Pesquisar este blog

Para fazer download do mp3 clique com o botão direito do mouse sobre o link e escolha salvar.

Nao vos comove isto? - Mario Persona

Não vos comove isto? - Mario Persona



https://youtu.be/RiDbJO5kvcE

Não vos comove isto?
Mario Persona

Normalmente entendemos a mensagem do evangelho de uma forma bastante focada na nossa necessidade e às vezes nos esquecemos do que Cristo passou por nós na cruz. Ele chegou a um extremo que nenhum ser humano é capaz de imaginar. Gostaria de ler um versículo no Salmo 37:25 "Fui moço e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão." Ao lermos os Salmos, entramos em algumas esferas especiais, uma delas, obviamente a mais patente, é Davi inspirado por Deus a escrevê-los. Muita coisa presente ali, é o exercício da sua alma, mas também esses escritos, têm um caráter profético, quando mostram o que os judeus passarão depois do arrebatamento, na grande tribulação. Porém, acima de tudo, muitos Salmos expressam o modo como Jesus se identifica conosco.

Nos evangelhos lemos sobre seus atos, seus milagres, seu andar perfeito aqui na Terra, suas palavras enfim, mas nos Salmos,  podemos, por assim dizer, ler os pensamentos de Cristo. Entramos numa esfera tão íntima, que podemos conhecer o que Jesus sentiu quando esteve neste mundo, seus sentimentos e cada sensação de Jesus, Deus que se fez homem. Ele que veio em semelhança de carne, mas existia antes de existirem todas as coisas, porque ele é o próprio Criador de tudo. O primeiro capítulo do evangelho de João fala que nada do que foi feito se fez sem ele que fez todas as coisas. Jesus já existia por toda a eternidade e já era o Filho na Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ele é a expressa imagem da pessoa de Deus, o Filho de Deus perfeito que sempre foi Filho de Deus. O fato inusitado foi ele ter-se feito homem, vindo em semelhança de carne de pecado, porém, sem pecado. E aqui neste mundo, mesmo sem pecado, andando como homem, foi tentado à semelhança nossa. Jesus sofreu! Experimentou o que é sede, fome e dor. Sabe se compadecer de nós, seres humanos, porque é humano. Hoje, existe no céu um homem ressuscitado à destra de Deus Pai.

Este versículo de Salmo, “fui moço e agora sou velho mas nunca vi desamparado o justo”, é um princípio de Deus. Alguém ao ler tal afirmação, que Deus não desampara o justo, pode perguntar: - mas e Paulo, o apóstolo, um homem justo e tão usado por Deus, e que morreu decapitado? Ou Pedro, que  foi crucificado de cabeça para baixo, ou ainda Estevão, que morreu apedrejado, e tantos outros, que foram mortos como mártires? Como dizer que Deus não desampara o justo? -  Sim, Deus não desampara o justo! Até o último momento Deus esteve com cada um desses homens mencionados. Quem deseja saber mais sobre a história da igreja, poderá ler relatos impressionantes de pessoas na estaca, durante a inquisição, por exemplo, sendo queimadas vivas mas que  cantavam hinos a Deus. De onde vinha esse poder para ali naquele momento de aflição, e de grande suplício, cantar hinos a Deus, senão do próprio Deus? Deus os consolava num momento extremo.

Quem já viu o momento da morte de alguém que crê no Senhor Jesus sabe a certeza e a paz que tem essa pessoa. Porém, que desespero e aflição é a morte daquele que não conhece a Cristo, daquele que não tem Deus no seu coração, porque não tem certeza para onde vai. Deus nunca desamparou o justo, exceto um. Na verdade, este era o único justo, desde o ventre de sua mãe. Quando Jesus estava pregado na cruz, algo aconteceu naquele momento em plena luz do dia. Lemos em  Marcos 15:33 "E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até à hora nona." Isso se passa na hora em que a luz do sol está mais forte e de repente,caem trevas sobre toda a terra. Não se trata de  um eclipse, a luz do dia simplesmente desapareceu. A luz do mundo fora apagada, porque o Filho de Deus morria naquela cruz. Depois de três horas envolto em trevas, sofrendo horrivelmente, ele clama, Marcos 15:34 "E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lemá sabactâni? Isso, traduzido, é: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" Aquele homem, que é o Filho de Deus, estava recebendo sobre si os pecados de todos aqueles que creem nele, sendo transformado na cruz em pecado por nós. Trevas eram o mínimo que podia acontecer neste mundo.

O Salmo 22, que fora escrito mil anos antes daquele evento na cruz do Calvário, nos fala sobre o sentimento de Jesus. O que ele sentiu naquele momento. Nos evangelhos temos um retrato da cena, como se assistíssemos de fora, mas nos Salmos temos a intimidade do que se passava no coração de Cristo naquelas horas em que ele esteve imerso em trevas. No salmo 22 lemos "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas das palavras do meu bramido e não me auxilias?" Como Deus desamparou a Jesus? Com trevas, voltando a sua face dele, virando as costas para o seu Filho na cruz, que estava morrendo como vítima para expiação do pecado. Ali na cruz, Cristo era o cordeiro de Deus sendo imolado para tirar o pecado do mundo, justificando a Deus, para resolver de uma vez por todas a questão do pecado que havia entrado na Criação, ainda no jardim do Éden e hoje permeia toda a Criação de Deus. Tudo o que vemos hoje está arruinado por causa do pecado. Cada um de nós é uma evidência de que o pecado existe. Cada vez que passamos por um cemitério, um hospital, um sanatório, vemos um memorial de que o pecado realmente está vivo e atuante no planeta Terra. Cada vez que você abre o jornal ou liga a TV e vê as coisas horríveis que acontecem no mundo, aquilo tudo é uma evidência de que tudo que está na Bíblia é real, verdadeiro. Deus falou que o pecado efetivamente arruinaria a criação, e isso é um fato. Logo, Deus precisava fazer algo a respeito disto e é com o seu Filho que ele faz, quando o desampara.

Pense que este homem foi chicoteado, espancado, cuspido, açoitado, escarnecido, teve suas mãos e pés pregados naquela cruz. Se fosse você ali, o que diria? Eu certamente gritaria de dor e agonia, sofreria terrivelmente por sede e dor. Mas ele fala apenas, “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Porque, o desamparo de Deus, foi o maior sofrimento de Cristo na cruz. Imagine este ser perfeito, que por toda a eternidade jamais esteve um milímetro sequer distante de Deus, que jamais perdeu a sua comunhão com Deus, jamais pensou algo que não fosse exatamente o pensamento de seu Pai, porque ele é Deus! Sim, não há como explicar isso também. As pessoas perguntam: afinal, ele é Deus ou é homem, é o Filho ou o Pai?” Ele é Deus! Tal qual o Pai é Deus e o Espírito Santo é Deus. Esta é a Sua essência e nunca vamos entender, apesar de a Bíblia nos mostrar esta verdade em várias passagens. Isto é um mistério oculto à mente imperfeita  do homem. Nossa mente é tão limitada que a Bíblia começa com a Criação e  acaba com o fim de todas essas coisas, desse céu e dessa Terra. E tem apenas um versículo que fala dos novos céus e de uma nova Terra, apenas um! Não nos é dito mais nada sobre esse Estado Eterno porque nossa mente foi criada no tempo, não conseguimos entender a eternidade. E só iremos entender quando estivermos nela, mas agora não nos é possível compreender. Por isso, muitas coisas continuarão a ser para nós um grande mistério. Mas devemos saber, que o grande sofrimento de Cristo foi o abandono, foram as trevas.

Estive lendo a história de um explorador britânico de nome Ernest Shackleton que em 1914 navegou até a Antártica com sua equipe. O plano deles era atracar no litoral, descer juntamente com os homens, cães, trenós e toda sorte de equipamentos e atravessar todo o continente. Seriam três mil quilômetros caminhando, passando pelo Polo Sul, para terminar a jornada do outro lado. Acredito que enquanto isto o navio iria contornar o continente para esperá-los, porém, quando chegaram, o navio ficou preso no gelo. Estamos falando de 1914 quando não existia internet, nem rádio de alcance mundial, tampouco celular. Eles foram resgatados por um navio chileno que os encontrou e voltaram para a Inglaterra em 1918, se não me engano. Eles contam em seus relatos, que o pior de tudo, não foi a fome, nem o frio, mas as trevas. Tiveram que  passar mais de dois meses em total escuridão, porque o combustível que  tinham para as lanternas acabou. Eles não possuíam lanternas que funcionavam com dínamo como hoje existem ou qualquer outra bateria de longa duração. Um homem envolto em trevas perde a identidade, não sabe mais quem é. Ele não sabe para onde vai, não sabe onde pisa. A pessoa se desespera e muitas ficam loucas numa situação dessas, porque elas perdem toda a percepção das coisas e de si mesmas. Então, imagine Jesus, esse que nunca saiu da luz e que naquele momento, encontrava-se envolto em trevas, clamando por Deus que o desamparou. Ele fala, Deus meu, e esse “meu” que ele diz expressa a intimidade que ele sabe ter, mas que naquele instante, na cruz, não mais existia. Em Salmos 22:1 "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas das palavras do meu bramido e não me auxilias? Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego. Porém tu és Santo” Por que te distancias do meu clamor? Em momento algum ele tinha sossego. No versículo 2 diz que Deus não responde.

Ele podia falar que aquilo era uma injustiça. Podia reclamar que sempre fora justo, perfeito aos olhos de Deus. Mas não o faz! No versículo 3 lemos "Porém tu és Santo, o que habitas entre os louvores de Israel." O que Cristo fez na cruz foi justificar a Deus. Sabia que a única maneira de resolver o problema do pecado era se ele fosse desamparado. Por isto na sua angústia ele clama, mas na sua consciência ele justifica a Deus, “porém tu és Santo”. Não diz nenhuma palavra contra Deus. Há sim, uma pergunta, mas em nenhum momento ele questiona se aquilo era justo ou não, pelo contrário. No versículo 4 ele usa o exemplo daqueles de Israel que clamaram e escaparam, que confiaram e não foram confundidos. "Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste. A ti clamaram e escaparam; em ti confiaram e não foram confundidos." Ele lembra agora aqueles que são o povo de Deus e que no futuro Deus habitará com eles nos novos céus e na nova Terra. Ele sabe que precisava ser desamparado para que nós fôssemos amparados. Porque Deus precisava sair de cena naquele momento, para que depois pudesse surgir e habitar em perfeita comunhão com o seu filho e com os homens. Ele já esteve aqui na pessoa do Filho, que tem o nome nos evangelhos, de Emanuel, que significa Deus conosco. Mas um dia no futuro, Deus habitará entre os homens, colocará o seu tabernáculo no meio deles e isso só acontecerá porque Cristo suportou na cruz o juízo de Deus.

No versículo 4 do Salmo 22, ele alega que os homens não receberam o mesmo tratamento que ele está recebendo na cruz. E questiona porque foi desamparado. Ele próprio responde a essa pergunta, nos versículos 6 e 7. São basicamente sete coisas que ele descreve como sendo até onde  Deus o levou, para que ele fosse oferecido como sacrifício por nossos pecados. Versículo 6: "Mas eu sou verme." Pense num verme. Quando você encontra um alimento estragado ou vê um corpo em decomposição, eles estão cheios de vermes. É algo asqueroso, sujo, desprezível e pelo qual temos aversão. Deus teve aversão a Jesus na cruz, era como se olhasse para um verme, para algo asqueroso, desprezível, e sujo. Porque ali ele estava sendo feito pecado por nós e Deus não pode ter qualquer comunhão com o pecado. Certa vez minha mãe perguntou a um irmão como saber se uma pessoa é realmente convertida a Cristo. Lembro-me que ela me contou depois de ouvir desse irmão, que uma pessoa convertida a Cristo tem aversão e verdadeiro horror ao pecado. Porque agora ela tem o Espírito Santo de Deus habitando nela e o pecado é algo que não se encaixa mais. A diferença entre um salvo por Cristo e um perdido é como uma ovelha e um porco. Os dois podem até escorregar e cair, mas a ovelha cai na lama e se sente suja, se debate e quando consegue sair dali, rola na grama para limpar a sua sujeira, porque sente-se mal. Já o porco está onde quer. Se refestela, fuça e rola  na lama porque gosta dali. Essa é a diferença entre o salvo e o perdido.

Então, imagine o próprio Deus olhando para Cristo e vendo um verme na cruz. Jesus diz “Eu sou verme”. Outra coisa que ele diz também, sou verme e não homem. Esse homem, no caso, é um termo pejorativo. Por exemplo, todos temos o hábito de dizer a alguém: você não é homem para fazer uma coisa dessas! Comentaristas em jornais ou TV, costumam dizer que o ato praticado por um criminoso não é humano, por exemplo. Consideramos que o homem tem certos padrões de moral, justiça e bondade. Julgamos atos maus, como uma ação não humanitária, porque  ação humanitária significa agir bem, cuidar e ajudar pessoas. Jesus fala portanto, que não é homem, não é humano aos olhos de Deus, se considera pior que isso. A terceira coisa que ele menciona,  “opróbrio dos homens”, os próprios seres humanos o consideram inferior  na cruz. Verme desprezível, inferior a todos. Sabemos que quem era pendurado no madeiro era tido como maldito, porque a própria Bíblia fala “maldito aquele que é pendurado no madeiro”.

Uma das mortes mais injuriosas que podia existir era a crucificação, porque a pessoa era pregada e largada para morrer de fraqueza e sofrimento. Não era uma morte misericordiosa como quando se dá um tiro de misericórdia no condenado, ou quando um é decapitado, era uma morte por abandono. Assim como Deus o abandonou na cruz, os homens também o fizeram, quando escolheram aquela forma de morte. A pessoa ficava pregada até morrer de exaustão, com os braços abertos até o momento em que não tem mais forças para abrir e fechar o diafragma e não consegue respirar. A morte na cruz se dá por asfixia causada por seu próprio pulmão que não consegue mais funcionar. Esta foi a morte intencionada pelos homens. Sabemos, porém, que Cristo não morreu assim, ele entregou sua vida, pois tinha o poder que nenhum homem possui. Ele fala “recebi do meu Pai o poder de dar a vida”. Nenhum homem tem esse poder. Eu não posso aplicar a morte a mim mesmo, a não ser usando um fator externo, logo não posso falar que vou morrer quando quero, pois não consigo. Mas Cristo pode, ele morreu entregando a sua vida por nós.

"Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo." O povo desprezou na cruz o Messias, o rei prometido a Israel que todos os profetas do AT falaram que viria, que iria devolver a vida, a visão às pessoas, que iria alimentar multidões, curar os doentes, era ele quem estava ali, e o próprio povo sobre o qual ele tinha vindo para reinar, o desprezou. Continua no versículo 7 "Todos os que me vêem zombam de mim," Ele faz o papel de ridículo. Nenhum de nós gosta de ser ridicularizado. Imagine-se indo a uma festa e as pessoas riem da sua roupa ou falam baixo nos cantos, viram a boca para falar mal de você. Esta é uma situação de desprezo e assim estava sendo ele, desprezado pelos homens. "Todos os que me vêem zombam de mim, estendem os lábios" ou seja, o xingam. O povo está proferindo o pior que podia, desonrando a Cristo com palavras e "meneiam a cabeça" Se o seu filho faz algo errado, você balança a cabeça de um lado para o outro, dá um suspiro e diz algo como: que coisa feia você fez! Assim eles fizeram com Cristo na cruz. Diziam "Confiou no SENHOR, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer." Jesus não é levado a sério, é considerado um impostor: “não é este que disse que confiava em Deus, não é este que dizia ter uma ligação direta com o Pai, não é este que dizia ser o Cristo, o Messias que estava aqui? Um impostor na cruz!” Tudo isto Cristo passou, mas ele entendia que os homens estavam sendo instrumentos de Deus no seu castigo, no seu juízo, e ele sabia porque estava ali. Claro que os homens seriam responsáveis pelo que fizeram, porém ele estava ali porque Deus havia preordenado isto antes mesmo da existência do tempo. O Cordeiro de Deus que iria morrer e tirar os nossos pecados já tinha sido separado na eternidade para isto.

O versículo 9 mostra quem ele era efetivamente "Mas tu és o que me tiraste do ventre; o que me preservaste estando ainda aos seios de minha mãe." A segunda parte deste versículo em outras traduções, na de Darby e também na NIV diz “desde o ventre tu és o meu Deus”. O que significa isto? Um feto reconhecendo Deus? Isso só podia vir de alguém sem pecado, e Jesus era sem pecado. Foi concebido de forma miraculosa sem o contato do homem, concebido pelo Espírito Santo no ventre de Maria. Este ser santo é anunciado pelo anjo nos evangelhos e será chamado Filho de Deus. E Deus era o Deus de Jesus, desde o ventre. Nós nascemos, nem sabemos de onde viemos. Crescemos e alguém um dia nos fala que Deus existe e quando chegamos a uma idade que temos capacidade de raciocinar, pensamos que realmente, tudo isto que existe não veio do nada, deve ter um Deus que criou todas as coisas. Vamos conhecendo mais e mais dessa verdade, até o dia em que nos convertemos e O consideramos nosso  Deus,  nosso Pai. Mas Jesus diz, “desde o ventre tu és o meu Deus”. Esse homem é único em toda a face da Terra, Deus e homem. O versículo 10 diz "Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe." Uma criança lançada sobre Deus desde a madre, desde os seus primórdios. Total dependência de Deus. Se alguém coloca um bebê no meu colo este fica sob total dependência minha em tudo. Cristo, apesar de ser Deus na sua condição de homem, neste mundo foi totalmente dependente de Deus em todas as coisas. Versículo 11 "Não te alongues (não te afastes) de mim," Ele fala isto nos versículos 1, 11 e também no 19, três vezes suplica a Deus para não se afastar dele. E encerra o versículo 11 com uma frase de desalento, "não há quem ajude."

Na cruz diz-se que ele poderia invocar legiões de anjos para descerem e tirá-lo dali e poderia mesmo fazê-lo. Os homens zombam dele e falam desça da cruz se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Antes, no seu julgamento, ele fala que poderia invocar os anjos para o libertarem. Ele fala para Pilatos: “nenhum poder terias contra mim, se do alto não te fosse dado”. O próprio poder que Pilatos tinha para entregar Cristo à morte vinha de Deus. Tudo já era planejado e decidido para que ele sofresse. E não há quem ajude, não havia anjos, não havia homens, não havia ninguém. Nem Maria sua mãe, que ficou a alguns passos da cruz podia ajudá-lo, e o que era ainda pior, nem mesmo Deus. Versículo 12 "Muitos touros me cercaram; fortes touros de Basã me rodearam." Aqui ele está falando do ódio que os judeus tinham. O touro era um animal limpo no judaísmo e era usado para os sacrifícios. Os judeus tinham total aversão a ele ali na cruz e no versículo 13 "Abriram contra mim suas bocas, como um leão que despedaça e que ruge." Ele sabe quem está por trás desses judeus que o entregaram à morte. No Éden Deus havia falado disto a Satanás quando Deus prometeu que a serpente morderia o calcanhar do descendente da mulher mas que esse descendente pisaria a cabeça da serpente. Por trás desses touros que o atacam, que o afligem, está um leão que ruge. Em outra passagem a Bíblia fala que Satanás é como um leão que ruge ao nosso redor querendo tragar alguém. Versículo 14 "Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera e derreteu-se dentro de mim. A minha força se secou como um caco, e a língua se me pega ao paladar; e me puseste no pó da morte." Ele sabe que apesar de todos aqueles homens infligindo sofrimento a ele, Deus o colocou ali, “Tu me puseste no pó da morte”. Não foram os homens, estes foram responsáveis, foram instrumentos, mas Deus o colocou naquela situação, Deus o abandonou ali.

No versículo 12 ele havia falado dos judeus e agora, no versículo 16, ele fala dos gentios porque ele estava cercado por judeus, um povo escolhido por Deus, e por gentios - todos aqueles que não eram judeus, ou seja, os romanos que estavam ali. "Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou; traspassaram-me as mãos e os pés." Os gentios são chamados de cães, o cão era um animal impuro dentro da religião judaica e na Bíblia. Foram os gentios quem efetivamente perfuraram as suas mãos, os seus pés e depois o seu lado. Como fazem os cães quando mordem e perfuram a carne, esse foi o papel do gentio na cruz. "Poderia contar todos os meus ossos;" Isto é profético por que nenhum osso dele foi quebrado. "Repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre a minha túnica." Eles despiram a Cristo de suas roupas e não tiveram nenhum escrúpulo em fazer um sorteio aos pés da cruz. Esse é o homem, inimigo de Deus até a sua medula. Aquele crucificado inocente, que só tinha feito bem, que havia curado e alimentado multidões, que nenhum mal fez a ninguém e debaixo dele, aos pés da cruz, os soldados sorteando pra ver quem ficaria com as suas roupas. Não tinham qualquer peso na consciência por fazerem isto.

Ele estava sendo atacado pelos homens e Deus não o ajuda. Versículo 19 "Mas tu, SENHOR, não te alongues de mim; força minha, apressa-te em socorrer-me." E no versículo 20 ele pede três livramentos "Livra a minha alma da espada e a minha predileta, da força do cão.  Salva-me da boca do leão; sim, ouve-me desde as pontas dos unicórnios." A espada nos fala de juízo. Romanos 13 fala que a autoridade não tem razão sem espada, porque autoridade é juíz. Hoje uma autoridade anda com arma na cinta e o juíz tem poder de prender e de condenar. A espada é símbolo de autoridade em qualquer sociedade. Livra minha alma do juízo. A minha predileta, da força do cão. O cão é o homem. Livra-me do juízo, livra-me dos homens, salva-me de Satanás. Três vezes Jesus pede por libertação. Deus o escuta? Em Zacarias 13:7 lemos "Ó espada, ergue-te contra o meu Pastor e contra o varão que é o meu companheiro, diz o SENHOR dos Exércitos;" Ele foi ouvido. "Sim, ouve-me desde as pontas dos unicórnios." Esta é uma expressão de difícil tradução porque na verdade nos fala do poder de Deus. Cristo foi ouvido por Deus na cruz. Cessaram as trevas, ele foi ouvido. O seu clamor não é mais “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. Ele pediu por livramento porque tinha sido desamparado por Deus, pelos judeus, pelos gentios e ainda atacado por Satanás. Ele estava sendo atacado por todos os lados. Agora ele diz: “Pai, nas tuas mãos eu entrego o meu espírito”, Lucas 23. Agora ele O chama de Pai; e diz “nas tuas mãos entrego o meu espírito” porque a obra estava consumada. Ele terminou aquilo que veio fazer, ele sofreu a medida de sofrimento necessária para salvar o pecador e glorificar a Deus, e depois ressuscitou.

A ressurreição é a prova de que Deus aceitou a sua morte e não somente isto, depois de ressurreto Jesus fala a Maria que o encontra à beira do sepulcro vazio: “vai e avisa a meus irmãos”. Ele chama seus discípulos de irmãos. Cristo agora podia ter uma família neste mundo, porque havia cumprido a obra da redenção. Uma coisa muito importante que a ressurreição nos mostra, é que Deus o ressuscitou da morte porque aprovou o seu sacrifício. Logo, isto nos fala que não é o que nós pensamos de Cristo que nos dá segurança da salvação, mas o que Deus pensa dele. Deus ficou satisfeito com ele e seu sacrifício, e todo aquele que crê pode se sentir eternamente seguro, porque Deus selou aquele sacrifício com a ressurreição.

No versículo 22 "declararei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação." Ele está  abençoando os homens começando pelos judeus e pelos salvos e depois, vai ampliar isto para mais pessoas, a esfera de bênção é ampliada nos versículos 25 ao 31. Aquilo que começou com alguns poucos discípulos, no livro de Atos, depois da ressurreição de Cristo, foi como pólvora se expandindo pelo mundo, e que continuará  se expandindo até que entremos na eternidade habitando com Deus para sempre. É curioso mencionar “para sempre” porque na eternidade não existe tempo, já que este será encerrado.

Quando Cristo faz a pergunta: “Deus meu, porque me desaparaste?” eu sei a resposta para mim. Foi para eu ser salvo. E você, o que diria? Você tem a sua resposta? Pode dizer que Cristo foi desamparado para Deus amparar você? Você já está amparado por Deus pela fé em Jesus? Já tem os seus pecados perdoados?

Como fazer isto? Crendo que ele morreu na cruz por seus pecados. E para terminar, gostaria de ler um versículo em Lamentações 1:12 "Não vos comove isso, a todos vós que passais pelo caminho? Atendei e vede se há dor como a minha dor, que veio sobre mim, com que me entristeceu o SENHOR, no dia do furor da sua ira. Desde o alto enviou fogo a meus ossos, o qual se assenhoreou deles; estendeu uma rede aos meus pés, fez-me voltar para trás, fez-me assolado e enfermo todo o dia." Não vos comove isto? Eu pergunto a você agora. O sacrifício de Cristo não comove você? Pensar que ele passou tudo isto que lemos aqui, por você e por mim. Creia em Jesus Cristo como seu Salvador. Todo aquele que crê nele tem a vida eterna, ele ficou em trevas para que você pudesse viver em luz eternamente. Ele recebeu sobre si os nossos pecados para que você não tenha pecado algum na hora de entrar na presença de Deus. Todos ficaram lá atrás, na cruz sobre ele. Não vos comove isto?