor,  reconhecendo o seu pecado e recebendo Dele palavras de perdão. Da mesma classe daquele jovem que volta para casa arrependido porque tinha ido viver a sua própria vida e acabou comendo comida de porcos e, se arrepende, volta para casa aceitando qualquer posição na casa do pai, e o pai o recebe com um abraço, um beijo, um anel no dedo, roupa nova  e sandália nos pés. Recebendo-o com o maior amor.

Assuma agora essa terceira classe de pessoas, de todo aquele que se considera pecador, indigno de qualquer benesse da parte de Deus e simplesmente clame a Deus por perdão, Ele  dará!

Cristo Jesus veio ao mundo para salvar pecadores! Paulo continua esta frase dizendo: “Dos quais eu sou o principal”, reconhecendo a sua condição de perdido. Cristo não veio julgar na sua primeira vinda ao mundo, mas certamente voltará como juiz, e eu espero que você o encontre ainda hoje, como Salvador, porque ainda há tempo. Confesse a ele que você é um pecador perdido e  peça a salvação, porque o sangue Dele foi derramado na cruz justamente para isso, para pagar pelos seus pecados, não pelos pecados Dele, mas pelos pecados de cada um que nele crê como Salvador. E é só assim que você poderá entrar no céu e ter a marca de perdoado.

No século dezoito ou dezenove, não sei quando com precisão, a marinha britânica usava uma técnica para evitar roubos de cordas dos navios. Ela fabricava cordas que tinham um fio vermelho misturado aos fios normais. Assim, para saberem se aquela corda havia sido roubada, bastava observar se o rolo continha o tal fio vermelho. No nosso caso, quando você crê em Cristo, terá um fio vermelho, marcado pelo sangue do cordeiro, e Deus vai reconhecer que você é um que pertence ao céu, e não a este mundo.

Vamos dar graças.

Deus nosso Pai, nós damos graças a ti por ter enviado o Teu Filho para morrer, para salvar pecadores e nos dar a vida eterna. Se porventura houver alguém aqui que ainda não tem a certeza da sua salvação, ainda não se rendeu aos braços de Cristo, que possa fazer isso agora mesmo. Sabemos que a Tua Palavra tem poder, e teu Espírito Santo tem poder para convencer as almas. Nós rogamos e agradecemos em nome de nosso Senhor e Salvador Jesus. Amém!