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Youtube: https://youtu.be/adUnjeghyKE
Caim e Abel
Mario Persona
Outro dia
experimentei algo que nunca tinha experimentado antes que é, dor. Eu pensava
que soubesse o que era dor até que um cálculo renal decidiu fazer o download
e eu não tenho banda larga, meu ureter é mais estreito e, quem já passou por
isto, sabe o que é um cálculo renal e a dor que a gente sente com isto. Estas
coisas nos surpreendem porque a gente acha que já passou por tudo na vida, que
já conhece tudo e, de repente, vem uma experiência totalmente diferente. Alguns
dizem que a dor é igual a dor de parto, eu não sei porque eu nunca passei pela
dor de parto e, se tiver outra pedra, eu prefiro adotar. Por que passamos por
dor?
A gente acha
que dor é uma coisa natural, mas não é. A dor é uma coisa estranha, por isto a
gente sente tanto a doença, a enfermidade. São coisas estranhas. Deus não é um
Deus sádico que falou assim: Vou criar pessoas para sofrerem dor, para
morrerem, para sofrerem bastante, para amargarem uma vida de miséria nesta
terra e depois lançá-las no inferno, no lago de fogo. Não, esse não é o
Deus da Bíblia.
Deus criou o
homem com um objetivo em mente e todo ser humano quer saber qual é esse
objetivo. A Bíblia é muito clara em dizer que esse objetivo era que Deus
buscava adoradores. Deus buscava pessoas, seres feitos à Sua imagem e
semelhança com os quais Ele pudesse se comunicar e os quais também se
comunicassem com Ele e pudessem viver junto com Ele, em harmonia, em alegria,
em paz, em felicidade completa, sem dor, sem doença. Esse foi o projeto
original de Deus. Em nenhum momento Deus quis projetar o ser humano do jeito
como nós encontramos aqui neste mundo. Isto jamais teria sido o propósito de
Deus, mas o ser humano hoje é assim e nós sabemos, pela Bíblia, que isto foi
decorrente da queda do homem, do pecado que entrou na criação.
A palavra
pecado é uma coisa meio fora de moda hoje porque as modas mudam, a cultura muda
constantemente e, o que era pecado ontem, deixa de ser pecado hoje, segundo os
padrões culturais, mas é importante entender que o pecado é a raiz de todos os
males, a raiz de tudo o que acontece de mal hoje no mundo, a raiz dessa
perversão do ser humano, dessa deterioração do ser humano e, não só do ser
humano, mas de toda a criação. Isto tem a sua origem no pecado, o pecado é onde
tudo começou.
Se voltássemos
ao plano original de Deus, veríamos que Deus queria aquilo que nós também
queremos: ser feliz. Se perguntar a qualquer pessoa na rua o que ela quer, ela
dirá eu quero ser feliz, quero felicidade, uma felicidade completa, quero
viver feliz, sem dor, sem doenças, sem problemas. Todo ser humano quer
isto, quer ser feliz. A felicidade é a busca constante do ser humano e isto é o
que Deus também queria que o ser humano tivesse, Ele queria que fôssemos
felizes mas, infelizmente, o pecado pôs o pé na frente e o homem caiu, e hoje o
homem é infeliz.
Na realidade,
todos nós somos infelizes em vários aspectos da nossa vida porque nós não somos
configurados para viver neste mundo e viver neste formato que vivemos. Alguns
acham que a felicidade possa estar na liberdade, se tivesse liberdade para
fazer o que quer então seria feliz. É um conceito interessante da liberdade
porque a liberdade não traz a felicidade.
Eu sou livre
neste exato momento para sair daqui e ir até ao bar da esquina, tomar cinco
garrafas de pinga mas, daqui a meia hora alguém poderá dizer que eu sou feliz?
De jeito nenhum, só criei mais um elo na corrente que me prende e daqui a meia
hora estarei menos livre do que estou agora. Ou eu posso sair com todas as
mulheres do mundo, serei mais feliz? E tenho liberdade para isto. Tenho, posso
sair, procurar, mas daqui a alguns dias estarei menos livre também, criarei
outros elos porque nós sempre estaremos presos a alguma coisa.
A felicidade é
um conceito que, às vezes, a gente não entende como liberdade. Digamos que o
prefeito de Limeira decida hoje, ali onde está fazendo aquela reforma na
passagem por baixo da linha férrea; como ele construiu também o anel viário e
toda aquela pista, ele pode decidir que, já que tem a pista bonita, toda
asfaltada, vamos libertar o trem dos trilhos e ali, em vez de continuar, fazer
um desvio e desembocar o trilho do trem no asfalto, assim ele liberta os trens
dos trilhos e os trens poderão viajar como caminhões pelo asfalto. Sabemos que
seria um desastre, é até um absurdo falar nisso. Seria liberdade para o trem?
Não, de jeito nenhum.
Se eu chegasse
no mar e falasse para os peixes: amigos, hoje vou dar um jeito de libertar vocês desse mar,
libertar vocês da água, vocês vão poder viver aqui, ao ar livre. Tiro todos
os peixes da água, ponho na terra e
digo: agora vocês estão livres. O que acontece com os peixes? Eles
morrem, porque liberdade não é sair daquilo para o que nós fomos configurados,
e esse é um erro que muito ser humano tem, de acreditar que ser livre é fazer o
que quer. Não! Ser livre, a verdadeira liberdade, é você viver exatamente
para aquilo que você foi designado. O trem foi projetado para andar nos
trilhos, a verdadeira liberdade do trem é se manter nos trilhos pois para isto
ele foi projetado. O peixe foi projetado para viver na água e a verdadeira
liberdade do peixe é quando ele está na água.
O homem foi
projetado para viver em comunhão com Deus, com Seu criador e o homem só é livre
quando está em comunhão com Seu criador. Esta é a verdade que a Bíblia fala e
esta é a mensagem do evangelho. O evangelho tem um objetivo que é levar o homem
à verdade, e a verdade nos liberta, a verdade é Cristo Jesus. Normalmente nós
falamos do pecado original que iniciou todo esse problema do ser humano e a
gente vai lá em Gênesis, onde fala de Adão e Eva, que foi realmente onde
começou a queda do homem. Quando Deus deu uma ordem, eles saíram fora desta
ordem, saíram deste trilho que Deus tinha colocado e nós vemos no que deu, e o
mundo, desde então, caminha do jeito que o homem quer e não do jeito que Deus
projetou.
Mas, às vezes
encontramos pessoas que têm dificuldade em se identificar com Adão e Eva, não
apenas na questão de acreditar ou não em Adão e Eva, pois hoje até a ciência já
admite que todos os seres humanos têm uma origem comum, que se traçar todos os
seres humanos eles vão se encontrar em um ser humano, lá atrás. Se nós
tivéssemos condições de encontrar um cabelo de Adão ou de Eva, ao analisar o
DNA nós descobriríamos que somos todos parentes porque nós viemos todos de um,
que é Adão e Eva. Mas alguém poderia dizer que Adão desobedeceu a ordem que
Deus deu, ele pecou e assim veio a queda, no entanto, eu não sou Adão, não sou
nem parecido com Adão pois eu tenho pai e mãe e Adão não teve; eu não fui
criado do barro como Adão, nem de uma costela, como Eva. Tenho pai e mãe, nasci
de um parto, como Deus pode me considerar então um pecador?
Porque eu sou
descendente de Adão e de Eva e o pecado é algo que nós herdamos, como os filhos
que recebem uma herança quando seus pais morrem; não trabalharam nem um pouco
para ganhar aquilo, talvez nem mereçam aquilo, mas eles usufruem e nós, cada
vez que pecamos, cada vez que cometemos um pecado, qualquer ato de rebelião
contra Deus, em desobediência a Deus, nós só estamos endossando o fato de que
somos pecadores.
Nós não
pecamos para nos tornar pecadores, nós pecamos porque somos pecadores. É como
se Adão e Eva nos deixassem uma conta bancária, nossa herança, e a gente
falasse eu não quero ser pecador, mas se você já fez algum saque dessa
conta do pecado então demonstra que realmente você tem essa origem.
Vamos buscar
duas pessoas na Bíblia que sejam como nós, que tiveram pai e mãe, que viveram
aqui, andaram aqui, nasceram como bebês, cresceram e vamos ver que um foi salvo
por Deus e o outro não. De um Deus Se agradou, do outro Deus não Se agradou.
Vamos tentar entender o que aconteceu com essas duas pessoas e a razão pela
qual Deus se agradou de um e não de outro. Isto está em Gênesis, capítulo 4, e
estamos falando dos filhos de Adão e Eva. Quando nós pensamos que tinha passado
tão pouco tempo desde que Adão e Eva haviam cometido o pecado, feito aquela
bobagem de desobedecer a Deus, a gente podia pensar que dali para frente,
certamente, as pessoas iriam aprender e procurar saber qual era o plano
original de Deus e se apegar nesse plano, nesse trilho que Deus colocou, mas
não, tão logo Adão e Eva têm filhos, provavelmente os dois primeiros filhos,
nós vemos uma tragédia familiar, aqui vemos o primeiro homicídio na Bíblia.
Capítulo 4: "E
conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu, e teve a Caim, e disse:
Alcancei do SENHOR um varão. E teve mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de
ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim
trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. E Abel também trouxe dos
primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e
para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se
Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante. E o SENHOR disse a Caim: Por
que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não haverá
aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será
o seu desejo, e sobre ele dominarás. E falou Caim com o seu irmão Abel; e
sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel e
o matou. E disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não
sei; sou eu guardador do meu irmão? E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue
do teu irmão clama a mim desde a terra. E agora maldito és tu desde a terra,
que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão. Quando
lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e errante serás na
terra. Então, disse Caim ao SENHOR: É maior a minha maldade que a que possa ser
perdoada. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei;
e serei fugitivo e errante na terra, e será que todo aquele que me achar me
matará. O SENHOR, porém, disse-lhe: Portanto, qualquer que matar a Caim sete
vezes será castigado. E pôs o SENHOR um sinal em Caim, para que não o ferisse
qualquer que o achasse. E saiu Caim de diante da face do SENHOR e habitou na
terra de Node, da banda do oriente do Éden. E conheceu Caim a sua mulher, e ela
concebeu e teve a Enoque; e ele edificou uma cidade e chamou o nome da cidade
pelo nome de seu filho Enoque. E a Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a
Meujael, e Meujael gerou a Metusael, e Metusael gerou a Lameque. E tomou
Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá.
E Ada teve a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado. E o
nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e
órgão. E Zilá também teve a Tubalcaim, mestre de toda obra de cobre e de ferro;
e a irmã de Tubalcaim foi Naamá. E disse Lameque a suas mulheres: Ada e Zilá,
ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai o meu dito: porque eu matei
um varão, por me ferir, e um jovem, por me pisar. Porque sete vezes Caim será
vingado; mas Lameque, setenta vezes sete. E tornou Adão a conhecer a sua
mulher; e ela teve um filho e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, Deus
me deu outra semente em lugar de Abel; porquanto Caim o matou. E a Sete mesmo
também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então, se começou a invocar o
nome do SENHOR."
As teorias
sociológicas dizem que o meio é que perverte o indivíduo, então uma pessoa
nascida no meio de criminosos vai se tornar um criminoso, uma pessoa nascida
num lar bom vai se tornar uma pessoa boa e assim por diante; mas isso já se
sabe que não acontece pois, numa mesma família você tem uma ovelha negra,
alguém totalmente contrário a todas as coisas e aqui nós vemos isto. Caim e
Abel, dois irmãos criados juntos, sem influências, alguém poderia perguntar que
influências tiveram e outro responder andaram com amigos ruins, mas com quais
amigos eles andaram?
Caim e Abel,
dois irmãos criados juntos, nascidos dos mesmos pais e, no entanto, um é mau e
outro recebe o favor de Deus, é agraciado por Deus. Tudo começa no dia em que
eles decidem fazer uma oferta a Deus. Alguém poderia pensar que pessoas
religiosas são pessoas que garantem a sua ida para o céu, sua salvação, mas
aqui temos dois homens religiosos e os dois vão fazer uma oferenda a Deus,
tanto Caim como Abel. Os dois são homens que creem em Deus, Caim não é ateu,
ele fala com Deus e Deus fala com ele, e os dois trazem uma oferenda. Sobre a
oferenda, o sacrifício que é trazido, no versículo 3 lemos que Caim trouxe do
fruto da terra uma oferta ao Senhor e Abel trouxe dos primogênitos das suas
ovelhas a sua gordura, e Deus gostou mais da oferta de Abel e não gostou da
oferta de Caim.
Essa passagem
é muito usada no sentido de que Caim trouxe algo que era fruto do seu trabalho
e da terra que Deus tinha amaldiçoado. Eu mesmo já preguei sobre esta passagem
usando esta ideia mas há algum problema com esta ideia. Primeiro é que quando
Deus dá a lei aos israelitas Ele manda que eles também tragam ofertas do fruto
da terra e a terra é a mesma, a terra não mudou de Gênesis até lá. Outro
problema também é que o criador de ovelhas não deixa de ser um trabalho,
pergunte a qualquer criador de gado ou pastor de ovelhas se o que ele faz não é
trabalho, é trabalho também. Então, o que torna diferente uma oferta da outra?
O problema não
estava exatamente na oferta; as duas coisas Deus pede aos israelitas mais tarde
em Levítico e Deuteronômio: ofertas do fruto da terra e de animais
sacrificados a Deus. Quando a gente tem uma pergunta, uma dúvida na Bíblia,
nós buscamos na Bíblia a resposta e a resposta para esta pergunta encontramos
em 1 João. É interessante o que diz lá ao falar do amor no capítulo 3,
versículo 11: "Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio:
que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno e matou a seu
irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu
irmão, justas."
Um detalhe que
às vezes passa despercebido na oferta de Caim é que ele traz o fruto da terra e
lá, na Lei dada aos israelitas, era solicitado que eles trouxessem das
primícias dos frutos da terra, os primeiros frutos da terra e Abel traz,
efetivamente, dos primogênitos das suas ovelhas. Se eu plantar trigo e começar
a colheita, a colheita será o todo, as primeiras coisas que eu colher, que
poderia chamar de primícias, levar a Deus e depois o restante da colheita ser
ensacado e guardado no meu celeiro. Agora, se eu tivesse um rebanho e nascesse
o meu primeiro cabritinho lá, minha primeira ovelha, e eu matasse essa primeira
ovelha eu correria um grande risco de não ter mais nada porque a primícia num
rebanho, o primeiro animal que nasce pode ser a garantia de que o rebanho vai
continuar, pois eu posso depois não ter outros, pode nascer morto, as fêmeas
podem ficar estéreis.
Então, uma
grande diferença entre as duas ofertas é que uma é oferta de fé, a oferta da
confiança absoluta em Deus, essa é a oferta de Abel. Abel pega os primeiros que
nascem no seu rebanho e sacrifica para Deus. Será que vai nascer mais algum?
Deus vai cuidar disso. Caim se mantém, Caim garante o seu futuro. Vamos
entender depois que o grande problema de Caim estava nas intenções dele, não
era uma oferta de fé, de confiança irrestrita em Deus. E o que foi que causou o
pecado? O que foi que causou a queda? Exatamente a falta de uma confiança
completa em Deus. Quando Deus falou que Adão e Eva podiam comer de tudo, todos
os frutos do jardim do Éden, mas não do fruto daquela árvore, só daquela. Ah,
por que será que Ele não quer deixar a gente comer daquele fruto? Veio a
serpente: ah, Ele não deixa porque vocês vão se tornar como deuses. Nós como
deuses? É, vocês como deuses. E vamos poder fazer o que bem entendermos? Claro,
vocês se tornarão conhecedores do bem e do mal. É assim que vocês serão,
livres. Livres de Deus.
Esse foi o
grande erro do ser humano, achar que se ver livre
de Deus fosse liberdade. Aí veio a queda, a ruína do ser humano e que
liberdade nós tivemos? Nenhuma. Caim traz daquilo que ele plantou mas ele tem
outras intenções, não são as intenções de fé, como as de Abel. Além do fato do
tipo maravilhoso que a oferta de Abel representa, de um animal sacrificado.
Caim e Abel devem ter ouvido Adão e Eva contarem histórias do que tinha
acontecido após a queda. Obviamente eles falaram para os filhos que após a
queda eles tinham tentado se cobrir com folhas de figueira mas não tinha dado
certo. Deus matou um animal inocente para cobrir de peles Adão e Eva. Há esse
tipo maravilhoso na oferta que Abel faz, mas vamos nos concentrar naquilo que
diz 1 João, as obras de Caim eram más. Por quê?
Porque não
eram obras de fé. Se perguntássemos: o que aconteceria se Caim também
oferecesse o primogênito do seu rebanho? Ele continuaria sendo Caim porque
a intenção dele não seria uma intenção de fé. Nós vamos entender isto depois da
queda; aqueles que acham que Deus é um Deus terrível, um Deus tirano, um Deus
que tem prazer em fazer o homem sofrer. Muitos não leem a história até o final
e perdem por não lerem como Deus agiu com Caim. Que Deus tirano iria conversar
com Caim? Nenhum tirano conversaria com Caim. Deus poderia eliminar Caim na
mesma hora, bastaria um raio cair que destruiria Caim. Não, Deus é sempre um
Deus de graça. É um Deus que busca sempre salvar, um Deus que busca sempre
perdoar e todo esse diálogo que nós vemos depois, de Deus com Caim, é Deus
buscando perdoar Caim, é Deus buscando encontrar em Caim arrependimento. É Deus
chamando Caim para conversar.
Quando Deus
chama Caim e diz: onde está Abel, teu irmão? Quando Deus perguntar
alguma coisa para nós, Ele não está querendo saber, Ele sabe tudo. Ele está
querendo que nós tenhamos consciência do que fizemos, isto é o que Deus quer.
Deus quer que a gente responda para nós mesmos e, o que Caim responde? Matei
meu irmão e estou profundamente arrependido. Errei, fiz bobagem, não deveria
ter feito isto. Não, Caim responde: "Sou eu o guardador do meu
irmão?" Deus poderia falar: É. Você é guardador do seu irmão sim.
E disse Deus: que fizeste? Ah, não fiz nada. Fez. "A voz do sangue do teu irmão clama a
mim desde a terra. E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca
para receber da tua mão o sangue do teu irmão. Quando lavrares a terra, não te
dará mais a sua força; fugitivo e errante serás na terra. Então, disse Caim
ao SENHOR: "É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada."
Quem falou isto Caim? Quem foi que disse que é maior a sua maldade que a que
possa ser perdoada?
Deus é um Deus
de perdão, Deus é um Deus de salvação. Imagine que estamos aqui a poucos
minutos da criação do mundo, da queda do homem e da primeira família tentando
povoar a terra e Deus já viu que a coisa está toda errada, deu tudo errado por
causa do pecado. O que Deus poderia fazer aqui? Vou parar com isto. Chega,
não quero mais saber de ser humano. Não! Ele graciosamente está conversando
com aquele que assassinou um quarto da população do planeta que eram Adão, Eva
e os dois filhos, se ainda não tivessem nascido filhas de Adão e Eva. Ele
assassinou uma porção enorme da população do planeta. Deus na Sua graça
continua buscando Caim porque Deus é um Deus de graça. Caim, na sua rebeldia,
acha que não, Caim diz que a sua maldade é maior do que a que pode ser
perdoada. "Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me
esconderei;" vai se esconder porque você quis. A consequência do
pecado é sempre fuga e tentar se esconder de Deus. Sempre que fazemos algo
errado e a nossa consciência nos acusa o que nós fazemos?
A primeira
coisa é querer se esconder de Deus. Adão e Eva fizeram isto no jardim do Éden
quando eles pecaram. Se esconderam no meio das árvores do jardim. Como vamos
nos esconder de Deus? E Deus ainda pergunta onde estás Adão? Como se
Deus estivesse procurando… Deus sabia onde eles estavam. Mais uma vez Deus
pergunta para ele responder para si mesmo, para cair em si e reconhecer que
estava errado. Onde estás? Eu estou errado. Eu estou pecador. Eu estou fugindo,
me esquivando de Deus. Será que você também está se esquivando de Deus? Será
que você está tentando fugir Dele achando que isto é liberdade? Um trem
querendo andar fora dos trilhos, um peixe querendo viver fora da água não é
liberdade, não há como fugir de Deus. O melhor caminho é o contrário, pois Deus
está sempre de braços abertos para receber o pecador, se não fosse assim Ele
não teria feito o que fez alguns milhares de anos depois deste episódio quando
Deus entregou Seu próprio Filho para morrer numa cruz.
Quando Deus
viu que tinham terminado todas as tentativas de tratar com o ser humano, quando
Ele deu uma lei para mostrar como seria a vontade Dele, para o homem andar e o
homem mostrou que estava completamente fora da lei, distante dos caminhos de
Deus, então Deus, não contente com isto, Deus ainda se fez homem. Podemos
pensar toda a imensidão de Deus em um corpo humano? Esse é Jesus, Deus e homem,
Aquele que não tem origem nem fim, maior do que toda a imensidão do universo,
Aquele que sustenta todas as coisas.
Olhamos para o
céu e vemos as estrelas nos seus lugares, os planetas, bilhões de galáxias,
todas funcionando, Ele que sustenta todas as coisas e, ainda assim, Ele desceu
desse lugar tão alto e veio a este mundo tão errado, tão feio, tão deteriorado
e se fez homem. O que Deus fez no princípio foi criar o homem à Sua imagem e
semelhança. Ele pega outro caminho agora, Ele vem à semelhança do homem, porém
sem pecado. Nasce como um ser humano neste mundo, gerado de forma miraculosa
pelo Espírito Santo, mas nasce de uma mulher, cresce como ser humano, foi um
bebê, foi uma criança, caminhou aqui como qualquer outra pessoa, trabalhou com
seu pai, e foi fazer aquilo que nenhum outro poderia fazer que era pagar o
preço devido pelo pecado do homem.
Cristo foi até
à cruz pagar, derramar o Seu sangue, sofrer no lugar do ser humano, sofrer no
lugar de todos os Cains que existem hoje no mundo. Ele foi pagar o preço pelo
pecado. Quando lemos nos evangelhos, encontramos o Senhor Jesus andando no meio
de seres humanos comuns e não sendo nem mesmo reconhecido como alguém superior
aos seres humanos comuns; na escuridão do jardim do Getsêmani, quando vão
procurá-Lo para O prender, eles precisam combinar um sinal com Judas.
Combinaram que Judas desse o sinal porque senão não saberiam quem era Ele;
naquela escuridão, naquelas tochas, Ele era só mais um entre as pessoas que
estavam ali. Ele veio, desceu a este ponto e foi até à cruz porque o pecado
exigia um pagamento.
O pecado
exigia que a justiça fosse feita. Até na justiça humana sabemos isto; se um
criminoso matar alguém nós nos indignamos. Essa pessoa precisa ser julgada,
precisa ser condenada, precisa de prisão, precisa ir para a cadeira elétrica se
for em outro país, ela tem que sofrer pelo que ela fez. Ok, Deus também pensa
assim. Mas como nenhum de nós sairia ileso da pena que é devida ao pecado,
Cristo foi em nosso lugar! Passou na nossa frente; é como se a gente estivesse
caminhando em direção à forca e vem alguém, passa na nossa frente, e vai morrer
em nosso lugar! Isto Ele fez para pagar por todos os nossos pecados. O mais
curioso é que esse Deus de amor quer salvar Caim mas Caim não quer ser salvo.
Caim quer andar segundo os seus próprios desejos, ele tem filhos, constrói uma
cidade, começa adornar este mundo para poder ser um lugar para ele viver e cada
vez ele se amarra mais. A liberdade que ele busca, na verdade, não é liberdade,
ele vai se amarrando mais e mais e deu no que deu até hoje. Apesar desse Deus
amoroso querendo salvar Caim, Caim foge de Deus.
Mas ao longo
das páginas da Bíblia nós vamos encontrar outros homens, como Abel, que
confiaram em Deus irrestritamente. O que é confiar em Deus totalmente? Um
missionário cristão foi uma vez, se não me engano na Colômbia, onde tinha uma
tribo de índios, e ele foi lá pregar o evangelho aos índios mas, antes disso,
ele precisava aprender a língua dos índios e depois traduzir o evangelho para o
idioma dos índios. Ele encontrou uma dificuldade porque não havia a palavra fé
na língua indígena e ele tentava alguma palavra que desse o significado de fé.
Ele descobriu
que os índios tinham aquela grande oca cheia de pilares de árvores que
seguravam toda a estrutura e, à noite, os índios subiam naquelas árvores,
amarravam as suas redes entre uma árvore e outra e dormiam lá em cima, bem
alto, por causa dos animais, medo dos animais selvagens que entravam e podiam
pegar alguém. Uma coisa que estes índios faziam era escolher a madeira para ver
se não estava podre, tinham um cuidado muito grande antes de amarrar a sua rede
pois, se a madeira não fosse segura, eles não amarravam nela, amarravam em outra.
Se o poste fosse muito fino, eles amarravam em outro. Então o missionário
descobriu que poderia traduzir fé com a mesma palavra que os índios usavam para
falar "amarrar a rede em" porque, se eles amarrassem a rede em
qualquer coisa que não fosse totalmente segura, eles podiam cair lá de cima e
quebrar o pescoço. Então eles tinham que amarrar a rede em Jesus. E era amarrar
em alguém em quem eles confiassem a sua vida completamente.
Caim não quis
confiar a sua vida completamente a Deus, tanto na hora em que fez a oferta dele
como depois, quando Deus vai conversar com ele. Em nenhum momento ele mostra
sinal de arrependimento. Abel, sim. Abel amarrou a sua rede em Jesus. Abel confiou em Deus totalmente dando os primogênitos
do seu rebanho sem saber se viria mais. Isto é fé! A salvação vem pela fé total
e irrestrita na pessoa de Cristo Jesus. Fé que Deus vai ser gracioso para
comigo, que Deus vai resolver o problema do meu pecado, que Deus vai me
perdoar, que Deus vai me salvar, que Deus vai me limpar de todos os meus
pecados, que Deus vai fazer tudo isto porque Cristo morreu e o Seu sacrifício
vale para mim. Isto é fé.
Este é o
caminho da salvação e, quando continuamos lendo, ao longo da Bíblia vamos
encontrar coisas curiosas que mostram o caráter de Deus que às vezes a gente
não conhece. Principalmente no evangelho de João que começa dizendo quem era
Jesus e, logo no capítulo 2, encontramos o Senhor Jesus numa festa de casamento
e, no final do relato dessa festa de casamento, diz que aquele foi o Seu primeiro
milagre, e por meio daquele primeiro sinal Ele começou o Seu ministério.
Estava lendo
por estes dias o evangelho de João, particularmente neste capítulo 2 que tem o
relato das bodas de Caná, e tem algumas coisas interessantes neste capítulo.
Primeiro que esse Deus que às vezes a gente se engana pensando que é um Deus
terrível, um Deus que quer o sofrimento do homem, Ele começa justamente o
ministério Dele aqui na terra como homem na pessoa de Cristo não movendo uma
grande montanha, apagando um vulcão, eliminando os exércitos romanos com raios,
trovões, algo assim, ou desviando um furacão ou curando todos os enfermos,
alimentando toda a população do mundo. Não, ele começa participando de uma
festa de casamento. Que importância tem uma festa de casamento para que o filho
de Deus vindo do Céu comece o seu ministério justamente por aí? E o que Ele faz
nesta festa de casamento? Ele cura algum paralítico, algum cego, algum leproso?
Não.
Tinha acabado
o vinho. Ele resolve um problema que hoje chamaríamos de problema com o bufê da
festa de casamento, e Ele foi lá e resolveu o problema da falta de bebida. Ele
transforma água em vinho. Por que fazer isto, começar Seu ministério numa festa
de casamento? Porque Deus é um Deus de alegria. Deus é um Deus de felicidade.
Deus é um Deus que quer que o cristão, que aquele que crê em Cristo Jesus, seja
salvo e seja feliz. É por isto que Ele começa numa festa de casamento porque
toda a história, lá em Apocalipse, no capítulo 19, vai terminar numa festa de
casamento. Só que vai terminar na festa de casamento do próprio Filho de Deus,
de Jesus, quando Ele recebe a Sua noiva, vestida, do Céu, e há então as bodas
do Cordeiro, a festa de casamento do Cordeiro de Deus.
Começa em
festa, começa em alegria o ministério de Cristo nesta terra e termina em
alegria. Não podemos dizer que termina porque será por toda a eternidade
alegria para todos os salvos. Todos aqueles que amarraram a sua rede em Jesus,
todos aqueles que confiaram sem qualquer dúvida em Cristo como seu salvador.
Este trecho do evangelho de João tem algumas particularidades interessantes,
uma é que Maria, mãe de Jesus, vai conversar com Ele para avisar que acabou o
vinho e Ele fala: a minha hora não chegou ainda. Há muitas
interpretações para essa hora mas, eu creio que possa ser porque Ele
estava em uma festa de casamento e aquela não era a festa Dele ainda. E quando
Ele transforma a água em vinho, Ele pede para os servos encherem as talhas de
pedra com água até em cima, Ele transforma em vinho e vem o mestre-sala, que
seria hoje o gerente do bufê, toma o vinho, que ótimo e vai falar com o
noivo.
Geralmente as
pessoas servem primeiro o melhor vinho e, quando todo mundo já está mais ou
menos "alegre", não está sentindo bem o gosto, serve o pior no final.
Você fez o contrário, você guardou o melhor vinho até agora. Nós poderíamos dizer hoje para o mestre-sala que ele não viu nada.
Nada do que está guardado, o que está reservado para aqueles que creem em Jesus
como seu salvador. E outra, ele foi no noivo errado, não tinha sido o noivo que
fez aquilo. Tinha sido o outro noivo, Aquele que aguarda o dia quando Ele vai
ter comunhão, uma comunhão tão íntima, que Ele se apraz em se chamar noivo da
Igreja que é o corpo, o agrupamento formado por todos aqueles que creem em
Jesus como seu salvador.
Podemos pensar
que história linda esta, que começa com a ruína, com o homem trocando os pés
pelas mãos, fazendo tudo errado, um irmão matando o outro e, quando parece que
tudo está perdido, lá no fim, o próprio Deus se fazendo homem, morrendo no
lugar do ser humano para salvá-lo e, não contente com isto somente, quer
ser o noivo dos salvos por Ele, do Corpo, da Igreja, da Noiva. Este é o Deus da
Bíblia, não um Deus tirano, não um Deus que quer que a gente tenha dor, que a gente
sofra. Não um Deus que quer restringir a nossa liberdade, não! Se nós
entendermos que liberdade é exatamente vivermos para aquilo que fomos
designados, que fomos projetados, que é estar em comunhão perfeita com o
Criador, aí sim somos totalmente, perfeitamente
livres.