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Idolatras - Mario Persona

Idólatras - Mario Persona


https://youtu.be/JClEIpJtQCU

Idólatras
Mario Persona

Quando vamos a um museu, quando abrimos livros de história, boa parte daquilo que nós sabemos sobre os povos antigos é graças aos objetos de culto, graças aos templos, às religiões, às formas com que eles tentavam se relacionar com o mundo espiritual. Há pessoas que vão ao Egito, onde tem as pirâmides, os templos, grandes imagens de pedras; outras vão à América Central, América do Sul e encontram também grandes templos, grandes pirâmides, muitos objetos de ouro e prata usados nos sacrifícios aos diferentes deuses, usados na adoração por diferentes religiões. No mundo inteiro tem isto e, basicamente, muito da história da humanidade que conhecemos hoje, é graças a esses objetos; assim as pessoas podem conhecer os costumes das pessoas daquelas épocas.

E hoje nós olhamos tudo isto com uma visão até um pouco de superioridade, olhamos para aqueles povos antigos e pensamos: pobres povos antigos, eram idólatras, acreditavam que um objeto de madeira, ou um objeto de bronze ou um objeto de pedra, tivesse algum poder em si mesmo ou fizesse algum tipo de ligação com o mundo espiritual. E assim nós nos colocamos numa posição até de soberba, nos considerando mais evoluídos do que essas pessoas.

Os próprios ateus, eu recebo muitos emails de ateus que contestam várias coisas sobre a Bíblia, afirmam que tudo o que a Bíblia diz, todas as religiões e também o cristianismo e até o judaísmo, eram coisas que tinham o seu lugar no passado e eram necessárias porque o homem estaria em um estágio de evolução naquela época e ele precisava disso, isso era importante para ele, mas hoje não precisamos mais porque o estágio evolutivo do nosso cérebro já atingiu um nível que seria totalmente desnecessário pensar em coisas espirituais ou em Deus ou qualquer coisa assim.

O grande furo desse argumento evolucionista é que, daqui a um milhão de anos - se a evolução existisse - os evolucionistas então iriam rir dos evolucionistas de agora dizendo que esta conclusão que eles chegaram também era uma conclusão necessária para o atual estágio evolutivo de seus cérebros. Ou seja, jamais haveria alguém que poderia dizer com firmeza que em tal momento da história da humanidade ele precisou de Deus, ele precisou de um ser acima de si.

Mas, voltando à questão dessas populações antigas, na verdade, hoje nós chamamos de idólatras porque eles adoravam ídolos, e Deus tem um cuidado todo especial na Bíblia, que é a sua Palavra, com a questão da idolatria. Tanto é que, dos dez mandamentos que todos nós conhecemos, quando Deus deu a Moisés as tábuas da lei com os dez mandamentos, antes de todas as leis, regras e preceitos do tipo faça isto e não faça aquilo, vinha o primeiro mandamento que era primordial, essencial e dele dependiam todos os outros.

Em Êxodo, capítulo 20 lemos: "Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos." Então, o primeiro e o segundo mandamento, que é uma decorrência do primeiro, é que há um só Deus, que deveria haver só um Deus e que, em momento algum, o ser humano deveria adorar ou cultuar outros deuses além do Deus verdadeiro e, tampouco, tentar fazer imagens ou figuras, sejam do Deus verdadeiro ou de quaisquer outros deuses ou de qualquer outro objeto, qualquer coisa existente na terra, no ar ou nas águas ou debaixo da terra, e tentar colocar isto como o seu objeto de culto e adoração.

A verdade é que, milhares de anos se passaram desde que isto aqui foi escrito e, até hoje, todos nós somos idólatras. A Bíblia nos fala que no jardim do Éden, lá no começo da criação, quando o homem decidiu não mais deixar que Deus fosse Senhor das suas decisões, o homem decidiu seguir a sua própria vontade e Deus deu uma ordem para ele, uma ordem muito simples, e o homem simplesmente ignorou aquela ordem. Se nós tivéssemos uma Bíblia no jardim do Éden ela não seria maior do que um bilhete porque Deus disse somente: "da árvore que está no meio do jardim não comerás. Pode comer de todas as árvores, menos desta".

Era só isto, não existia todo um compêndio de regras, leis, nada disto. Era somente isto que Deus esperava do homem e o homem, ainda assim, foi na conversa de Satanás, quis tomar as suas próprias decisões. Ele quis ser como Deus, conhecedor do bem e do mal. O homem quis ser senhor da sua própria vida. E com isto aconteceu algo interessante, no momento em que o homem tira Deus da sua vida, surge um vácuo. Tanto é que em inglês há algumas traduções da Bíblia que explicam o pecado e usam a palavra lawlessness, que é a ausência do princípio da lei, da coisa que faz você mover em determinada direção; ausência de qualquer direção, de qualquer coisa que o dirija.

No momento em que o homem tirou Deus da sua vida, expulsou Deus da sua vida, ele ficou com um vazio, e agora ele terá de tentar preencher esse vazio de alguma forma pois, se ele tirou o motor da sua vida, aquilo que o dirigia, aquilo que era a razão da sua existência, aquilo de onde ele veio e para onde ele ia, ele ficou perdido. E a Bíblia usa essa palavra para nós: perdidos. Pecadores perdidos, sem Deus no mundo, sem direção, sem sabermos para onde vamos e buscando então, em outras coisas, a satisfação, o significado até da nossa vida. E com isto entra a idolatria.

Idolatria é qualquer coisa que nós buscamos para tentar satisfazer esse vazio. Qualquer coisa que a gente faça ou imagine que possa nos dar a sensação que a nossa vida tem um significado e que vale a pena viver por esta coisa. O problema é que nada pode ocupar o lugar de Deus porque o homem foi feito para ser movido a Deus. Quando compramos um carro movido a álcool ou a gasolina ou a óleo diesel, não adianta encher o tanque com água, com Coca-Cola ou qualquer outra coisa porque ele é movido a um determinado combustível.

Nós fomos criados para sermos movidos a Deus. Deus tem que ser o objetivo da nossa vida; o princípio, o meio e o fim e Deus tem que ser a razão, inclusive, do nosso viver. Quando eu não tenho a Deus então eu vou buscar uma razão para o meu viver. E qual é a razão do meu viver? Qual o objetivo da minha vida? É interessante o quanto temos de coisas que são razões do nosso viver. O que me dá segurança, por exemplo? O que me dá certeza de que amanhã eu vou acordar saudável, seguro e ter comida para comer?

Quem me dá essa certeza é o meu Deus. O que garante o meu futuro na vida ou na carreira? Quem garante o meu futuro é o meu Deus. Se você diz: "Ah, para mim é a minha conta bancária", então essa conta bancária é o seu deus. Ah, mas isso é diferente. Não, não é diferente, apenas os antigos colocavam um nome para essas coisas e construíam uma imagem para isto. Nós não temos o nome de Mamon para o dinheiro ou para a riqueza, mas temos o mesmo deus. Os antigos davam o nome de Afrodite à deusa da beleza. Nós não chamamos de Afrodite, nós chamamos de plástica, de cosméticos, de regime, e pessoas morrem pela deusa Afrodite de hoje; pessoas deixam de comer, morrem de bulimia, por causa da deusa Afrodite, a deusa da beleza.

Antigamente havia o deus Baco, o deus do vinho, e a pessoa vivia em função de Baco, em função desse deus. Hoje talvez não tenhamos o nome Baco para ele, mas existe o deus de qualquer substância que nos faça "felizes" nessa vida. Hoje existem até religiões que usam psicotrópicos e o alucinógeno é a forma que a pessoa acredita que vai levá-la a ter uma experiência mística, uma experiência com o mundo espiritual. Então, na realidade, nós não somos nem um pouco diferentes dos antigos egípcios, dos antigos persas ou daquela tribo perdida numa selva da África adorando um pedaço de pau, um raio que caía na floresta ou qualquer coisa assim, não somos diferentes.

A única coisa é que hoje temos nomes diferentes para esses deuses. Eu estava lendo um comentário onde o comentarista dizia da transição pela qual passou os Estados Unidos, a cultura americana, um país que, segundo o comentarista, havia começado tendo Deus como Deus porque as pessoas saíram da Europa fugidas, em busca de liberdade religiosa pois eram perseguidos na Inglaterra, e foram lá ser os primeiros colonos e construíram uma nação baseada em liberdade, em princípios de adoração, de culto e Deus tendo um papel importante na sociedade e na vida daquelas pessoas. Mas, à medida em que o tempo foi passando, o próprio país, ou a América, passou a ser o deus pois, o próprio sistema de liberdade, de apoio social, de libertação de países que estavam em escravidão, passou a ser um deus.

Aquele sistema era o melhor do mundo e era aquilo que iria salvar a humanidade. Mas, na década de 60, com muita desilusão por causa do que houve com o Vietnã e os jovens com drogas e contestação, esse deus foi mudando e esse deus passou a ser o indivíduo. O bem-estar, individual e pessoal, é o mais importante de tudo, e aí passou a ser esse o ídolo dessa sociedade, particularmente desse país, segundo esse comentarista. E vemos que hoje, no mundo todo, realmente, existe uma idolatria pelo homem.

Em Romanos podemos ver isto mais claramente. Romanos, capítulo 1, versículo 18 diz: "Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém! Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; estando cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem."

Essa lista enorme de maldades, de coisas que nós não gostamos, pessoas presunçosas, pessoas desobedientes aos pais, inventores de males, pessoas infiéis nos contratos, nós queremos assinar um contrato com alguém que seja fiel, que pague. Irreconciliáveis, nós queremos que as pessoas consigam se reconciliar; sem misericórdia, murmuradores, cheios de inveja, homicídio, engano, malignidade, tudo isto nessa lista de coisas que fala aqui, na realidade, são apenas consequência de um processo que começou lá atrás, quando o homem ignorou Deus. E passou a adorar o quê?

Passou a adorar o próprio homem, além de animais, pedras, bois, pássaros porque achando-se sábios se tornaram loucos. Então, Deus permite que esse homem sem Deus, esse homem que se acha alguém, que se acha o seu próprio deus, Deus permite que ele descambe, desça esse barranco de toda sorte de males. E quando nós olhamos para o mundo hoje nós nos indignamos pensando: não há justiça, quantos crimes, quanta droga, quanta perversão, quanta política errada. Na realidade, tudo isso é em função do pecado, que é o vazio que o homem quis fazer expulsando Deus da sua vida. E somos todos assim. Às vezes temos um outro deus na nossa vida também que é a nossa sabedoria. O fato é, sempre que nós preferirmos alguma coisa a Deus, nós somos idólatras. Se eu confio mais nos meus pensamentos do que nos pensamentos que Deus expressa na sua Palavra, eu sou idólatra.

E, concordando com aquela história do evolucionista, de que o povo antigo não teria condições de tirar suas próprias conclusões então ele tirou conclusões que naquela época adiantariam, também hoje as conclusões do homem moderno não poderiam ser aceitas porque ele iria evoluir, ainda que não crendo nisso, mas pensando nesse sentido, nós não temos realmente condições de tirar conclusões quando as questões são espirituais. Daí concluímos que nós precisamos não de entendimento humano, mas de revelação.

E Deus se revelou ao homem através da sua Palavra. Não haveria outra forma de conhecermos o mundo espiritual se ele não fosse revelado a nós. Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu. Ninguém poderia saber como Deus é se Deus não se revelasse na face de Cristo, se não se revelasse como homem. Ninguém poderia fazer uma imagem correta de Deus, e Deus proibiu fazer imagem, porque a única imagem perfeita e correta de Deus, é Jesus. Porque por mais que alguém tentasse fazer uma imagem de Deus, ele erraria. Então nós dependemos cem por cento não de nossas conclusões, mas do que Deus revela para o ser humano.

Quando eu confio na minha sabedoria, eu sou deus, eu excluo Deus, então eu sou um idólatra. Quando eu prezo mais a minha reputação do que a glória e a honra de Deus, eu sou idólatra. Quando eu vivo para satisfazer os meus desejos, eu sou idólatra. Se nós analisarmos a religião como um todo, ela é idólatra, pois sempre que o homem pensa em alguma religião, em "ir a uma igreja" ou algum templo ou fazer alguma coisa, observar preceitos; ele está buscando uma forma de satisfazer alguma necessidade sua. Ele não está fazendo aquilo por Deus.

Se ele acende uma vela é porque isto pode lhe trazer um benefício para pagar alguma dívida. Se ele vai na igreja x é porque lá tem um pastor que é muito poderoso, muito ungido, que vai curá-lo de todos os males, se ele dá uma esmola é porque ele acredita que aquilo vai valer pontos para si mesmo. Então, tudo isso são diferentes formas de idolatria. Buscar algo que satisfaça as nossas necessidades, as nossas vontades, nossos desejos, ou seja, eu sou o centro do Universo. Eu vivo em função de mim mesmo e não de Deus, e isto também é idolatria. Quando nós queremos poder, isto é idolatria, porque nós queremos estar no lugar de Deus para controlar as pessoas.

Quando os irmãos de José descobrem que ele é o José que fora vendido por eles e se transformou no vice-rei do Egito, eles ficam apavorados pensando que José fará alguma coisa contra eles, que ele se vingará deles. No entanto, José fala para eles: não se preocupem, estaria eu no lugar de Deus? José não quer estar no lugar de Deus. José não quer ser aquele que irá condenar seus irmãos, brigar com seus irmãos, nada disto. Mas na própria Bíblia encontramos vários exemplos de idolatria, até mesmo entre pessoas que eram servas de Deus.

Quando nós vemos a história de Jacó, por exemplo, ele era um homem que tinha um problema tremendo de afeição, ele queria ser o preferido do pai mas seu pai Isaque gostava mais de Esaú, com isso, Jacó tinha um problema tremendo de falta de afeto, de baixa estima ou qualquer coisa que se chame hoje e ele tentava, de todas as maneiras, suprir isto com muitas coisas e, chega um momento em que ele se apaixona perdidamente por Raquel. Raquel era o deus de Jacó. Ele estava disposto a trabalhar sete anos para ter Raquel e, quando Labão, pai de Raquel, não lhe entrega Raquel mas lhe dá Lia, ele trabalha mais sete anos para ter o direito de receber Raquel como sua mulher. Jacó achava que só seria feliz se tivesse Raquel como sua mulher. Todas os seus problemas acabariam, toda a sua infelicidade desapareceria, ele seria feliz.

Esse é o deus do amor que nós vemos hoje muito cantado em verso e prosa, em filmes e músicas e que é sempre aquela coisa, a pessoa não pode viver sem alguém então ele vai fazer todas as coisas para viver com aquele alguém, mas é um deus que vai acabar também em determinado momento. Tem até o título de um livro muito engraçado em inglês, que traduzido é mais ou menos assim "Se você não pode viver sem mim como é que você ainda não morreu?" É um livro que critica os relacionamentos, critica colocar os relacionamentos como a coisa mais importante do mundo.

Hoje nós vivemos em um mundo em que somos enganados por estas coisas. Nós podemos ter, por exemplo, o deus da aprovação, querer ser amado, querer ser respeitado, eu não serei feliz enquanto as pessoas não reconhecerem como eu sou importante, quantas coisas eu faço, como eu sou uma pessoa bacana, legal, como sou bem sucedido na sociedade; esse é o meu deus, esse é o meu ídolo. Ele só não é de pedra, só não está no Egito, só não recebe grinaldas e flores ou velas aos pés dele, mas é um deus. Se eu vivo em função da minha carreira, a minha carreira é um deus. Meus filhos são as coisas pelas quais eu vivo? Então  meus filhos são os meus deuses. Como nós somos idólatras! Estamos sempre tentando preencher o vazio no nosso coração, o vazio do objetivo da nossa vida com um monte de coisas.

Em Efésios, capítulo 5, versículo 5 diz: "Porque bem sabeis isto: que nenhum fornicador, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no Reino de Cristo e de Deus." Aqui a avareza é idolatria. O que é a avareza? Avareza é o amor ao dinheiro. O amor ao dinheiro é idolatria e, se nós analisarmos a sociedade moderna, este é um dos ídolos mais poderosos que existem e menos contestado. A capa da revista exibe: O homem mais rico do Brasil, o homem mais rico do mundo e, todas as pessoas desejam ser como ele porque acreditam que sendo assim, o mais rico do mundo, todos os seus problemas estarão resolvidos. Creio que foi a Rockefeller que perguntaram quanto dinheiro é suficiente? E ele respondeu: mais um pouco.

Nunca é suficiente porque não existe nesse vazio no coração do homem algo que o preencha a não ser Deus. Não há nada que possa completá-lo. Tem uma outra passagem na Bíblia, em 1 Coríntios, que também mostra que os ídolos podem ser as coisas boas, não são, necessariamente, as coisas más da vida que são os nossos ídolos. Capítulo 10, de 1 Coríntios, versículo 7: "Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; conforme está escrito: O povo assentou- se a comer e a beber e levantou-se para folgar." O contexto é o do povo israelita no deserto quando começou a adorar deuses falsos, bezerro, etc. A gente esperaria que ele escrevesse: o povo fez um bezerro de ouro, e adorou e acendeu vela. Não, ele diz: o povo assentou-se a comer e a beber e levantou-se para folgar. Oras, eu como e bebo todos os dias, eu me levanto para folgar todos os dias e, no entanto, aqui ele está chamando isto de idolatria. Por quê?

Porque esta era a razão da vida deles. Se a razão da minha vida é comer, beber e folgar, então esse é o meu ídolo, eu sou um idólatra. Isso é o que está tomando o lugar de Deus na minha vida. Outra passagem, em Colossenses, capítulo 3, versículo 5 diz: " Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o apetite desordenado, a vil concupiscência e a avareza, que é idolatria." Olha ela aí de novo, mais uma avareza é chamada de idolatria. Por que será que o amor ao dinheiro é tantas vezes chamado de idolatria?

Porque eu creio que Deus sabia que, em último caso, nós sempre buscaríamos a nossa segurança no dinheiro, a razão do nosso viver, no dinheiro. Nós vivemos, trabalhamos oito horas por dia, a maior parte da nossa vida passamos no trabalho, claro que Deus abençoou o trabalho, no sentido de que, quem não trabalha também não coma, então é necessário trabalhar, mas se este é o objetivo da minha vida, então isto é idolatria.

Nesta mesma passagem que chama de idolatria a avareza, ou o amor ao dinheiro, ele começa, no versículo 1, dirigindo-se às pessoas que creram em Jesus: "Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele em glória." E então ele vai falar das outras coisas e da idolatria. Mas o que é isto, estar com Cristo, o que é isto: se já ressuscitastes com Cristo? Eu sei que ressurreição é quando uma pessoa que morreu volta a viver. E como aqui diz já ressuscitastes com Cristo?

Ele está falando de pessoas que passaram para uma nova ordem de coisas. Ele está falando de pessoas que nasceram de novo. Uma vez o Senhor Jesus encontrou um homem chamado Nicodemos, que era um homem rico e, obviamente, ele não precisava de dinheiro, o dinheiro não era problema para ele, Jesus não ia resolver os problemas financeiros dele. Ele era um homem de muito estudo, não era uma pessoa ignorante que poderia pensar nas coisas religiosas como uma coisa que pudesse ter uma árvore na floresta como seu deus, ao contrário, ele era um homem que inclusive cria no Deus verdadeiro, o Deus de Israel, o Deus revelado no Antigo Testamento por Deus a Moisés, o mesmo Deus que disse "não terás outros deuses diante de mim", o mesmo Deus que deu os dez mandamentos.

Nicodemos era um homem que andava segundo todas as coisas que estavam escritas na Bíblia, mesmo assim este homem tão importante, que era membro do Sinédrio de Israel, o Sinédrio seria como a Câmara dos senadores e deputados, seria o Congresso Nacional, em termos do nosso sistema no Brasil, aqueles que regem sobre um país, que fazem as leis, que decidem; ele era um membro do Sinédrio, então era um homem muito importante mas, mesmo assim este homem, na sua sensação de vazio na vida, tendo tudo que ele tinha, tendo o poder que as pessoas buscam, tendo o dinheiro que as pessoas buscam, tendo a posição, ainda assim ele vai procurar Jesus. E Jesus diz a ele: "necessário vos é nascer de novo".

Fala a ele de uma coisa totalmente nova, que não era deste mundo. E assim, as pessoas que nascem de novo são agora consideradas ressuscitadas com Cristo; a sua posição mudou e passam a ser exortadas a pensar nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra porque agora elas têm algo a mais do que esta própria única vida aqui. Mas, como nós conseguimos isto?

Todo o problema começou lá atrás, por causa do pecado. O pecado nos tornou vazios, e aí precisamos tentar encher esse vazio com muitas coisas que nos deixem satisfeitos, mas  nunca irão nos satisfazer. Começou com esse pecado lá atrás e Deus instituiu um juízo para o pecado porque foi uma afronta para Deus, então, o problema que nós vamos ter que resolver é o pecado. Isto é fácil, é só a gente ter uma religião, seguir direitinho os preceitos da religião e essa religião irá resolver este problema. Mas aí a religião se torna o meu deus.

Se eu seguir uma religião pensando que a religião irá me salvar, essa religião é o meu deus porque, qualquer coisa em que eu acredite que possa me salvar, que possa me ajudar, que possa resolver o meu problema, essa coisa se torna o meu deus. Então a religião será o meu deus, a menos que eu pergunte a Deus como resolver este problema. E Deus dirá na sua Palavra que ele viu que ao homem é impossível resolver este problema. Por mais boas obras que eu faça, por mais religiões que eu tenha, por mais esforços que eu faça, o Senhor Jesus vira para mim e fala como falou para Nicodemos: necessário vos é nascer de novo. E quando nós nascemos, pense bem nisto, alguém sofreu bastante para nós nascermos. Outra pessoa sofreu.

Quem já viu um parto sabe que, embora achemos bonito nascer um bebê, vir um bebê ao mundo, mas um parto em si é uma coisa horrível. Se você analisar o que é um parto realmente, é uma criança saindo de dentro de uma mulher, com sangue e secreções, com sofrimento das mães, algumas mães chegam a morrer num parto, um parto é uma coisa dramática. Hoje temos técnicas para eliminar a dor, mas ainda assim um parto está associado à dor, existe a expressão isto é uma dor de parto para dizer que aquela dor que é terrível. Então não é uma coisa linda, maravilhosa, é uma coisa que dói, alguém sofre para que um bebê venha a este mundo, envolve sangue e sofrimento.

Para que eu pudesse nascer de novo Deus fez uma obra e ela não foi fácil. Ela também esteve cercada de dor, de sofrimento e, muito mais do que uma dor de parto, muito mais do que o sofrimento de uma mulher, foi o próprio Deus que se fez carne na pessoa de Jesus, o filho de Deus veio a este mundo e tomou sobre Si as nossas culpas. Toda aquela lista de pecados que a gente também comete, que estava lá naquela passagem de Romanos, toda aquela lista ele tomou sobre si para morrer em nosso lugar, para receber em nosso lugar o castigo, e Deus aceitou o seu castigo, ele morreu, depois ele ressuscitou e ele hoje está no céu. É por isto que hoje, aqueles que creem em Jesus, são exortados a olhar para o céu. Mas, o que eu preciso fazer então?

Absolutamente nada. Eu preciso parar de fazer, parar de confiar que o meu futuro está no dinheiro ou em outra coisa e parar de confiar, inclusive, que o meu futuro eterno está nas minhas mãos. Eu preciso me render nas mãos de Deus. É uma rendição a Cristo. Crer em Jesus é render-se à Jesus. É confiar que você não pode fazer nada, não pode se salvar e crer que ele morreu na cruz por você, que ele pagou pela sua culpa, que ele sofreu, derramou seu sangue ali para que você fosse salvo.

Uma pessoa que crê em Jesus tem todos os seus pecados perdoados, está pronta para ir para o céu. Não há mais nada que falte para esta pessoa. Ela poderá talvez permanecer aqui neste mundo por algum tempo porque Deus tem alguma coisa para ela fazer aqui, ou alguma coisa que Ele gostaria que ela aprendesse aqui, mas em termos absolutos, ela está salva. Totalmente salva não por méritos próprios, mas por Deus. E uma pessoa assim, salva, tem uma característica.

Em 1 Tessalonicenses, capítulo 1, quando Paulo escreveu aos tessalonicenses, que eram gregos convertidos obviamente dos deuses gregos que eles seguiam na época e aqueles deuses tinham nomes, tinham imagens de pedra ou de metal ou de barro e no versículo 8 diz: "Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente na Macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com Deus se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma; porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro e esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura." Uma da piores decepções que podemos ter é quando começamos a fazer um trabalho, um serviço, chega alguém e fala: não, não precisava fazer isto. Como quando você está pintando uma casa e alguém chega e fala: ah, não precisava, eles vão demolir esta casa amanhã. Aí você olha todo o seu trabalho, tudo o que você fez será perdido, foi em vão o seu trabalho.

Todo o trabalho que fizermos nesta vida visando o nosso próprio bem, não terá valor nenhum na eternidade. Todo trabalho que fizermos visando a nossa salvação, a nossa segurança eterna, será demolido. A qualquer momento nós teremos, inclusive o nosso corpo, demolido. Então, tudo aquilo em que concentramos os nossos esforços nesta vida, deixará de ser importante, deixará de existir.

Pense naqueles faraós egípcios que construíram aquelas pirâmides imensas, pense no luxo, na vida que eles tiveram, no conforto que eles tiveram, nos amores que eles amaram, nas riquezas que eles desfrutaram, em todos os prazeres que tiveram, nas viagens que fizeram. Pense em tudo isto, tudo isto sumiu, tudo isto ficou embaixo do pó, da areia do deserto, mais nada disto tem sentido hoje, alguns milhares de anos depois. Portanto, todas as coisas que nós fazemos para os nossos ídolos são em vão. Inclusive o nosso ídolo de tentar a nossa própria salvação, de tentar a nossa própria justificação, de tentar falar para Deus: "não, eu sou um pecador mas não sou muito pecador, sou uma pessoa que até procura fazer o bem".

Só teve um que podia dizer: quem é que me convence do pecado, quem é que me acusa de algum pecado, quem é que pode dizer que eu tenho pecado? Jesus. O único que podia afirmar que não tinha pecado porque, realmente, ele não tinha pecado. O único homem perfeito. Qualquer outra pessoa neste mundo é um pecador. Qualquer outra pessoa é falha e necessita de Deus e necessita da salvação que Cristo dá.

Eu espero, sinceramente, que todos que estão lendo isso, já tenham esta salvação, esta certeza dos seus pecados perdoados, já tenham a certeza do sangue de Jesus que um dia lavou os nossos pecados na cruz e possam agora dizer como o salmista diz no salmo 73, versículo 25: "A quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti." Esta deveria ser a nossa motivação sempre.

Eu sei que, mesmo sendo cristãos, salvos por Cristo, estamos constantemente voltando aos nossos ídolos e confiando neles, de uma forma ou de outra. E não há segurança maior para nós, não há satisfação maior, não há significado maior para nós na vida, mesmo para aqueles que já creram em Jesus, do que o próprio Jesus. Não existe nada neste mundo que irá nos dar prazer definitivo, satisfação definitiva, alegria definitiva, segurança definitiva, nada, somente Jesus.

Às vezes a gente se esquece disto, mas graças a Deus que ele nos lembra pela sua Palavra e nos ajuda também a dizer: A quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti. Uma vez os discípulos de Jesus acharam muito duras as suas palavras, alguns inclusive o abandonaram, ele virou para alguns deles e disse: vocês também querem me abandonar? E Pedro responde: Senhor, a quem iremos? Tu tens a palavra da vida eterna. Portanto, qualquer pessoa sabendo que a nossa vida irá acabar daqui a pouco, ninguém sabe quando, deve crer em Jesus Cristo. Esse é o nosso seguro de vida, essa é a nossa segurança eterna.